quinta-feira, julho 27, 2006

Copom inventa a NAIRU dos juros


“Ai, que preguiça!” É a máxima macunaímica. "O Copom entende que a preservação das importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, poderá demandar que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzida com maior parcimônia". É parte do conteúdo da ata que reduziu a Selic de 15,25% para 14,75% ao ano. A Madame Natasha, do Elio Gaspari, vai conceder uma bolsa de estudo aos çábios para que substituam o pavoroso “poderá demandar que a flexibilização adicional da política monetária seja reduzida” por um simples e ligeiro: “Os juros cairão em ritmo mais lento”. Ou, na versão virótica, “não cairão mais”. Era batata! Não foi aqui mesmo que dissemos há dias? Tão logo houvesse a “ameaça” de o juro real cair para um dígito, ainda que com a fração pendurada, apareceria um retranqueiro para mandar o time recuar. Esta questão é um fetiche. A escola econômica que está no poder entende que juro de um dígito traz inflação. Por quê? Eu não sei. Ignoro a existência de algum estudo que demonstre isso. Algo a ver com a nossa natureza, com o fato de sabiá cantar na palmeira em Gonçalves Dias (quando isso acontecer, ou palmeira ou sabiá está fora do lugar original), sei lá eu. É como se houvesse uma NAIRU dos juros: teríamos uma taxa de juros de equilíbrio que tem de ser de 10%. Dados o nosso clima, nosso samba, nosso jeitinho, os juros reais não podem cair abaixo disso sem que se crie um desequilíbrio, que trará inflação. E ponto final. O mais perverso nessa história é que o Copom ameaça brecar a queda dos juros “por causa das conquistas”. É o método Lula de raciocínio na versão mercado. O Apedeuta diz que os casos de corrupção aparecem porque há investigação; e o BC, que os juros precisam ser mantidos altos por causa das virtudes da economia.

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