quarta-feira, setembro 05, 2007

AGORA MESMO QUE ESTÁ TUDO CONFUSO COM O NÚMERO 3!

Primeiro foi a campanha do Banco do Brasil que induziu a se pensar que era o Lula querendo o terceiro mandato. Agora é o terceiro congresso do PT que lança o número 3 em cima da estrela.
PT + BB = 3!

O governo Lula acabou

CESAR MAIA

O tempo torna governo e governante inevitavelmente mais transparentes, mais previsíveis, o que ajuda o jogo democrático



O PROCESSO de reeleição é muito recente no Brasil e ainda está amadurecendo. Um ponto positivo é o fato de ter um ciclo fiscal mais suave no primeiro governo, já que este poderá suceder a si mesmo.

Outro é que o tempo torna o governo e o governante inevitavelmente mais transparentes, mais previsíveis, o que ajuda o jogo democrático.

Mas o segundo governo é sempre um grande desafio, pois se torna menos crítico - não pode criticar a herança recebida -, a gestão da motivação é mais complexa, o fator surpresa diminui e, com ele, a taxa de sedução.

Por isso, a gestão do segundo governo deve ser pensada, desde o início, de modo diferente. Que novos desafios colocar? Como surpreender e sinalizar a renovação? Como evitar que a intimidade do eleitor se transforme em cansaço? Como motivar a equipe que já está enrolando os processos?

Uns chamam isso de ciclo de exaustão. Outros, de desgaste de material. Outros, ainda, comparam ao conceito contábil de depreciação.

Os ciclos políticos são magicamente decenais. Thatcher e Blair, desgastados depois de completar dez anos de governo, preferiram sair antes do fim do mandato, abrindo espaço e fôlego para a renovação. Helmut Kohl, com seus 16 anos no poder, foi uma exceção em regimes democráticos. O período de sete anos com reeleição, na França, foi reduzido para se ajustar a esse decênio. Nos EUA, o presidente pode ser reeleito uma vez e, depois, nunca mais pode se candidatar.

Com oito anos e sem retorno possível, aumenta a chance do segundo governo. FHC perdeu o segundo governo a partir da crise externa. Menem e Fujimori, independentemente dela, esgotaram suas capacidades de motivar e apontar esperança.

O poder político no Brasil ainda não desenvolveu uma tecnologia de gestão para o segundo governo. Com o tempo, certamente o fará. Para isso, dois elementos são fundamentais. O primeiro é ir inventando essa tecnologia. O seguinte é construir o segundo governo no primeiro ano.

A comunicação política em governo tem dois vetores constituintes dicotômicos. Um é a escola americana fundada nos anos 60, que chegou ao apogeu com Clinton assessorado por Dick Morris. Para essa escola, "todo dia é dia de eleição".

É um caminho de alto risco que só pode ser trilhado tendo uma estrutura de aferição/comunicação muito sofisticada. No Brasil, não se chegou a isso. Nos EUA, se tem respostas quatro horas depois do fato ocorrido, com base em pesquisa qualitativa realizada em dezenas de pontos do país, com vídeos pré-gravados e versões alternativas sobre o mesmo fato.

A outra escola foi - não é mais - a francesa, desenvolvida por Miterrand e sua assessoria chefiada por Jacques Séguéla. Para essa escola, o movimento do presidente deve ser oscilante entre aparecer e submergir. Diz Séguéla que a exposição presidencial contínua provoca queimaduras de terceiro grau. Talvez porque a França, na época, não contasse com a tecnologia americana. Hoje, talvez, Sarkozy conte com ela. Imagino que saiba o risco que corre.

O segundo governo Lula não enfrenta nenhuma dessas equações. Não se lançou a novos desafios. Não introduziu nenhuma gestão de motivação - ao contrário, mantém a forma de nomear no governo. Não renova seu próprio personagem - ao contrário, intensifica-o. Não amplia seu público - ao contrário, restringe-o.

Ingenuamente cria uma marca para o cotidiano, e tudo passa a ser essa marca, num "déjà vu" dos anos 50. Torna mais plástica a base de apoio, reforçando a memória mensaleira. A crise do setor aéreo evidencia a incapacidade administrativa.

Seu único ponto de alavancagem - a expectativa de que nos dois últimos anos a economia crescesse acima dos 5% - foi abalado pela crise imobiliária nos EUA. E ainda se ilude com a idéia de que as reservas resolvem tudo. Não resolvem nada, pois a crise é no setor real. Vai derrubar a economia americana e estabelecer um teto de crescimento para as economias articuladas, como a do Brasil.

Torça para que se chegue a 2010 com esses 4%. Não há inovação, o discurso populista se torna translúcido, a prática política tradicional se acentua, a economia tem teto, os setores do governo não têm motivação, a ideologia é sepultada.

Ao seguir a escola americana, termina justificando a francesa. A queimadura já é de segundo grau e avança.

O apagão dos apagões é o apagão de criatividade. O governo Lula acabou. Sua intuição sabe disso. Por isso, as vaias doeram tanto. O eleitor percebeu antes dos analistas.


CESAR MAIA , 62, economista, é prefeito da cidade do Rio de Janeiro pelo DEM.

terça-feira, setembro 04, 2007

JORNALISMO PARTICIPATIVO SERÁ UMA TENDÊNCIA IMPORTANTE, INCLUSIVE AOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

DIZ DAN GILLMOR, CONSIDERADO O GURÚ MUNDIAL DO JORNALISMO CIDADÃO

Trechos da entrevista a El Tiempo da Colômbia.

1. O jornalismo cidadão é muito importante nas democracias frágeis ou imaturas, por causa da tendência dos governos interferirem na liberdade de expressão e na liberdade de imprensa. Uma imprensa forte e confiável, que inclua as organizações com um papel nos grandes meios tradicionais de comunicação, é necessária para qualquer democracia prosperar. Não vejo como o jornalismo cidadão pode funcionar bem num vazio, sem um sentido de liberdade de imprensa em geral.
2. Também podem convidar o público a participar do próprio processo de jornalismo, solicitando ajuda para histórias e investigações. Levar o jornalismo aos leitores poderia melhorar a qualidade e a credibilidade do repórter, caso isso se faça de maneira correta.
3. Os blogs, que focam temas de nicho (tais como a tecnologia), estão provando ser rentáveis. Também há grandes organizações, como OhmyNews. Investidores estão colocando grandes quantidades de dinheiro nesse campo. Mas é um pouco cedo para dizer que sabemos quais os modelos de negócios autônomos vão funcionar.
4. Sim, necessitamos ajudar os jornalistas cidadãos a entender os princípios do bom jornalismo.
5. A ameaça ao jornalismo tradicional é mais financeira do que jornalística, pois as novas categorias de companhias estão tomando conta das receitas da publicidade. Não estou a favor de substituir o jornalismo tradicional, porque sinto que o necessitamos. Mas acredito que um ecossistema de mídia mais diversificada é uma boa coisa, especificamente para o público.
6. Como assinalei, creio que a participação do público é essencial para o futuro do jornalismo tradicional na maioria dos casos. Uma coisa que sabemos que não funciona bem é montar a página web e esperar que a gente a use.
7. Que poderia aprender o jornalismo de experiências, como YouTube, Wikipedia, MySpace, e inclusive eBay? Principalmente o valor das redes e a conversação.

O PARAGUAI ESTÁ UMA VEZ MAIS NO CAMINHO DE UM GRAVE IMPASSE POLÍTICO, COM DESDOBRAMENTOS VIOLENTOS.

Tudo parece apontar para a impugnação jurídica da candidatura do ex-Bispo Fernando Lugo para competir nas eleições presidenciais de 20/04/2008 – e, hoje, conta ele com pouco mais de 60% das intenções de voto. Isso porque, embora ele houvesse abdicado, junto ao Vaticano, à sua condição de Bispo, permanece um prelado da Igreja Católica e a Constituição proíbe a um “ministro de qualquer confissão religiosa” ocupar a Presidência da República. Diante dessa perspectiva, Lugo fez uma “convocação à rebelião”, ameaçando colocar gente nas ruas em caso de sua inabilitação. Isso está sendo interpretado por alguns como um “levantamento contra a Constituição” e uma “exortação à desobediência civil”.

CICLOS OU PROGRESSÃO CONTINUADA!

SERGEI SUAREZ DILLON SOARES - da direção social do IPEA - e especializado em Educação. (trechos)

1- O Brasil se caracteriza por um altíssimo nível de repetência. Apenas Angola tem taxas tão altas quanto as brasileiras. As evidências qualitativa e quantitativa estabelecendo um elo entre a repetência e a evasão escolar são extensas. No entanto, há pouca discussão no Brasil sobre o impacto da repetência no contexto internacional.
2- O objetivo deste texto é usar os dados de duas avaliações internacionais - em matemática e ciências (Trends in International Mathematics and Science Study, Timss) e em leitura (Progress in International Reading Literacy Study, PIRLS) - para estimar em que medida as políticas de combate à repetência têm impactos negativos sobre o desempenho em testes padronizados.
3- Para estimar este impacto, usei tanto comparações univariadas dos resultados de países com diversas políticas com relação à progressão continuada, como também análise de regressão na qual cada país representa uma unidade.
4- Os resultados mostram que as políticas de progressão continuada não exercem qualquer impacto negativo sobre o desempenho escolar dos alunos. Ao contrário, verifica-se um impacto positivo de políticas de progressão continuada sobre os resultados dos exames, embora estes não sejam significativos devido ao baixo número de observações na amostra.
Texto completo aqui.

REMESSAS DE MIGRANTES A SEUS PAÍSES DE ORIGEM ALCANÇA 300 BILHÕES DE DÓLARES NO ANO!

Financial Times
Famílias Transnacionais! Trechos.

Os números mais recentes do Banco Mundial listam 14 países onde o dinheiro enviado pelos que emigraram é responsável por 15% ou mais da produção econômica, como a Moldova, com 38%, ou a Jamaica com 16,4%. As remessas são uma parte maior da economia global do que jamais foram. Os emigrantes de países em desenvolvimento enviaram de volta US$ 206,3 bilhões (em torno de R$ 412,6 bilhões) em 2006, de acordo com o Banco Mundial, quase sete vezes o nível de 1990. Esses são os números oficiais - não oficialmente, eles podem dobrar. Baseada em extensas pesquisas, Manuela Orozco, especialista de remessas do instituto de Diálogo Inter-Americano de Washington, estima que a quantia total enviada para o mundo em desenvolvimento no ano passado foi de US$ 298 bilhões (em torno de R$ 600 bilhões), muito mais do que a estimativa do Banco Mundial.

MENSALÃO!

Num regime parlamentar com toda a múltipla base do governo atingida pelas decisões do STF, o governo teria caído e seriam chamadas novas eleições.
E as acusações do advogado do Duda Mendonça dizendo que quem mandou abrir conta no exterior foi o PT. Portanto o PT tem uma conta abastecedora no exterior. Sendo assim, é grave crime eleitoral. O TSE vai deixar pra lá?

O Alto Custo da Falta de Oposição

Jorge Oviedo - La Nacion.

A forma de procedimento do atual governo demonstra, uma vez mais, sua vontade política de executar, sem deter-se no debate político que se exige para garantir a transparência fiscal e a divisão de poderes. A vontade de manobrar os recursos sem nenhum debate, por cima da Constituição e das leis, é um retrocesso institucional.

Mas nada pode deixar de ser mais curioso que este procedimento com rasgos de autoritarismo, ocorrer, desta feita, quando os partidos políticos não estão proscritos e, apesar de o desejo hegemônico ser inegável, e que não se arrisque nem a vida, nem a liberdade ao fazer oposição. O procedimento empregado para autorizar a aplicação no meio
da noite uma colossal quantidade de recursos é tão assombroso, quanto é evidente a incapacidade de os opositores de impedi-lo ou sequer de dificultá-lo.
Pode dizer-se, com justiça, que nenhum dos governos democráticos anteriores foi tão longe. E, sobretudo porque Kirchner e os seus gostam da comparação com o riojano, pode afirmar-se que Menem não fez com o orçamento coisas semelhantes. E não as fez, entre outras razões, muito provavelmente porque a oposição o impediu.

A Constituição foi reformada em 1994 e autorizou os decretos com "necessidade e urgência", (DNU), na condição de serem debatidos num plenário de ministros. Kirchner assinou centenas desses decretos, afirmando que o fazia “de acordo” com os ministros, quando se sabe que não realizou sequer uma reunião do gabinete. E ele conhece bem o texto constitucional, pois foi constituinte que a reformou.

Os opositores dizem ter temores de mostrarem-se juntos diante de temas de gravidade institucional, porque receiam despertar na população o fantasma do fracasso da democracia.

sábado, setembro 01, 2007

DEBATER EM REDE COM VISTAS A DECISÕES É AVANÇO QUE CHEGA AO STF!

As fotos apresentadas pelo Globo das telas dos laptops dos ministros do STF com os e-mails analisando o quadro do processo do mensalão durante a acusação do procurador geral e as defesas dos advogados dos réus, são dados extraordinariamente positivos. O diálogo eletrônico - em tempo real - durante o processo, permite que as reações ainda não racionalizadas sejam repassadas e analisadas por todos os que receberam e com isso a probabilidade de um julgamento adequado aumenta exponencialmente.
Sabemos agora que os ministros não são juizes isolados dentro de uma redoma, onde o resultado final é uma simples maioria aritmética. Isso seria muito delicado e complexo, pois uma diferença de um voto significaria um enorme risco de julgamento. Com a troca de opiniões preliminares, cada ministro vai levar em conta o que acha e o que os demais opinam, apurando muito mais sua decisão final.

E isso ser feito em tempo real durante o julgamento, com o contato direto com os argumentos apresentados e não com registros em rascunho para reflexão 3 a 4 dias depois, aumenta em muito o critério, o rigor, e a probabilidade de acerto dos julgamentos.

A matéria trouxe uma informação preciosa que dá a todos uma tranqüilidade muito maior da justeza das decisões.

RODADA DE PESQUISAS IPSOS NA AMÉRICA LATINA! Primeiro resumo.

1. Chávez não aparece como líder regional. Sua imagem é negativa na maior parte dos países pesquisados. É positiva na Argentina e Equador, e é negativa na Bolívia, México, Peru e Brasil. Imagem de Lula aparece positiva em todos esses países.
2. Em geral o ambiente é de otimismo. Brasil incluído, como o GPP mostrou na pesquisa de maio.
3. Da mesma forma que no Brasil, o fator econômico é o primeiro fator determinante da popularidade dos presidentes. A queda da popularidade em países periféricos como os da América Latina, com ciclo econômico descendente é mais rápida, pois os setores médios dos países desenvolvidos têm mais gordura para gastar.
4. O segundo fator que sustenta a popularidade de Chávez - na Venezuela - são os programas assistenciais. 80% dos venezuelanos tiveram contato com o programa Missiones - ou foram beneficiados ou conhecem alguém que o foi. Entre esses 80% a aprovação de Chávez sobe para 89%. Entre os 20% que não foram cai para 25%.
5. Os venezuelanos aprovam amplamente as nacionalizações, mas condenam o fechamento da rede de TV.
6. Problema aberto: desemprego. Problema latente: segurança.