terça-feira, outubro 31, 2006

Fascistas

Mussolini e Hitler: os dois foram conduzidos ao poder "pelas massas", com "a culpa do povo". O rolha de poço começou sua carreira ligado, de fato, a um partido que "socialista". O pintor de paredes era o teórico do "nacional-socialismo". No poder, o primeiro alvo foi a imprensa. Inclusive com a ajuda do jornalismo vagabundo.
- O fascismo começa cassando o humor;
- O fascismo começa cassando a crítica;
- O fascismo começa cassando a individualidade;
- O fascismo começa cassando a inteligência;
- O fascismo começa cassando a imprensa livre;
- O fascismo começa em nome das maiorias;
- O fascismo termina pendurado de cabeça para baixo, surrado.
É questão de tempo. E de haver quem resista.
Vocês saberão mais.
Durante a ditadura fascistóide do Estado Novo, comandada por Getúlio Vargas, qualquer crítica livre era acusada de "falta de amor à pátria". Ele também não queria que a oposição atrapalhasse o Brasil.

Entendendo um pouco mais sobre o capitalismo

CAPITALISMO IDEAL: Você tem duas vacas. Vende uma e compra um touro. Eles se multiplicam, e a economia cresce. Você vende o rebanho e aposenta-se, rico!
CAPITALISMO AMERICANO (OLD ECONOMY): Você tem duas vacas. Vende uma e força a outra a produzir leite de quatro vacas. Fica surpreso quando ela morre.
CAPITALISMO AMERICANO (NEW ECONOMY): Você tem duas vacas. Vende três para a sua companhia de capital aberto usando garantias de crédito emitidas por seu cunhado. Depois faz uma troca de dívidas por ações por meio de uma oferta geral associada, de forma que você consegue todas as quatro vacas de volta, com isenção fiscal para cinco vacas. Os direitos do leite das seis vacas são transferidos para uma companhia das Ilhas Cayman, da qual o sócio majoritário é secretamente o dono. Ele vende os direitos das sete vacas novamente para a sua companhia. O relatório anual diz que a companhia possui oito vacas, com uma opção para mais uma. Você vende uma vaca para comprar um novo presidente dos Estados Unidos e fica com nove vacas. Ninguém fornece balanço das operações e o público compra o seu esterco.
CAPITALISMO FRANCÊS: Você tem duas vacas. Entra em greve porque quer três.
CAPITALISMO CANADENSE: Você tem duas vacas. Usa o modelo do capitalismo americano. As vacas morrem. Você acusa o protecionismo brasileiro e adota medidas protecionistas para ter as três vacas do capitalismo francês.
CAPITALISMO JAPONÊS: Você tem duas vacas. Redesenha-as para que tenham um décimo do tamanho de uma vaca normal e produzam 20 vezes mais leite.
Depois cria desenhinhos de vacas chamados Vaquimon e os vende para o mundo inteiro.
CAPITALISMO ITALIANO: Você tem duas vacas. Uma delas é sua mãe, a outra é sua sogra. Maledetto!!!
CAPITALISMO BRITÂNICO: Você tem duas vacas. As duas são loucas.
CAPITALISMO HOLANDÊS
: Você tem duas vacas. Elas vivem juntas, não
gostam de touros e tudo bem.
CAPITALISMO ALEMÃO: Você tem duas vacas. Elas produzem leite regularmente, segundo padrões de quantidade e horário previamente estabelecido, de forma precisa e lucrativa. Mas o que você queria mesmo era criar porcos.
CAPITALISMO RUSSO: Você tem duas vacas. Conta-as e vê que tem cinco. Conta de novo e vê que tem 42. Conta de novo e vê que tem 12 vacas. Você para de contar e abre outra garrafa de vodca.
CAPITALISMO SUIÇO: Você tem 500 vacas, mas nenhuma é sua. Você cobra para guardar a vaca dos outros.
CAPITALISMO ESPANHOL: Você tem muito orgulho de ter duas vacas.
CAPITALISMO PORTUGUÊS: Você tem duas vacas. E reclama porque seu rebanho não cresce...
CAPITALISMO CHINÊS: Você tem duas vacas e 300 pessoas tirando leite delas. Você se gaba de ter pleno emprego e alta produtividade. E prende o ativista que divulgou os números.
CAPITALISMO HINDU: Você tem duas vacas. Ai de quem tocar nelas!
CAPITALISMO ARGENTINO: Você tem duas vacas. Você se esforça para ensinar as vacas mugirem em inglês. As vacas morrem. Você entrega a carne delas para o churrasco de fim de ano do FMI.
CAPITALISMO BRASILEIRO: Você tem duas vacas. Uma delas é roubada. O governo cria a CCPV - Contribuição Compulsória pela Posse de Vaca. Um fiscal vem e te autua, porque embora você tenha recolhido corretamente a CCPV, o valor era pelo número de vacas presumidas e não pelo de vacas reais. A Receita Federal, por meio de dados também presumidos do seu consumo de leite, queijo, sapatos de couro, botões, presumia que você tivesse 200 vacas e para se livrar da encrenca, você dá a vaca restante para o fiscal deixar por isso mesmo...

OS GAÚCHOS ESTÃO QUERENDO OUVIR!

ENFIM UM LIBERAL!
A lacuna deixada por Roberto Campos na política brasileira começa, felizmente, a ser preenchida. Paulo Feijó, liberal convicto e declarado, é o primeiro a se atrever e que chega à política como cristão novo. E na sua primeira investida já consegue se eleger como vice-governador do RS, na chapa de Yeda Crusius (foto). Bom começo, diga-se de passagem. Parabéns, Feijó.
POSTURA COERENTE
Por ter presidido entidades supermercadistas, tanto local quanto nacional, e mais recentemente a Federasul, boa parte da sociedade gaúcha já conhecia a postura coerente do hoje vice-governador, Paulo A. Feijó, sobre a necessidade de enfrentar a venda de estatais. A falida situação do RS e a falta absoluta de prestação de serviços adequados pelo Estado, nada mais lógico do que pregar um forte enxugamento do governo. Isto é honesto e exemplar.
FEDERALIZAÇÃO
Paulo Feijó já sabia que a campanha de Yeda enfrentaria dificuldades pela forma com que seus opositores explorariam o tema, embora não tenha falado em privatizar o Banrisul. Afirmou ser favorável à federalização do banco estatal para, assim, diminuir o comprometimento da dívida pública com a União, que é hoje superior a 18% da RCL - Receita Corrente Líquida (algo como R$ 120 MM mensais. A entrega da instituição ao governo federal era uma alternativa possível, como muitos outros estados fizeram.
PROES
Para quem não lembra, na década de 1990, quando foram aportados os recursos do PROES, para sanear e salvar o Banrisul, que à época estava totalmente insolvente, o governo do RS tinha duas opções: 1- passar o controle acionário do banco estatal para a União e com isto comprometer 13% da RCL, como os demais estados fizeram; ou, 2- ficar com o controle do Banrisul comprometendo aí 18% da RCL.
OPÇÃO ADOTADA PELO RS
A opção adotada pelo governo gaúcho, como é sabido, foi a segunda. E ela só se justifica desde que a instituição lucre tanto ou mais do que o desembolso adicional dos 5 pontos percentuais (18% menos 13%). Feijó tentou explicar isto, mas contou sempre com a má vontade de alguns setores da imprensa mais inclinados a apoiar Olívio nas eleições.
LULA NÃO PRIVATIZA
A sociedade gaúcha vive pregando a necessidade de renegociar a sua dívida do Estado, no valor de RS 32 bilhões, com a União. Caso isto venha a ocorrer (coisa nada provável porque envolve a concordância de todos os Estados), alguns ativos precisariam entrar na negociação. Admitamos o seguinte: caso o Banrisul fosse parar nas mãos do governo federal, para quem adora empresas públicas não há do que se queixar.
Afinal, o presidente é o Lula, do PT, não? E ele, com toda a certeza, jamais privatizaria o Banrisul, não é mesmo? Afinal, o que ele já fez com o Banco do Estado do Maranhão e com o Banco do Estado do Ceará jamais poderia acontecer com o Banrisul. Ou pode? Nunca. Argumentos não faltam, pois o BB é estatal e nunca precisou ser gaúcho para ter agências no RS. Paulo Feijó está cheio de razão. Parabéns!

segunda-feira, outubro 30, 2006

ELEIÇÃO: QUEM GANHOU E QUEM PERDEU !

1. Como se deve medir o resultado da eleição de 2006? Em primeiro lugar estabelecendo um ponto base de referência. Quando um candidato favorito perde uma eleição, a tendência é transformar esta, em derrota geral do partido. Isso é ilusão de ótica. A análise certa deve ser comparar com quem detinha o poder antes. Um governador eventual, que assume como vice, e é candidato - como o caso da Abadia em Brasília e do Mendonça em Pernambuco, não são perdas atribuíveis ao PSDB e ao PFL, mas ao PMDB que detinha os governos estaduais de fato.
2. Desta forma a base de comparação deve ser entre fevereiro de 2006 e fevereiro de 2007. Vamos lá.
3. Câmara de Deputados! O PFL passou de 64 deputados federais a 65. O PT passou de 81 a 83. São situações de estabilidade em suas representações. O PSDB viu crescer sua bancada de 58 para 66, e ficou no terceiro plano ao nível do PFL. Seu crescimento não alterou sua expressão política na Câmara. O PMDB passou de 79 para 89 deputados federais, tornando-se a maior bancada e sinalizando sua pretensão à presidência da Casa. O PMDB, que tende a coligar-se organicamente no governo Lula, mostrou que a plasticidade de seus deputados deu resultado.
4. Senado Federal! O PMDB perdeu cinco senadores. Passou de 20 a 15. Foi o perdedor na eleição para o senado. O PSDB e o PT se mantiveram basicamente estáveis. O PSDB passou de 16 a 15 e o PT de 12 a 11 senadores. O vencedor foi o PFL, que além de passar de 16 para 18 senadores, passou a ter a primeira maioria no Senado.
5. Governador! Os números para governador - em si- explicam pouco. O importante é analisá-los por dentro. O PFL perdeu um governador, passando de 2, (Bahia e Sergipe), para um, Brasília. Se a seção da Bahia não fosse a mais importante do PFL, não seria uma perda substantiva. O é pelo significado da Bahia. O PMDB passa de 9 a 7 governadores. A perda é muito mais qualitativa que quantitativa, pois perde três Estados estratégicos como o Rio Grande do Sul, Brasília e Pernambuco. O PT avança de 3 a 5. Este aumento seria secundário, não fosse a importante vitória obtida num Estado estratégico como a Bahia. O PSDB passa de 7 a 6 governadores. No entanto obtém uma grande vitória por ter ganho o governo do Rio Grande do Sul, um - se não o mais - dos estados mais orgânicos politicamente.
6. Em resumo, o PMDB viu coroar na Câmara sua plasticidade, e se tornou parceiro de outro nível para o governo Lula. O PFL - pela habilidade de sua direção nacional, se tornou majoritário no senado. E o PSDB e o PT afirmaram seus avanços na Federação.
7. Clique aqui e veja a tabela resumida.

sábado, outubro 28, 2006

Paul Éluard

Nos meus cadernos de escola,
Na minha carteira, nas árvores,
Sobre a areia e sobre a neve,
Escrevo teu nome.

Em todas as páginas lidas,
Em todas as páginas brancas,
Pedra, sangue, papel ou cinza,
Escrevo teu nome.


Nas selvas e no deserto,
Nos ninhos e nas giestas,
No eco de minha infância,
Escrevo teu nome.

Nas maravilhas da noite,
No alvo pão de cada dia,
Nas núpcias das estações,
Escrevo teu nome.

Nos campos e no horizonte,
E sobre as asas dos pássaros,
E no moinho das sombras,
Escrevo teu nome.

Em cada raio da aurora,
Sobre o mar e sobre os barcos,
Na montanha enloquecida,
Escrevo teu nome.

Na saúde que voltou,
No perigo que partiu
Na esperança sem lembranças,
Escrevo teu nome.

E pelo poder da palavra
Recomeço minha vida
Nasci para conhecer-te,
Para dizer teu nome:

LIBERDADE.

Paul Éluard era poeta, francês, tuberculoso, libertário e batalhador contra a tirania nazista em seu país.
O poema "Liberté" de Paul Éluard foi popularizado na França durante a II guerra, quando aviões aliados jorravam cópias do poema sobre as cidades invadidas

OS ALCKMÍSTAS ESTÃO CHEGANDO...


Simplesmente fantástico!
O resumo do sentimento Cívico que tomou conta do País!
A memória deste movimento inédito e histórico estará no livro da vida das pessoas que puseram de lado seus próprios interesses e passaram a pensar no interesse nacional acima de qualquer coisa.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Vejam como Tony Belloto (Titãs) justifica seu voto em Alckmin

"Uau! Minha declaração de voto gerou uma polêmica danada. Não imaginei que fosse me deparar com uma tropa de debatedores aguerridos. Já que este é um jornal de debates, prossigamos então:
Admito que posso ser visto, como muitos disseram aqui, como um escritor de "pseudoromances", um autor de "musiquinhas" e membro de uma "bandinha" que aliena politicamente a "juventude" brasileira. Ok, ok. Posso ser um "Rui Barbosa chato" e tenho, realmente, uma esposa linda. Mas é injusto dizer que vivo num "condomínio fechado", pois não vivo, e que não conheço a "realidade das ruas". Os Titãs são das bandas mais estradeiras do Brasil, e viajamos o tempo todo fazendo shows por aí há vinte e cinco anos. Conhecemos a realidade brasileira de perto, do Oiapoque ao Chuí. Quem ouve nossas músicas sabe que temos uma postura crítica em relação aos problemas brasileiros.
Disseram que sou de direita, e eu não sou, minha obra comprova isso, mas a tomar como exemplo o que líderes da esquerda latino-americana (Chavez, Fidel, Evo) têm feito, tampouco me convenço de que ofereçam soluções eficazes para os graves problemas da América Latina.
Se revelei publicamente meu voto, foi porque descreio do voto nulo e professo a escolha entre um dos dois candidatos, pois um deles será eleito.
Assumo que não sou cientista político nem militante partidário, mas não sou desinformado. Leio os jornais todo os dias e ando pelas ruas como qualquer um. Entendo que para cada CPI enterrada por um tucano, há outra tentando ser enterrada por um petista. Para cada privatização, há em contrapartida a engorda de uma estatal. Para cada foto de Alckmin com Garotinho, há uma de Lula com Jader Barbalho. Enquanto isso crianças continuam pedindo esmola nas ruas, banqueiros continuam faturando adoidado e o Brasil continua batendo recordes negativos de desigualdade social, criminalidade e subdesenvolvimento.
Até nos programas de governo dos dois partidos há coincidência e afinidade. Se Lula segue a política econômica de FHC, um eventual governo tucano certamente prosseguirá com o Bolsa Família. Portanto não se discute aqui uma diferença fundamental de caminhos para o país. O Brasil – infelizmente -não será tão diferente nos próximos anos, seja governado pelo PSDB ou pelo PT.
O ponto que defendo é que Lula carrega, desde sempre, um valor simbólico muito forte. Lula é o símbolo do homem do povo que por mérito próprio superou dificuldades e tornou-se presidente da nação. É uma história bonita e ele é merecedor de sua glória. Mas é justamente essa imagem que, na minha opinião, foi arranhada pelos escândalos de corrupção em seu governo. E, vejam bem, não me refiro aqui a suspeitas de envolvimento desse ou daquele. Sei que a política não é praticada por vestais e querubins e que de vez em quando um problema ou outro pode acontecer.
Me refiro a fatos inegáveis, sistemáticos e comprovados: a propina do Valdomiro Diniz, valerioduto, mensalão, as tergiversações do Delúbio, os balbucios de Silvio Pereira e seu Land Rover, a dissimulação do Valério, os dólares na cueca, a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro a mando de Palocci, as quedas de Dirceu, Genoíno, Gushiken, Berzoini e do próprio Palocci, o escândalo do dossiê, as pilhas de dinheiro, as imagens do assessor do Mercadante carregando a mala com dinheiro suspeito, o pedido do MP à PF de indiciamento de Humberto Costa por envolvimento com a máfia dos sanguessugas, a afirmação do procurador geral da República de que uma "organização criminosa" forjara-se no seio do governo etc.
Essas irregularidades, sempre operadas por gente tão próxima ao presidente, levam à desconfiança de um procedimento perigoso por parte do governo e dos partidos que o apóiam. A teoria de que "os fins justificam os meios" é praticada com uma recorrência inaceitável.
Na minha opinião, o que se ameaça aqui é a própria democracia. Ou não?
Saudações aos que concordam e aos que discordam, sem conflito não se faz uma boa história.
Com vocês, a palavra.

Tony Bellotto."

O recado está dado pela nova-"Elite"

Por falar em privatização!

O presidente Lula sancionou no dia 02 de março de 2006 a Lei de Gestão de Florestas Públicas, que nada mais é do que a privatização da Amazônia. Ele cede 47% (235 milhões de hectares) de todas as terras da Amazônia para exploração de empresas estrangeiras por 40 anos, renováveis por mais 40.
O gestor privado não terá sequer despesa com a compra da terra, passando a administrar somente o rendimento da exploração da terra.
E quem sabe o que vai acontecer daqui a dez, vinte, trinta, quarenta, oitenta anos? A legislação é alterada, e se entrega a terra vazia. A terra vazia é o que pode ser simplesmente entregue para as futuras gerações.
Aqui, a prova de que na Inglaterra (UK) já começou a corrida pela Amazônia!
Trata-se do maior ato de entreguismo da História do país!!!

quinta-feira, outubro 26, 2006

ELITES

por Denis Rosenfield, filósofo

O discurso lulista contra as elites só tem se intensificado nessas últimas semanas de campanha. Ele denota uma prática ao mesmo tempo populista e de esquerda, com o intuito de aumentar a clivagem social.

Nesta tradição, surge a figura das elites como uma espécie de bode expiatório encarregado de unificar os que se opõem aos que estão proferindo um tal tipo de discurso. Acentuando as clivagens sociais, o líder populista se coloca ao lado dos “pobres” para aumentar a sua capacidade de barganha junto às próprias elites com a quais convive e, também, das quais faz parte. Lula, ao mesmo tempo em que não cessa suas diatribes contra as elites, sobe com elas no mesmo palanque e propicia, com sua política macroeconômica, enormes lucros, por exemplo, para o setor bancário.

Um caso particularmente eloqüente se encontra no apoio que dá e recebe de oligarquias regionais. Um dos maiores sustentáculos do governo Lula é o ex-presidente José Sarney, que controla com sua família todo o estado do Maranhão. Esse estado ostenta um dos piores índices de pobreza do país. Seu recente comício com a governadora Roseana Sarney foi mais uma amostra do pouco apego que tem para com as palavras, pois fala contra as elites compartilhando o poder com elas, que mantêm esse estado da federação num tal nível de pobreza. A sua fala é autocontraditória no ato mesmo em que é proferida, sendo mais um exemplo do seu pouco comprometimento com a verdade. Aliás, diga-se de passagem que o PT regional é, pelo menos, coerente, porque se coloca contra essa elite regional, apoiando a candidatura oposicionista de Jackson Lago, do PDT. Para ser totalmente coerente, deveria ser contra o seu próprio candidato presidencial.

Esse mesmo esquema tem se reproduzido em outros estados nordestinos, como o Pará e o Ceará, onde as oligarquias regionais se tornaram petistas de carterinha. O caso de Jader Barbalho é também significativo, pois trata-se de um político envolvido num número expressivo de processos criminais. No passado, era uma figura execrada pelo PT e, hoje, é um alegre companheiro de viagem. Bastaria uma mera checagem entre o que Lula e os petistas diziam dele no passado e o que dizem agora para que melhor se possa ver o abismo entre o discurso e a prática. Não muito diferente, embora aparentemente mais moderna, é a aliança com os Gomes, Ciro e Cid, que na melhor tradição nordestina se colocam como novos oligarcas, comportando-se enquanto tais. Temos, então, uma situação em que Lula vocifera contra as “elites” compartilhando o poder com elas e enganando o povo nordestino.

No mesmo diapasão, coloca-se o seu discurso contra a exploração do Nordeste pelo Sul e pelo Sudeste, concretizado em suas posições contra o estado de São Paulo. Independentemente de Lula ter feito toda a sua carreira neste estado, que lhe permitiu ser o que é hoje, salta aos olhos que os opressores dos pobres nordestinos são as próprias elites nordestinas, que apóiam Lula, usufruindo conjuntamente do poder. O presidente procura criar um bode expiatório paulista para encobrir a sua afinidade com as elites nordestinas, das mais conservadoras do país.

Lula, ele mesmo, faz parte de uma elite sindical, cuja carreira foi sendo progressivamente feita com recursos públicos, via imposto sindical. De trabalhadores, têm apenas a marca de origem, como para ostentar o título de operários, quando são, na verdade, homens do aparelho, homens que tudo devem aos aparelhos sindical e partidário. Com o presidente, subiram para os mais altos postos da República inúmeros sindicalistas, que foram premiados com cargos altamente remunerados em empresas estatais e em funções no aparelho estatal. Não sem razão o governo Lula foi denominado de República sindical.

A confusão entre o privado, o partidário e o público foi de tal ordem que uma parte dessa elite tornou-se conhecida por seus costumes criminosos. Boa parte dos envolvidos nos escândalos do governo Lula, alguns tipificados pelo Procurador da República como membros de uma “sofisticada organização criminosa”, tem, como elementos, sindicalistas. Para não falar senão no mais recente, o do Dossiê Cuiabá, os protagonistas principais são sindicalistas que subiram ao poder junto com Lula e o PT. Mais especificamente, são pessoas muito próximas ao presidente, cujo símbolo é o seu churrasqueiro que é, também, diretor do Banco do Estado de Santa Catarina. Falar contra as elites é até um ato de mau gosto, por envolver diretamente pessoas próximas ao próprio presidente da República.

GUSTAVO IOSCHPE - excelente!

Envio-vos um excelente artigo escrito por GUSTAVO IOSCHPE, que é mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale (EUA).
O artigo chama-se INVOLUÇÃO e foi publicado na Folha de São Paulo de 24 de outubro de 2006 e retrata a perspectiva de um governo retrógrado para os próximos 4 anos.
Parece clichê, mas não é: o futuro está em nossas mãos. As futuras gerações vão nos cobrar. Por elas não podemos nos omitir neste momento.
É uma excelente análise-síntese do momento e da perspectiva de futuro que temos.

INVOLUÇÃO
O SER HUMANO em geral e as vítimas da historiografia marxista (os brasileiros) em particular, temos a tendência a acreditar que estamos numa evolução constante e que o progresso é inevitável. Mas essa esperança não é comprovada pela experiência histórica. Acredito estarmos passando agora por um momento de involução. Que parece programada para continuar.
O viés ideológico que fundou e animou o PT deixou de ser aplicável no começo dos anos 90. Lula se deu conta em 2002, e propôs um programa que era a negação de suas idéias dos 20 anos anteriores. Aproximou-se do centro para poder ser eleito e governar. Porém, não conseguiu gerar um projeto alternativo de país para preencher o vácuo que se instalara.
O projeto de governo foi substituído por um projeto de poder. E, com a voracidade de quem amargou 20 anos de ostracismo, parece ser um projeto de poder a qualquer custo. Esse programa se desenvolve em duas frentes: a programática e a institucional.
Na parte programática, vemos a criação de uma série de iniciativas destinadas a gerar melhorias de curto prazo nos setores tradicionalmente abandonados da sociedade, cujo voto é de obtenção fácil e barata.
Nestes enquadraria a expansão do Bolsa Família, o ProUni, os programas de agricultura familiar etc. Seu ponto em comum é lidar com a pobreza sem chegar às causas, garantindo sua reprodução ad eternum.
Pobreza se resolve com crescimento econômico e geração de empregos. Isso demanda melhoria de capital humano, investimento em infra-estrutura e melhorias do sistema jurídico, entre outras variáveis.
Acesso à universidade se dá com melhoras na educação básica, não com cotas.
Mas não seriam essas medidas positivas? Sim, se viessem acompanhadas das reformas estruturais que fazem com que a geração seguinte não mais precise delas.
Atualmente, ocorre o oposto: as pequenas vantagens se financiam via aumento do tamanho do Estado, que prejudica o desenvolvimento. Os pequenos ganhos de hoje se dão às custas de perdas futuras. E o sucesso eleitoral da tática garante sua permanência.
Se não bastasse essa aridez programática, vem ainda o segundo eixo, de golpeio às instituições.
Dinheiro público foi usado para comprar o Congresso, eliminando a relação de independência que deve existir entre os Poderes. Aparentemente o mesmo dinheiro foi usado para comprar, de um criminoso, um dossiê que visava começar a campanha de destruição das lideranças da oposição.
Já houve projetos de controle de jornalistas, do audiovisual. Agora já se fala de "democratização" da mídia e reforma constituinte. Os dois eixos somam-se para criar um programa que desidrata a democracia de suas funções vitais, mantendo-a em existência apenas nominal.
Com um Parlamento cooptado e uma população seduzida por migalhas, caminhamos
rumo à estagnação econômica e ao retrocesso sociopolítico.

GUSTAVO IOSCHPE, mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale
(EUA).

PS1: Eu ainda acrescentaria, como ameaça à democracia que o PT representa, o aparelhamento das instituições democrácias, como as agências reguladoras (e a própria imprensa), que o PT fez questão de inchar de cargos de indicação para os quais eles momeiam (adivinhem?) os próprios companheiros correligionários. Ficou tudo dominado!
PS2: Leiam também o Noblat para acabar de vez com essa idéia de que corrupção sempre existiu (sempre existiu sim, em qualquer época ou lugar no mundo, mas NÃO DESSA FORMA INSTITUCIONALIZADA como o PT está fazendo) e que é só agora é que nós estamos sabendo porque o governo Lula "permite investigações". Isso é MENTIRA!
Quem acompanha política todos os dias (não só em época de eleição) sabe bem das negociatas que rolaram nas tentativas que o governo fez de retirar assinaturas dos pedidos de abertura de CPI. O governo só não conseguiu impedir a instauração das CPI's porque a evidência, a força e o absurdo dos fatos pressionou os próprios congressistas.

VOX POPULI VOX DEI



O levantamento da des-extrutura de nosso ensino superior

Os números fazem parte de um levantamento inédito que será lançado até o final deste ano pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, do Ministério da Educação), que desenvolveu um censo do nível superior para cada uma das 27 unidades da federação Os dados gerais do levantamento foram apresentados na 29ª reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. O ensino superior brasileiro, além de ter abrangência considerada baixa, está mal distribuído: seis dos atuais 84 cursos do país concentram 52% de todas as matrículas. O campeão em número de universitários é administração, com 621 mil. Sozinho, ele possui mais estudantes que toda a área de saúde, que inclui Medicina, Enfermagem e Psicologia, entre outros. Outros campeões de matrícula são, Direito, Pedagogia, Engenharia, Letras e Comunicação Social. Em situação oposta estão cursos ligados às ciências não chegam a 35 mil estudantes, casos de Física e de Química. No mesmo patamar estão Agronomia e Veterinária. O desequilíbrio da distribuição de matrículas no ensino superior no Brasil, que ocorreu principalmente devido as Universidades privadas – o setor detém hoje 71,7% das matrículas. Hoje, apenas 10,5% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior. As áreas com menos matrículas são arqueologia; recursos pesqueiros; museologia; têxteis, roupas, couros e calçados; ciências políticas e ciências da terra. Hoje existe a falsa ilusão de que qualquer curso superior trará a melhoria do padrão de vida e emprego. Na verdade existe é uma transferência de renda da classe média para o setor do empresariado de ensino privado. Existe um país mal educado. Existe uma desconfiança e um pavor da aposentadoria fazendo com que os mais velhos não cedam lugar aos jovens. A força de trabalho do país não esta preparada ou se preparando para um projeto de desenvolvimento nacional. Para o desenvolvimento do país é preciso de cientistas., engenheiros, profissionais de saúde e de agricultura. As instituições particulares, que hoje detém a maioria do alunato nacional preferem os cursos mais baratos, porque visam o lucro. A estrutura física do curso de química chega a custar o dobro do de administração, devido à necessidade de laboratórios especiais.

Ai, esse tar de materialismo histórico-dialético, sô!

Vocês já ouviram, por certo, falar em Santo André. Pois é. Recebi um e-mail sobre um evento que vai acontecer por lá na área de educação. Peço a vocês que leiam o texto, que segue em itálico. Depois comento. É um primor.
De 6 a 11 de novembro, em Santo André – SP, acontece a “I Conferência Internacional: o Enfoque Histórico Cultural em Questão”. O enfoque histórico-cultural constitui-se em uma perspectiva teórico-metodológica, configurada pelos aportes do materialismo histórico-dialético, sobre a formação e o desenvolvimento humano. A Conferência, cujo tema central é a pedagogia e a psicologia histórico-cultural, tem como finalidade criar condições para que especialistas de Cuba, Brasil, Rússia e Estados Unidos exponham em mesas redondas suas leituras e interpretações sobre esse enfoque, assim como a aplicação prática deste referencial teórico, promovendo o debate e a análise crítica de modo a contribuir para uma melhor compreensão do processo de formação e desenvolvimento da psicologia humana e da educação.
Há mais de 50 anos, em diferentes países do mundo, vêm sendo produzidas múltiplas interpretações e aplicações desse enfoque em diferentes campos de conhecimento e atuação profissional. Tal produção enriqueceu e diversificou o estudo, a análise e as aplicações do enfoque histórico-cultural. Por essas razões, se faz necessário ampliar os espaços de debate e análise crítica sobre o conhecimento acumulado nessa área, abrindo outras possibilidades de inserção teórico-prática.”
Ufa! E quem promove essa maravilha na República Petista de Santo André? A Universidad de la Habana, a Secretaria Municipal de Educação de Santo André, a Fefisa (Faculdades Integradas de Santo André), a Universidade Federal de Santa Catarina e o Centro de Desenvolvimento Pessoal e Profissional (CEDEPP). E onde é que se reúnem as atrações do Parque dos Dinossauros? No tal CEDEPP e na Fefisa. Essa faculdade, diga-se, era especializada em Educação Física. Quem costumava usar o método materialista-histórico-dialéttico em atletas era a Alemanha Oriental. Recorria ao doping, rá, rá, rá.
Sim, é incrível, mas isso ainda acontece. Se quiserem saber, a área de humanidades no Brasil é tomada por esse lixo. Releiam o texto que está acima em itálico. É coisa de débeis-mentais ideológicos. Se você fizer uma análise sintática, distinguido o que é sujeito, verbo e complemento, irá constatar que o conjunto não faz sentido. “Materialismo histórico-dialético”? Deve ser aquele modelo que explica por que o futuro glorioso da humanidade demanda que o sujeito tenha de ser escravo de um partido, comendo o pão que o Stálin, Mao e Fidel amassaram.
Eu lhes proponho um teste, especialmente a quem ainda é estudante e tem professor petralha. Pergunte a ele a seco: “Professor (a), o que é materialismo histórico-dialético?” Depois da enrolação, peça um exemplo e algumas fontes bibliográficas para que você possa pesquisar melhor. É divertimento garantido. Ou você não precisa entrar neste blog nunca mais.
Aí vocês podem me perguntar: “Tio Wal, o que é materialismo histórico-dialético?” Tio Wal responde: nada, sobrinhas e sobrinhos! É só a desculpa de um picareta para explicar um evento que, aparentemente, está fora de uma cadeia lógica de causalidades. Como se explica que o dito esquerdista Lula combata as elites ao lado de Roseana Sarney? Ora, indague a esse tal materialismo histórico-dialético. Ou pergunte a Marcos Nobre, aquele professor da Unicamp que “desescreve” sobre política na Folha.
Ele decidiu tirar uma casquinha de Jorge Bornhausen porque este havia dito ser preciso “acabar com essa raça”, referindo-se a petistas, nobres ou não. E o fessô da Unicamp — de onde vêm, aliás, alguns dos palestrantes do evento-estrovenga acima —, no dia em que Lula abraça a “querida companheira Roseana”, saúda a sobrevivência dessa raça de bravos. É essa tal dialética... Materialismo histórico-dialético, gafanhotos, busca explicar, assim, o cruzamento da vaca com o jumento. A resultado da cruza nem dá leite nem puxa carroça, mas eles prometem continuar tentando.
Façam o teste. Deixe um professor petralha morto de vergonha! Ah, sim, a “tchurma” que promove o evento tem até site: clique aqui. Mas não morra de rir. Só para encerrar: acusa-se a educação brasileira de ser um lixo por falta de verbas, estrutura etc e tal. Não é, não. A ideologização matou a escola no Brasil. Tente lidar com qualquer critério que cheire a eficiência e avaliação de desempenho para ver... O materialismo histórico-dialético ameaça esmagá-lo.

terça-feira, outubro 24, 2006

Geraldo Alckmin agradece pessoal do orkut


Ele sabe muito bem a força do Movimento Cívico que surgiu no Orkut. Nós todos, de forma livre e voluntária, estamos mostrando que existem sim, brasileiros indignados com a corrupção, e compromissados com a verdade.
Valeu Geraldo!

CARREATA EM SALVADOR / BA, DIA 22/10/2006 - GERALDO ALCKMIN PRESIDENTE


Pra quem acredita que o nordeste está nas mãos do Lulla, a resposta do povo honesto da Bahia.

segunda-feira, outubro 23, 2006

PR: pedágio vira tema de jogada eleitoral

Requião mandando um recado para a verdade!

Eleito em 2002 com uma campanha de uma nota só (“Pedágio, ou baixa ou acaba”), quatro anos depois o governador Roberto Requião (PMDB) nem acabou com o pedágio nas rodovias paranaenses, nem reduziu seu preço. Agora, a poucos dias do segundo turno, a campanha de Requião planeja usar a Justiça do Paraná para uma jogada eleitoral maquiavélica: segundo revelou uma fonte do comitê do PMDB que decidiu votar no adversário, Osmar Dias (PDT), o governo Requião decidiu ir à Justiça para obter uma liminar reduzindo o valor dos pedágios em 25%, sob a alegação de que a Ecovias, concessionária das rodovias, já lucrou muito. A liminar deve ser cassada após as eleições, mas a medida já terá produzido os efeitos eleitorais pretendidos. No comitê de Dias, a armação já vem sendo chamada de "novo caso Ferreirinha". Para derrotar o adversário José Carlos Martinez ao governo do Paraná, em 1990, Requião divulgou em sua campanha na tevê a suposta entrevista de um pistoleiro chamado Ferreirinha que dizia ter sido contratado por Martinez para matar pessoas. Descobriu-se depois que era tudo falso: "Ferreirinha", a entrevista, os supostos crimes, tudo. Mas já era tarde.

Sérgio Cabral falando mal do Lula

Pois é, essa é nossa classe política, agora eles estão juntinhos.

JAMANTA & MUNCHAUSEN

É difícil, muito difícil, competir com quem não tem o menor respeito pelas regras mais simples, pelas normas mais comezinhas, pelos mais básicos padrões civilizatórios. Gente dessa laia não mede as conseqüências dos atos que pratica para atingir seus objetivos. Em seu universo paralelo, distante e estranho ao da ética, importante é ganhar, feio é perder!
Analisados por esse prisma, a aliança envergonhada (por absurda) entre Lula e Requião até faria algum sentido. Afinal, ambos usam e abusam de seus carismas para, sob sua sombra, urdirem as mais cavernosas trapaças eleitoreiras e, sob seu manto, espezinharem a lógica, descartando-a como um piano de cauda herdado, que não cabe na exígua sala dos seus pensamentos.
Apanhada de surpresa com o advento do 2° turno, a estratégia clean da campanha lulo-petista foi abandonada, surgindo em seu lugar a máquina de lavagem cerebral. Uma das suas armas mais potentes - pois inventada, “plantada”, cultivada e “comprada” há anos, primeiro pela “intelequitualidade” engajada e, depois, pela mídia “politicamente correta” -, é a satanização das privatizações.
Exemplo típico da lógica de quadrilha, esse mantra, recuperado do lixão da História e reciclado nas catacumbas petistas, volta como um fantasma para assombrar a candidatura Alckmin. Lógica capenga, pois não dá conta de explicar a inexistência de uma auditoria para investigar tudo de “errado” que, durante anos (e agora de novo) diziam haver de errado no que chamavam (e voltam a chamar) de “privataria”, neologismo que tenta fazer a simbiose entre privatização e pirataria. E não fizeram auditoria porque nada há de errado. E se houvesse, a lógica mandaria considerar os petistas como cúmplices, acobertadores, negligentes ou prevaricadores, não há terceira saída.
Outro viés ilógico dessa lógica canhestra utilizada pela súcia petista é tentar justificar a insistência em carimbar Alckmin como privatista, mesmo ele negando e renegando, com o risível argumento de que “o partido dele só sabe fazer isso”. Ora, como dizem os caboclos, “pau que bate em Chico, bate em Francisco”. Então, obedecendo à mesma lógica intuitiva e primitiva, seria lícito dizer que Lula vai continuar roubando, quebrando sigilos de caseiros, carregando dinheiro em cueca, traficando dossiês fajutos, pois “o partido dele só sabe fazer isso”.
De negativo, em relação às privatizações, não existe nada, rigorosamente nada, de concreto, apenas a espuma venenosa da baba gramsciana que os petistas tão bem souberam infiltrar nas mentes porosas dos desavisados, crentes ou ingênuos. Já em relação ao banditismo da quadrilha que assaltou o poder junto com Lula, as provas abundam, seja na imprensa, nas CPIs, no Ministério Público ou na Polícia. O que nos leva à seguinte questão: o que é melhor, a “privataria” ou a pirataria? Sim, pois é disso que se trata. Um entrou nas estatais pela porta da frente e, num processo público, aberto e transparente, fez o que seus inimigos tacharam de “privataria”. Outro permitiu que se invadisse as estatais arrombando a porta dos fundos e dilapidando o seu patrimônio, especialmente o ético, moral, institucional. O resto é lavagem cerebral...
Requião (que também nesse quesito está na má companhia de Lula) prefere atacar a lógica e o bom senso através da estatística (que, diz a piada, é como o biquíni: mostra muito, mas esconde o essencial). Ambos escolhem, moldam, lapidam e distorcem dados e números para se dizerem os únicos que um dia fizeram alguma coisa de positivo. Um não se cansa de repetir que “nunca antes NestePaiz” se fez tanto; outro, prefere jactar-se de ser donatário de um passado irretocável e proprietário de um futuro tão aprazível quanto facilmente realizável, amaldiçoando apenas o presente, que acredita ter-lhe sido usurpado por infiéis que ousaram não reconhecer-lhe a titularidade do feudo.
Ambos são farsantes, oportunistas, autoritários, ilusionistas, ególatras, demagogos e populistas. Mas há um traço bastante dessemelhante entre ambos. Enquanto um tem uma incrível capacidade de não saber nada, não ouvir nada, não perceber nada, como aquele Jamanta da novela, o outro acredita saber de tudo, o que o faz dizer bobagens, sandices e mentiras com uma solenidade digna de um barão de Munchausen.
Ambos se merecem!

Avenida inominável

A era Lula afrontou a nação brasileira com uma multiplicidade rara de fatos inomináveis. O acervo da gestão petista está abarrotado de episódios intoleráveis e ocorrências delituosas.
Um governo no qual o critério partidário norteou o preenchimento de todos os cargos federais, até mesmo aqueles de natureza técnica – sem poupar inclusive as agências reguladoras –, não poderia apresentar um espetáculo tão diferente do que vem sendo exibido em grande gala.

Os seus principais protagonistas foram deixando a cena – em intervalos alternados – ao serem flagrados em enredos e papéis nada republicanos.

Devemos reconhecer no entanto a capacidade magistral dos autores e roteiristas do Partido dos Trabalhadores em adaptar o script numa velocidade que o palco e a iminência do 2° ato teatral exigem. A destreza em mobilizar recursos cênicos não se traduziu na qualidade das falas e dos textos mal ensaiados dos atores envolvidos.

Somos testemunhas de um festival de contradições, versões que não se sustentam, desmentidos em série, cortinas de fumaça, boatos, tudo isso engendrado numa azeitada central de factóides.

O presidente da República, por sua vez, contribui em grande medida para turvar ainda mais o “mar da tergiversação” em que ele e sua equipe navegam. Ele ora declara que não perguntou nem perguntaria aos integrantes de seu partido sobre a origem da dinheirama, para em seguida afirmar que perguntou ao Ricardo Berzoini sobre a responsabilidade dos petistas envolvidos na compra do dossiê, fato que também já havia negado.

A propósito, a esta altura creio ser generosidade excessiva indagar de onde veio o dinheiro. Não faço mais essa indagação. A responsabilidade pelo dinheiro sujo é do Presidente Lula. Nós, como candidatos, somos responsáveis por aquilo que ocorre durante a nossa campanha eleitoral. A conta corrente na agência bancária, por exemplo, é aberta em nosso nome. Da mesma forma, mesmo após as eleições, se alguma dívida restar, nós seremos os devedores, não o Partido e muito menos a coligação. No caso de protesto de eventual credor ou de multa em razão de propaganda indevida se aplica o mesmo mecanismo. Portanto, o candidato é responsável por toda movimentação financeira de sua campanha.

Numa sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo, o presidente disse de forma categórica que duvida que o dinheiro apreendido pela Polícia Federal tenha saído do caixa de sua campanha, desconsiderando portanto a possibilidade de “caixa dois”, prática rotineira nas eleições brasileiras – segundo diagnóstico feito em Paris pelo próprio presidente Lula – e denominada pelo ex-tesoureiro como “recursos não contabilizados”.

Não importa a nomenclatura e os verbetes que venham a ser confeccionados para ampliar o glossário do PT. O vocábulo aplicado nesse caso é “crime”, devidamente tipificado na legislação vigente.

O que vinha se delineando ganha traços definitivos numa moldura em que toda e qualquer ação de Estado foi e vem sendo concebida para atender exclusivamente um projeto de poder de longo prazo, cuja formulação original atrelou o “fim” para justificar os meios.

O apego desmedido ao cargo e às engrenagens palacianas pode explicar a postura messiânica dos integrantes do atual governo. Ao responder a uma pergunta formulada pelo leitor na mencionada sabatina da Folha, o presidente negou que tivesse tratado “docemente” os ministros José Dirceu e Antonio Palloci quando eles saíram do governo, sem deixar de registrar que “alguém perder o posto de ministro não é coisa fácil”.

O que não é nada “fácil” é a afronta a que o País foi submetido pela corrupção e o descaminho ético. Na escalada de sandices verbais o presidente imputou ao candidato Geraldo Alckimin a pecha de governar voltado para uma importante avenida da cidade de São Paulo. Podemos dizer que o presidente Lula, este sim governa o País voltado para uma avenida que ele mesmo inaugurou e cujo nome é inominável.


Senador Alvaro Dias, líder da Oposição e vice-presidente nacional do PSDB

Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na celebração dos 15 anos do Foro de São Paulo

Nota Editoria O Especialista em Generalidades:

Talvez um dos maiores mistérios da mídia brasileira seja a sistemática omissão de informações sobre o Foro de São Paulo, organização esquerdista da qual fazem parte dezenas de grupos radicais latino-americanos, muitos dos quais com um passado - ou presente - sangrento, envolvidos em terrorismo, tráfico de drogas, assassinatos, seqüestros, etc., e que tem como um de seus principais membros o proto-ditador venezuelano, Hugo Chavez.

A grande dúvida que fica é se a indiferença da mídia brasileira sobre este tema é resultado da proverbial falta de capacidade analítica dos jornalistas brasileiros - que não conseguem ou não querem escrever nada que vá além de fofocas, análises rasteiras ou que favoreçam o jogo esquerdista que impera na política e cultura nacionais -, ou resulte de uma calculada omissão. Se analisarmos a situação pela ótica da grande mídia, tal comportamento é até justificável. Afinal, como explicar aos leitores para os quais durante anos a fio escreveram que o partido que agora se desmancha no maior mar de lama da história política nacional no final das contas sempre fez parte de uma organização que reúne alguns dos piores criminosos e grupos terroristas latino-americanos? Pior ainda: e as próprias crenças pessoais de muitos colunistas que endossaram a agenda do partido governista, as ilusões construídas ao longo de toda uma vida, como é que ficam? Acreditar que houve uma série de “desvios de comportamento” que resultaram na corrupção de centenas de militantes e figuras-chave do outrora “partido da ética”, ainda é possível aceitar. Mas, levantar o véu um pouco mais e chegar à conclusão de que, bem além de corruptos, o que temos são amigos de traficantes que negociam a distribuição de drogas no Brasil, que fornecem as armas que ceifam centenas de vidas inocentes, de seqüestradores que atacam nos grandes centros, dentre outros crimes, ah, isso não!

Por outro lado, por que não investigar a fundo e sepultar definitivamente essas histórias sobre o Foro de São Paulo, desmentindo para sempre tais ilações e deduções? Que tal um furo de reportagem, revelando o que é o Foro, e de quebra, ter a satisfação de desmoralizar os “direitistas ensandecidos”, que “enxergam fantasmas debaixo da cama?”. Mas não, de jeito nenhum, e o assunto permanece tabu. Mas, afinal, perguntarão muitos leitores: qual a importância do Foro de São Paulo? Qual sua influência na vida cotidiana do Brasil, sobretudo na política? Os leitores que acompanham o Mídia Sem Máscara talvez já estejam devidamente informados para tirar suas conclusões e obter as respostas. Para os que nunca ouviram falar ou estão tomando conhecimento do assunto pela primeira vez, gostaríamos de utilizar as palavras de uma fonte "idônea" para aquilatar a importância dessa organização solenemente ignorada pela mídia brasileira.

Depois de tomarem conhecimento destas palavras, talvez no futuro muitas pessoas não se surpreendam com os acontecimentos políticos e sociais que por ventura estejam ocorrendo no Brasil, lembrem-se de quem são os membros do Foro de São Paulo, seu modus operandi e reflitam sobre a importância do velho adágio “dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.

Com os leitores deste Mídia Sem Máscara, as palavras do Sr. Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva sobre a “organização que não existe”, o Foro de São Paulo.

***

São Paulo-SP, 02 de julho de 2005

Meus queridos companheiros e companheiras dirigentes do Foro de São Paulo que compõem a mesa,

Meus queridos companheiros e companheiras que nos estimulam com esta visita ao 12º Encontro do Foro de São Paulo,

Não preciso ler a nominata toda, porque os nomes já foram citados pelo menos três vezes. E se eu citar mais uma vez, daqui a pouco alguém vai querer se candidatar a vereador ou a prefeito, aqui, em São Paulo.

Primeiro, uma novidade: sabem por que a Nani está sentada lá atrás? Porque há poucos dias o Brasil ganhou da Argentina e ela não quer ficar aqui perto da mesa.

Meus companheiros, minhas companheiras,

Como sempre, eu tenho um discurso por escrito, como manda o bom protocolo da Presidência da República, mas, como sempre também, eu tenho uma vontade maluca de fazer o meu improviso.

E eu queria começar com uma visão que eu tenho do Foro de São Paulo. Eu que, junto com alguns companheiros e companheiras aqui, fundei esta instância de participação democrática da esquerda da América Latina, precisei chegar à Presidência da República para descobrir o quanto foi importante termos criado o Foro de São Paulo.

E digo isso porque, nesses 30 meses de governo, em função da existência do Foro de São Paulo, o companheiro Marco Aurélio tem exercido uma função extraordinária nesse trabalho de consolidação daquilo que começamos em 1990, quando éramos poucos, desacreditados e falávamos muito.

Foi assim que nós, em janeiro de 2003, propusemos ao nosso companheiro, presidente Chávez, a criação do Grupo de Amigos para encontrar uma solução tranqüila que, graças a Deus, aconteceu na Venezuela.

E só foi possível graças a uma ação política de companheiros. Não era uma ação política de um Estado com outro Estado, ou de um presidente com outro presidente. Quem está lembrado, o Chávez participou de um dos foros que fizemos em Havana. E graças a essa relação foi possível construirmos, com muitas divergências políticas, a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente da Venezuela.

Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política. Foi assim que surgiu a nossa convicção de que era preciso fazer com que a integração da América Latina deixasse de ser um discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se candidataram a alguma coisa, para se tornar uma política concreta e real de ação dos governantes. Foi assim que nós assistimos a evolução política no nosso continente.

Certamente não é tudo que as pessoas desejam, se olharmos o ideal do futuro que queremos construir, mas foi muito, se nós olharmos o que éramos poucos anos atrás no nosso continente. Era um continente marcado por golpes militares, era um continente marcado por ausência de democracia. E hoje nós somos um continente em que a esquerda deu, definitivamente, um passo extraordinário para apostar que é plenamente possível, pela via democrática, chegar ao poder e exercer esse poder. Esse poder que é construído no dia-a-dia, esse poder que é construído a cada momento com muita dificuldade. Mas, quando exerce o cargo de presidente da República de um país, ele não será lembrado apenas pela quantidade de obras que conseguiu realizar ou apenas pela quantidade de políticas sociais que ele fez.

Eu tenho feito questão de afirmar, em quase todos os pronunciamentos, que a coisa mais importante que um governante pode fazer é estabelecer um novo padrão de relação entre o Estado e a sociedade, entre o governo e as entidades da sociedade civil organizada. E consolidar, de tal forma, que isso possa ser duradouro, independente de quem seja o governo do país.

E é por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o Foro de São Paulo, porque tinha noção do que éramos antes, tinha noção do que foi a nossa primeira reunião e tenho noção do avanço que nós tivemos no nosso continente, sobretudo na nossa querida América do Sul.

Todas as vezes que um de nós quiser fazer críticas justas, e com todo direito, nós temos que olhar o que éramos há cinco anos atrás na América Latina, dez anos atrás, para a gente perceber a evolução que aconteceu em quase todos os países da nossa América.

E eu quero dizer para vocês que muito mais feliz eu fico quando tomo a informação, pelo Marco Aurélio ou pela imprensa, de que um companheiro do Foro de São Paulo foi eleito presidente da Assembléia, foi eleito prefeito de uma cidade, foi eleito deputado federal, senador, porque significa a aposta decisiva na consolidação da democracia no nosso país.

Se não fosse assim, o que teria acontecido no Equador com a saída do Lucio Gutiérrez? Embora o Presidente tenha saído, a verdade é que o processo democrático já está mais consolidado do que há dez anos atrás.

O que seria da Bolívia com a saída do Carlos Mesa, recentemente, se não houvesse uma consciência democrática mais forte no nosso continente entre todas as forças que compõem aquele país?

A vitória de Tabaré, no Uruguai: quantos anos de espera, quantas derrotas, tanto quanto as minhas. Ou seja, a paciência de esperar, de construir, de somar, de estabelecer políticas que pudessem consolidar, definitivamente, não apenas a vitória, mas tirar o medo de muita gente do povo, que se assustava quando imaginava que a esquerda pudesse ganhar uma eleição.

O que significa a passagem da Argentina? Num momento em que ninguém queria ser presidente, o Duhalde assume e consegue, em dois anos, não só começar a recuperar a economia da Argentina, como consegue eleger um sucessor com a personalidade do presidente Kirchner.

Os chilenos, depois de tantas e tantas amarguras, num período que muita gente não quer nem se lembrar, estão agora prestes a, pela quarta vez consecutiva, reeleger um presidente, eu espero que uma presidente, ou seja, uma mulher presidente daquele país. Isso não é pouco, isso é muito.

E o que nós precisamos é trabalhar para consolidar, para que a gente não permita que haja qualquer retrocesso nessas conquistas, que são que nem uma escada: a gente vai conquistando degrau por degrau. E, às vezes, até paramos um pouco num degrau para dar um passo um pouco maior, porque se tentarmos dar um passo muito grande poderemos cair, nos machucar e a caminhada retrocederá.

O Foro de São Paulo, na verdade, nos ensinou a agir como companheiros, mesmo na diversidade. A coordenação do Foro de São Paulo, que envolvia parte das pessoas que estão aqui, não pensava do mesmo jeito, não acreditava nas mesmas profecias, mas acreditava que o Foro de São Paulo poderia ser um caminho. E foram inúmeras daquelas reuniões que ninguém quer participar, às vezes, pegar um vôo, andar quatro, cinco horas de avião e parando três, quatro vezes para chegar num lugar e encontrar meia dúzia de companheiros para se reunir. E esses companheiros que tiveram a coragem de assumir essa tarefa, eu acho que hoje podem estar orgulhosos, porque valeu a pena a gente criar o Foro de São Paulo.

No começo, eu me lembro que alguns partidos nem queriam participar, porque acharam que nós éramos um bando de malucos. O que não faltava eram adjetivos. E quanto mais perto as pessoas iam chegando do poder, mais distantes iam ficando do Foro de São Paulo.

A minha vinda aqui, hoje, é para reafirmar uma coisa: a gente não precisa esquecer os nossos companheiros quando a gente ganha uma eleição para presidente da República. A gente precisa continuar tendo as nossas referências para que a gente possa fazer cada vez mais e cada vez melhor. E é isso que eu quero fazer como exemplo, ao sair de Brasília e vir aqui.

Vocês sabem que eu não posso brincar o tanto que eu já brinquei, as coisas que fazia nos outros, porque quando nós começamos o Foro de São Paulo, a gente ficava implorando para ter um jornalista e não tinha nenhum. E hoje tem muitos e eu já não posso fazer as brincadeiras, eu não posso fazer o que fazia antes e nem dizer tudo o que eu dizia antes.

Mas uma coisa eu quero que vocês saibam: valeu a pena acreditar em nós mesmos e saber que nós vamos levar muitos anos, muitos... Nós não conseguiremos fazer as transformações que acreditamos e por que brigamos tantos anos em pouco tempo. É um processo de consolidação.

Eu estava vendo as imagens do primeiro encontro e fico triste porque a velhice é implacável. A velhice parece que só não mexe com a Clara Charf, que é do mesmo jeito desde que começou o primeiro Foro, mas todos nós, da mesa, envelhecemos muito. Espero que tenha valido a pena envelhecer, Marco Aurélio. Eu me lembro que eu não tinha um fio de cabelo branco, um fio de barba branca e hoje estou aqui, todos estão, de barba branca.

Meus companheiros,

Eu estou feliz porque vocês acreditaram. Reuniões que não eram fáceis, difíceis, muitas vezes as divergências eram maiores que as concordâncias e sempre tinha a turma que fazia o meio de campo para contemporizar, procurar uma palavra adequada para que não houvesse nada que pudesse criar embaraço para o Foro de São Paulo.

Eu quero dizer uma coisa para vocês: não está longe o dia em que o Foro de São Paulo vai poder se reunir e ter, aqui, um grande número de presidentes da República que participaram do Foro de São Paulo.

As coisas caminham para isso. Nós aprendemos que a organização da sociedade é um instrumento excepcional e nós aprendemos que o processo democrático pode garantir que a gente concretize esses sonhos nossos.

No Brasil, eu espero que o PT tenha preparado para vocês os informes que vocês devem levar para os seus países, e é importante que o Foro de São Paulo consiga que os outros países apresentem também as coisas que estão acontecendo em cada país, para que a gente vá consolidando os avanços das políticas sociais que tanto nosso povo precisa.

Esses dias eu estava assinando, ou melhor, sancionando o Fundo de Habitação Popular, lá em Brasília, e não tinha me dado conta de que, quando foi falar o líder do povo, que luta por habitação no Brasil, ele não agradeceu a lei que vai criar o Fundo, ele não fez menção. A coisa mais importante para ele não era o fato de termos criado uma lei que criava um fundo de moradia; a coisa que mais o marcou no discurso é que era a segunda vez que ele tinha conseguido entrar no Palácio de governo do Brasil. E aí a minha memória voltou a 1994, o Marco Aurélio estava comigo, quando eu fui visitar o Mandela. Na porta do Palácio tinha um monte de pessoas, mulheres e homens, andando felizes. E eu perguntei para o Mandela: o que essa gente faz aqui, desfilando? Ele falou: “Lula, essa gente era proibida de passar na frente do palácio, portanto, hoje eles vêm aqui. Só o fato de eles entrarem no recinto do Palácio, tem muitos que choram, tem muitos que querem colocar a mão na parede. E se eu estiver perto para tirar fotografia”, me dizia o Mandela, “então, isso é a realização máxima.”

Além disso a nossa relação, e é o Dulci que cuida da relação com o movimento social, eu penso que não existe, na história republicana, ou não sei se não existe na história da América do Sul, algum momento em que o movimento social esteve tão próximo das relações mais saudáveis possíveis com o governo do que nós temos hoje.

Vejam que os companheiros do Movimento Sem-Terra fizeram uma grande passeata em Brasília. Organizada, muito organizada. E todo mundo achava que era um grande protesto contra o governo. O que aconteceu? A passeata do Movimento Sem-Terra terminou em festa, porque nós fizemos um acordo entre o governo e o Movimento Sem-Terra, pela primeira vez na história, assinando um documento conjunto.

Alguns dias depois, foi a Confederação da Agricultura, milhares de trabalhadores. E quando chegaram no Palácio, já tinha um acordo firmado com os companheiros, que foram para as ruas fazer uma festa.

Esse tipo de comportamento, de mudança que houve no Brasil, demonstra que a democracia veio para ficar. A democracia veio, no nosso país, para se consolidar. E vocês, que são visitantes, companheiros que estão preocupados com as notícias que têm saído no Brasil, tenham consciência de uma coisa: seria impensável que eu fosse governar este país quatro anos e não tivesse problemas. Seria impensável, ou seja, nós já conseguimos o máximo, ou seja, nós já conseguimos fazer com que o FMI fosse embora sem precisar dar nenhum grito.

Eu dizia para o Palocci: Palocci, o que você vai fazer quando não precisar mais fazer acordo com o FMI? Porque alguns aqui passaram a vida inteira gritando, ou seja, de repente você construiu uma situação política em que não precisou fazer absolutamente nada a não ser dizer: não precisamos mais do acordo com o FMI.

Na política, o que está acontecendo eu encaro como uma certa turbulência, mas que só existe efetivamente num processo que vai se consolidando fortemente, da democracia.

Eu quero que vocês saibam e voltem para os seus países com a certeza de que eu entendo que a corrupção é uma das desgraças do nosso continente, e muitas vezes quando alguém falava que nós éramos pobres por conta do imperialismo, eu dizia: pode ser até meia-verdade, mas a outra verdade é que nesses países da América do Sul e da América Latina nem sempre nós tivemos dirigentes que fizessem as coisas corretas para o seu povo e com o dinheiro público.

É por isso que tenho afirmado, num pronunciamento, que seremos implacáveis com adversários e com aliados que acharem que podem continuar utilizando o dinheiro público para ficarem ricos, mas da mesma forma seremos também implacáveis no trabalho de consolidar o processo democrático brasileiro. Não permitiremos retrocesso. Alguns, antes de nós, morreram para que nós chegássemos onde nós chegamos, e nós temos consciência do sacrifício que se fez no Brasil, do sacrifício que se fez no Chile, do sacrifício que se fez na Argentina, do sacrifício que se fez no Uruguai, do sacrifício que se fez no Peru, do sacrifício que se fez na Colômbia, em todos os países, para que o povo pudesse sentir o gosto da coisa chamada democracia.

E, portanto, nós, estejam certos disso, o Lula que vocês conheceram há quinze anos atrás está mais velho, mas também muito mais experiente e muito mais consciente do papel que temos que jogar na política da América do Sul, da América Latina, da África e, eu diria, na nova concepção de política no mundo inteiro.

Não foi fácil criar o G-20, não. Não foi fácil convencer um grupo de países de que era possível mudar a geografia comercial do mundo se estabelecêssemos entre nós um grau de confiança e de relação em que pudéssemos, cada um de nós, entender que temos que nos ajudar muito mais. É por isso que hoje a gente pode olhar para vocês e dizer: a relação comercial Sul-Sul aumentou em mais de 50%. Nós estamos comprando mais e vendendo mais de nós mesmos. Nós estamos estabelecendo parcerias entre nossas empresas. Esses dias, fizemos não sei quantos acordos, 26 acordos, com a Venezuela. Agora foi feito um monte de acordos com a Colômbia. Estamos fazendo acordo com a Argentina, com o Chile, ou seja, os nossos empresários têm que se encontrar, estabelecer parceria. Os nossos sindicalistas têm que se encontrar e estabelecer formas conjuntas. Os partidos têm que se encontrar, os parlamentares têm que se encontrar, o Foro de São Paulo tem que exigir cada vez mais a criação de um parlamento do Mercosul para que a gente possa consolidar definitivamente o Mercosul, não como uma coisa comercial, mas como uma instância que leve em conta a política, o social, o comercial e o desenvolvimento.

Esses dias, nós fomos à Guiné-Bissau. Aliás nós já visitamos mais países da África, acho, do que todos os governantes da história do Brasil. E fomos à Guiné-Bissau e fizemos uma reunião. Guiné-Bissau é um país de língua portuguesa, pequeno, praticamente destruído. E eu dizia ao Presidente e aos parlamentares: para que guerra, para que uma guerra na Guiné-Bissau? É um país destruído. A única chance que aquele país tem é a construção da paz, eles têm que construir um país para depois brigar pelo poder, porque senão estão brigando em torno de nada. Nem o Palácio Presidencial está de pé. Eu fui ao banheiro do Presidente, não tinha água. E eu dizia: meu Deus do céu, vocês precisam encontrar um jeito de transformar a paz na mais importante bandeira de vocês, porque somente a partir dela é que vocês poderão construir o país.

Esse trabalho é um trabalho que leva anos e anos. E nós apenas estamos começando. Nós apenas estamos transitando pelo mundo tentando estabelecer uma nova ordem, em que a gente consiga as vitórias na Organização Mundial do Comércio, que precisamos. E foi assim que nós ganhamos a questão do açúcar, foi assim que nós ganhamos a questão do algodão, foi assim que nós ganhamos a questão do frango congelado. Parece pouco, mas era muito difícil ganhar uma coisa na Organização Mundial do Comércio. E por conta do G-20 já ganhamos três e poderemos ganhar muito mais, adotando o princípio que nós aprendemos desde que começamos a nossa militância política, de que se todos nós nos juntarmos, nós derrotaremos os outros.

Por isso, eu tenho viajado muito. Eu viajei, possivelmente, em dois anos, mais do que muitos presidentes viajaram e vou continuar viajando, porque as soluções para os problemas do Brasil não estão apenas dentro do Brasil, as soluções para os problemas de Cuba não estão só dentro de Cuba, não estão dentro da Argentina, não estão dentro da República Dominicana, não estão dentro do México, ou seja, é preciso que a gente resolva outros problemas externos para que a gente possa consolidar as soluções de alguns problemas internos.

Por isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília com a consciência tranqüila de que esse filho nosso, de 15 anos de idade, chamado Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se transformou num adulto sábio. E eu estou certo de que nós poderemos continuar dando contribuição para outras forças políticas, em outros continentes, porque logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de países africanos para participarem do nosso movimento, para que a gente possa transformar as nossas convicções de relações Sul-Sul numa coisa muito verdadeira e não apenas numa coisa teórica.

E eu estou convencido de que o Foro de São Paulo continuará sendo essa ferramenta extraordinária que conseguiu fazer com que a América do Sul e a América Latina vivessem um dos melhores períodos de democracia de toda a existência do nosso continente.

Muito obrigado a vocês. Que Deus os abençoe e que eu possa continuar merecendo a confiança da Coordenação, que me convide a participar de outros foros. Até outro dia, companheiros.

Fonte: http://www.info.planalto.gov.br/download/discursos/pr812a.doc