quinta-feira, julho 20, 2006

Pomar e as tentações totalitárias




A preocupação de Pomar com a Internet se justifica. Na rede, o PT e as esquerdas sempre foram minoria. Aqui e no mundo. Basta ver a importância que os blogueiros tiveram nas duas eleições de George W. Bush nos EUA: desfizeram mitos, apontaram mentiras, desmoralizaram sólidas reputações politicamente corretas. Assim como a esquerda é hegemônica na mídia impressa, o pensamento que “eles” chamam “conservador” ou de “direita” é hegemônico na rede. E só uma palavra explica isso: LIBERDADE. O indivíduo — e é isso o que é o autor de um blog — é a morte do totalitarismo. Existem duas grandes “distopias” sobre o triunfo totalitário. E ambas tratam justamente do fim da vontade: 1984, de George Orwell, e os textos de Antonio Gramsci sobre o Moderno Príncipe. Orwell, claro, era crítico da tragédia comunista. Gramsci, um entusiasta. Pomar, aliás, está previsto no texto do teórico comunista. Vocês se lembram de que este moço tentou ganhar a presidência do PT e chegou a ser bastante ácido com Ricardo Berzoini, Delúbio e companhia. Perdeu e agora se propõe a ser o vigilante do pensamento alheio. Era o que Gramsci prescrevia: as pessoas haveriam de se mobilizar contra ou a favor determinada coisa, mas sempre tendo como referência o partido, tornado, então, um imperativo categórico. Se você pedir a Pomar que justifique tecnicamente a afirmação de que “as estatais foram vendidas a preço de banana”, ele não vai conseguir porque é mentira. Será obrigado a alegar o seu direito de ter uma opinião e de se expressar livremente. E, no entanto, ajudará a distribuir o panfleto do tais "movimentos sociais" com essa afirmação. Mas esse direito, entende-se, apenas a alguns é concedido: àqueles que já fizeram a opção ou se deixaram contaminar pelo Moderno Príncipe. Não se iludam: a “esquerda” do PT nunca foi melhor do que a “direita” do PT. Petismo não é como colesterol: inexiste a versão HDL.

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