quarta-feira, agosto 16, 2006

Revista Época faz plágio sem medo de ser feliz

Toda época tem a sua Marilena Chaui, hehe. Lá na pré-história dos anos 1980, quando éramos quase todos bons e democratas, a moça andou fazendo um “corta-cola” nos textos de Claude Lefort no livro Cultura e Democracia. O saudoso José Guilherme Merquior, que via tudo com mais aguda vista que os outros homens (isso é plágio de Padre Vieira...), percebeu a coisa e denunciou. Ganhou em troca um abaixo-assinado dos que se solidarizaram com Chaui, é claro. Coisas da academia. A imprensa também faz das suas. Muitas vezes, vendem-se como inovação e ousaria editorial o que não passa de uma chauizada: cópia. Foi o que fez a revista Época na edição nº 427, de 24 de julho. O seu Lefort da hora foi a revista New York. A publicação brasileira fez uma reportagem de capa sobre etiqueta urbana. Pauta, diagramação, vinhetas...Tudo mesmo é uma cópia. Monteiro Lobato sacaneava o gosto arquitetônico da elite brasileira da primeira metade do século passado dizendo que “nem o trinco da porta era nacional”. Se a matéria da Época tivesse trinco, poderíamos dizer o mesmo. O chato é que num editorial intitulado “Inovação por toda parte”, o diretor de redação escreve: “A palavra inovação reflete um dos valores centrais do jornalismo que procuramos praticar em Época. Queremos retratar a inovação, queremos mostrar gente inovadora, queremos ser inovadores. A inovação é nossa meta, nossa essência, nosso norte. A inovação é nossa alma”. Sai Padre Vieira, entra Chacrinha: para certos inovadores, nada se cria, tudo se copia. A editora que publica a New York já entrou em contato com o departamento jurídico da Editora Globo pedindo explicações sobre o plágio (clique sobre a imagem; veja numa janela as páginas ampliadas das duas revistas). Sabem o melhor do blog? Esta é mais uma pauta de um leitor.

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