O roteiro de viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será iniciado pela Venezuela. A decisão do governo brasileiro de escolher o coronel Hugo Chávez como o primeiro chefe de Estado a receber a visita do presidente reeleito é uma demonstração do prestígio que o atual ocupante do Palácio de Miraflores desfruta entre os integrantes da administração petista.
O encontro está programado para acontecer no dia 13 do corrente mês em Ciudad Guayana, considerada pelos venezuelanos o portal de entrada para a Amazônia, localizada aproximadamente a 700 km de Caracas.
Há uma sinalização muito clara de que a política externa do presidente Lula deve prosseguir sendo conduzida sob uma forte tônica ideológica. No plano multilateral, o Brasil amargou pesadas derrotas nos últimos anos, em todas as disputas das quais participou para presidir organismos internacionais (casos da OMC, do BID e da OIT).
O último equívoco ocorreu na recente eleição para a presidência da Organização Mundial de Saúde – OMS. O Brasil, ao invés de apoiar o candidato do México (única nação latino-americana envolvida no pleito), decidiu cabalar votos para a China, que prontamente declarou que não retribuiria votando em nosso candidato na próxima disputa, quando será definida a liderança da União Internacional de Telecomunicações.
O estreitamento dos laços entre os palácios do Planalto e de Miraflores é um movimento que abriga todos os ingredientes capazes de transformar essa parceria em nó cego. A postura do presidente Hugo Chávez vem sendo assumidamente a do confronto, sem poupar os seus desafetos de qualificações inadequadas. O mundo assistiu ao referido mandatário, na última abertura da assembléia-geral da ONU, qualificar o presidente norte-americano com expressões grosseiras.
Essa “aproximação” com a Venezuela, bem como todas as regalias oferecidas ao governo Chávez, são questionáveis tanto do ponto de vista estratégico como econômico. O que temos presenciado é o senhor Chávez estimular o colega Evo Morales nas fases mais difíceis do contencioso Brasil–Bolívia, o qual aliás é um imbróglio ainda pendente.
Na abertura solene de um encontro de cúpula realizado em março de 2005, cujo cenário coincidentemente era Ciudad Guayana, o presidente Lula, nos seus habituais improvisos, protagonizou um dos momentos de defesa mais ardorosa do seu colega venezuelano. Para uma platéia na qual se enxergavam do primeiro-ministro espanhol Luis Rodríguez Zapatero ao presidente da Colômbia Álvaro Uribe, o presidente Lula bradava que não aceitava “insinuações contra companheiros”, à época uma referência às avaliações feitas pela Casa Branca de que a gestão Hugo Chávez representava um foco de desestabilização da América Latina.
É inegável que a política externa do senhor Chávez possui um caráter personalíssimo e está dissociada dos interesses comuns do bloco sul americano. Portanto, insistir nessa parceria – e o que é mais grave, aprofundá-la – envolve riscos consideráveis. Nesse contexto, a tentativa de caracterizá-la como estratégica é no mínimo polêmica.
Ao que tudo indica, o pano de fundo da primeira viagem do presidente reeleito será a inauguração de uma ponte construída com tecnologia e apoio financeiro do Brasil, uma travessia 3.156 metros a um custo aproximado de US$ 1,240 bilhão, unindo as duas vertentes do rio Orinoco, perto de Ciudad Guayana.
A estreita ligação estabelecida pelo atual governo com o presidente Chávez é potencialmente tão perigosa como as 380 mil ligações feitas para a presidência da República no emaranhado do episódio do dossiê fraudado, devidamente rastreadas nas investigações em curso pela Polícia Federal.
Em passado não muito longínquo, o Brasil foi o mentor da criação de um grupo denominado “amigos da Venezuela”, uma iniciativa diplomática meritória para pôr fim ao impasse interno naquele país.
O que desejamos, verdadeiramente, é que o presidente da República seja “amigo do Brasil”.
O encontro está programado para acontecer no dia 13 do corrente mês em Ciudad Guayana, considerada pelos venezuelanos o portal de entrada para a Amazônia, localizada aproximadamente a 700 km de Caracas.
Há uma sinalização muito clara de que a política externa do presidente Lula deve prosseguir sendo conduzida sob uma forte tônica ideológica. No plano multilateral, o Brasil amargou pesadas derrotas nos últimos anos, em todas as disputas das quais participou para presidir organismos internacionais (casos da OMC, do BID e da OIT).
O último equívoco ocorreu na recente eleição para a presidência da Organização Mundial de Saúde – OMS. O Brasil, ao invés de apoiar o candidato do México (única nação latino-americana envolvida no pleito), decidiu cabalar votos para a China, que prontamente declarou que não retribuiria votando em nosso candidato na próxima disputa, quando será definida a liderança da União Internacional de Telecomunicações.
O estreitamento dos laços entre os palácios do Planalto e de Miraflores é um movimento que abriga todos os ingredientes capazes de transformar essa parceria em nó cego. A postura do presidente Hugo Chávez vem sendo assumidamente a do confronto, sem poupar os seus desafetos de qualificações inadequadas. O mundo assistiu ao referido mandatário, na última abertura da assembléia-geral da ONU, qualificar o presidente norte-americano com expressões grosseiras.
Essa “aproximação” com a Venezuela, bem como todas as regalias oferecidas ao governo Chávez, são questionáveis tanto do ponto de vista estratégico como econômico. O que temos presenciado é o senhor Chávez estimular o colega Evo Morales nas fases mais difíceis do contencioso Brasil–Bolívia, o qual aliás é um imbróglio ainda pendente.
Na abertura solene de um encontro de cúpula realizado em março de 2005, cujo cenário coincidentemente era Ciudad Guayana, o presidente Lula, nos seus habituais improvisos, protagonizou um dos momentos de defesa mais ardorosa do seu colega venezuelano. Para uma platéia na qual se enxergavam do primeiro-ministro espanhol Luis Rodríguez Zapatero ao presidente da Colômbia Álvaro Uribe, o presidente Lula bradava que não aceitava “insinuações contra companheiros”, à época uma referência às avaliações feitas pela Casa Branca de que a gestão Hugo Chávez representava um foco de desestabilização da América Latina.
É inegável que a política externa do senhor Chávez possui um caráter personalíssimo e está dissociada dos interesses comuns do bloco sul americano. Portanto, insistir nessa parceria – e o que é mais grave, aprofundá-la – envolve riscos consideráveis. Nesse contexto, a tentativa de caracterizá-la como estratégica é no mínimo polêmica.
Ao que tudo indica, o pano de fundo da primeira viagem do presidente reeleito será a inauguração de uma ponte construída com tecnologia e apoio financeiro do Brasil, uma travessia 3.156 metros a um custo aproximado de US$ 1,240 bilhão, unindo as duas vertentes do rio Orinoco, perto de Ciudad Guayana.
A estreita ligação estabelecida pelo atual governo com o presidente Chávez é potencialmente tão perigosa como as 380 mil ligações feitas para a presidência da República no emaranhado do episódio do dossiê fraudado, devidamente rastreadas nas investigações em curso pela Polícia Federal.
Em passado não muito longínquo, o Brasil foi o mentor da criação de um grupo denominado “amigos da Venezuela”, uma iniciativa diplomática meritória para pôr fim ao impasse interno naquele país.
O que desejamos, verdadeiramente, é que o presidente da República seja “amigo do Brasil”.
Senador Alvaro Dias, líder da Oposição e vice-presidente nacional do PSDB
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
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