sexta-feira, julho 28, 2006

A história de Atefah, uma menina iraniana

Atefah Sahaaleh foi descrita pela corte como tendo 22 anos


Contra quem estamos lutando? Leiam na BBC Brasil (
clique aqui), a história de Atefah, uma menina que foi enforcada no Irã, no dia 15 de agosto de 2004, acusada de crimes contra a castidade. A BBC exibiu o documentário na TV. O site informa que “o jornal estatal a acusava de adultério e afirmava que ela tinha 22 anos. O fato era que ela tinha apenas 16 e não era casada.” Ainda segundo a BBC, “na época do enforcamento de Atefah, na cidade de Neka, a jornalista Aiseh Amini ouviu rumores de que ela era apenas uma adolescente e resolveu descobrir mais sobre o caso. ‘Quando encontrei a família, eles me mostraram a certidão de nascimento e de óbito. Ambos diziam que ela havia nascido em 1988. Isso me deu legitimidade para investigar o caso’, disse Amini.” A história é um ciclo de horrores. Presa pela polícia religiosa, ela foi estuprada por um guarda. Bem, vejam lá. O fato é que uma mulher “atentar contra a castidade” naquela "democracia islâmica" pode resultar na morte. Os relativistas, que odeiam Bento 16 porque ele “recomenda” a castidade aos católicos, tendem a achar que o Irã tem direito a seus costumes; que não podemos, ora vejam!, pensar o mundo a partir dos valores ocidentais. Já os iranianos não só podem financiar grupos terroristas no Ocidente, como fazem isso para se defender das permanentes agressões do imperialismo. Não sou exatamente um admirador incondicional de Samuel Huntington e seu O Choque de Civilizações. Mas me parece inconteste que o valor fundamental da dita “civilização ocidental” que ofende o Islã se chama “direito de escolha”. Sob a desculpa de que nunca se é integralmente livre, totalitários das mais variadas espécies justificam as violências coletivas. Não! É muito mais do que coincidência o fato que de as esquerdas mundo afora tenham adotado a defesa do “direito” de as sociedades islâmicas imporem a crueldade a seu próprio povo e de exportá-la. O regime iraniano é o que há de mais próximo do fascismo no mundo contemporâneo. Ele não precisa ser compreendido. Precisa ser combatido e vencido. Edward Said, em Orientalismo, sustenta que o Ocidente “inventou” um Oriente, um “outro” a partir de sua própria visão de mundo, de sua própria história e necessidades econômicas. É uma falácia vitimista. Há muito tempo os desastres humanistas do mundo islâmico são obra dos próprios islâmicos. Quem quiser se inteirar melhor do assunto deve ler A Crise do Islã – Guerra Santa e Terror Profano do brilhante orientalista Bernard Lewis. Muita gente boa o contesta e acha a sua visão, digamos, “ocidentalista” demais. Mas não é coincidência que seja combatido especialmente pelas esquerdas, que ignoram a essência autoritária de uma cultura, fazendo crer que a virulência antiocidental do Islã é contingente e, no fundo, motivada pelo próprio adversário. Atefah e uma vítima que não comove o mundo.

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