sexta-feira, novembro 10, 2006

O macaco Mino

A norueguesa Seirstad: autora de 101 Dias em Bagda

Quem ainda não ouviu tem de ouvir o Podcast do Diogo Mainardi. Ele trata de Mino, personagem da reportagem “101 Dias em Bagdá”, da escritora norueguesa Asne Seirstad, autora também de O Livreiro de Cabul. Leiam o que diz Diogo: “Mino é um batedor de carteiras. Um patife. Um ladrúnculo da pior espécie. Digo ladrúnculo em virtude de sua estatura diminuta. Mino é pequeno. É grotescamente pequeno. É asquerosamente pequeno. Mino é asquerosamente pequeno e só pensa em roubar. Ele gosta de dinheiro. De dinheiro dos outros. Mino é conhecido por sua estatura diminuta, por sua falta de escrúpulos quando se trata de tomar o dinheiro alheio e por sua vozinha estridente, repulsiva”. Mino, leitor, é um macaco.

3 comentários:

Anônimo disse...

10/11/2006 19:15

Um País sem Justiça

Tenho vergonha de viver no Brasil. Trata-se, em primeiro lugar, de um País sem Justiça. Onde um pé rapado, mesmo o último dos imbecis, pode acusar os semelhantes de crimes hediondos sem correr risco algum. Onde pessoas honradas são ofendidas, insultadas, caluniadas sem prova. Onde o privilégio é de poucos, pouquíssimos, e onde a mídia cuida pontualmente dos interesses da minoria, em oposição nítida àqueles do País, até porque é um dos rostos do poder. Onde o esforço concentrado dos donos dos meios de comunicação se dá no sentido de entorpecer os espíritos e obnubilar as consciências. Onde batalhões de jornalistas chamam seus patrões de colegas. Onde senhores como Daniel Dantas, que compra literalmente vários profissionais midiáticos (profissionais? Prefiro Totó Riina, prefiro Provenzano, que estão na cadeia), são condenados mundo afora e aqui vivem à larga, e são até paparicados pelo ministro da Justiça, o eminente jurista Marcio Thomaz Bastos. Cujo escritório (diz ele, ex-escritório, de faces lavadas) me processa em nome do mesmo orelhudo Daniel Dantas. Corre o processo no penal porque, lá pelas tantas, tempos outros, escrevi que o próprio parecia ter condições de chantagear o herói da democracia nativa, o príncipe dos sociólogos Fernando Henrique Cardoso. Vamos à verdade factual. De volta de uma de suas viagens a Cayman, DD visitou o então presidente da República, e jantou com ele no Alvorada. Dias depois, punhado exíguo de dias, FHC nomeou Luiz Leonardo Cantidiano para a CVM e demitiu em bloco a diretoria da Previ. É do conhecimento até do mundo mineral que ambas as providências agradaram sobremaneira o dono do Opportunity. Manobras entre amigos, e aos amigos tudo, aos inimigos a lei. Não é que aqui, neste breve espaço, já nos passos conclusivos de uma vida austera e digna, tenha arrolado todas as razões da vergonha experimentada, neste exato instante, por viver no Brasil. Este é o País onde há quem diga que você não presta porque não mede um metro e oitenta, e o definem como ladrão sem incomodar-se com os verdadeiros ladrões. Em dia recente, um caluniador contumaz surgiu na minha frente, estava atrás da janela de um táxi e eu na calçada. Ele me viu, e o táxi, que já estacionava no meio fio, saiu de carreira. Trata-se de um covarde. Outras coisas poderia dizer dele, mas não cairei nos seus hábitos, ainda sou partidário da antiqüíssima máxima: in dubio pro reo. Covarde, no entanto, ele é, como um dos patrões dele, que também fugiu faz trinta anos, para ser preciso. E o homem tem um metro e oitenta. Quanto à minha estatura, de fato não é avantajada. Sou apenas do tamanho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que felizmente foi reeleito. Mas o caluniador, entendam, fisicamente não é tão grande assim. Aliás, eu o enxergo mínimo. Ele permite-se também imitações de alguém que fala o português do Brasil com sotaque italiano. Tenho infinito orgulho da minha origem italiana. Diga-se que na Itália existem a máfia e Berlusconi, mas a Justiça funciona. Se falamos, contudo, do Brasil, direi que vergonha não tenho do seu povo, tenho da sua elite, a despeito das exceções: vulgar, arrogante, feroz, predadora, ignorante, medieval. Presumida elite, disposta a arregimentar jagunços e sabujos, armas e penas de aluguel. Aliás, tempos para cá, pronuncio e escrevo a palavra povo com deleite cada vez maior. E sou mais brasileiro do que muitos. Eles não gozam de mérito especial por terem nascido no Brasil. Eu o escolhi.
enviada por mino
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Anônimo disse...

Gostaria de saber se esse macaco também sabe escrever carta.

Anônimo disse...

Tio Wal,

Ouvi o pod cast do Mainardi há um tempo.
É muuuuito melhor que bom...Acontece que comentar requer uma sintonia fina que só ele, vc e alguns pouquíssimos possuem.

De minha parte, aplaudo e peço bis.
Não li mas certamente lerei o livro.
Nesse hotel tem outros bichinhos?

Stella