segunda-feira, novembro 27, 2006

Ainda em Dagobah - UM GUIA PARA OS AGENTES DA RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA

Continuação da matéria "Em Dagobah", postada em 20/11/2006

1 – TENHA CORAGEM
Não tenha medo: você está a favor da lei. E, sobretudo, está com a razão. Quem deve ter medo são os que violaram as leis, estão corrompendo os bons costumes, pervertendo a política e degenerando as instituições.
Resistir à ilegalidade, repudiar as investidas ilegítimas contra o processo democrático e os atentados ao Estado de Direito, não ser conivente com o crime, nem leniente com os criminosos e denunciar as irregularidades é um direito e um dever dos cidadãos.

2 – ASSUMA SEU COMPROMISSO COM A DEMOCRACIA
A democracia é o valor principal da vida pública. Tudo – qualquer evento, qualquer proposta – deve ser avaliado, medido e pesado, do ponto de vista da democracia. Diante de qualquer situação política, comece sempre fazendo a seguinte pergunta: isso ajuda ou atrapalha o avanço do processo de democratização da sociedade brasileira?
Aprenda a desconstituir os argumentos falsamente democráticos, do tipo:
a) “Democracia é o regime da maioria”;
b) “Democracia é a lei do mais forte (daquele que tem maioria, sendo, no caso, mais forte, aquele competidor que tem mais votos)”;
c) “Democracia é a regra do jogo estabelecido para verificar quem tem mais audiência e, assim, entregar os cargos públicos representativos ao detentor do maior índice de popularidade”;
d) “Democracia é fazer a vontade do povo”;
e) “Os votos da maioria da população estão acima das decisões das instituições democráticas e dos julgamentos dos tribunais”;
f) “Para um governo ser democrático basta ter sido eleito sem fraude pela maioria da população”;
g) “Quem tem maioria tem sempre legitimidade”;
h) “Um grande líder identificado com o povo pode fazer mais do que instituições cheias de políticos corruptos”;
i) “Não adianta ter democracia se o povo passa fome”;
j) “Não adianta ter democracia política se não for reduzida a desigualdade social”.

3 – REJEITE A REALPOLITIK
Jamais aceite a tese autocrática – da chamada realpolitk – segundo a qual a política é uma guerra permanente, uma guerra onde vale-tudo, onde, o que conta, em última instância, é apenas o poder.
É preferível ficar fora do poder por algum período – curto ou longo – do que corromper a própria alma para sobreviver como um zumbi, um militante deformado, um degenerado político.

4 – DEMONSTRE, COM SUA PRÁTICA, QUE OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS
Recuse-se a usar as mesmas armas dos agentes do poder corrupto: não minta, não calunie, não articule golpes, aja sempre dentro da lei e respeitando os princípios da política democrática. Admita que você pode errar por ignorância ou inexperiência, mas nunca se permita agir com falsidade deliberada.
Se você se igualar nos métodos ao seu adversário, todo o seu esforço em prol da retomada do processo de democratização da sociedade terá sido inútil.

5 – DIGA NÃO À IMPUNIDADE
Não aceite nem colabore, em hipótese alguma, com qualquer tentativa de acordo ou pacto com o poder corrupto. Lembre-se: eles se colocaram fora do campo da legitimidade democrática e nessa condição permanecerão enquanto não reconhecerem suas culpas e pagarem pelos seus crimes e atentados à democracia.
Aprenda a desmascarar os falsos pretextos apresentados pelos malfeitores para permanecer impunes. Aprenda a mostrar que a governabilidade é, quase sempre, um expediente para garantir a estabilidade da dominação de quem está no poder. Diante de qualquer proposta de acordo, de pacificação dos ânimos, pergunte sempre: se Lula tivesse perdido a eleição, o PT estaria propondo algum tipo de acordo pelo bem do país? Por que então não propôs em 1994 ou em 1998, mas, pelo contrário, adotou logo o lema “FORA FHC”, sendo que o atual ministro da coordenação política (ou coisa semelhante) de Lula chegou a pedir publicamente a renúncia ou o impeachment do ex-presidente Fernando Henrique no mês seguinte à sua posse na reeleição?

6 – DESPREZE AS AMEAÇAS
Não acredite nas ameaças dos chefes do poder corrupto de que o Brasil vai ser palco de uma conflagração social se as oposições não se renderem ao governo. Tais ameaças são feitas apenas com o objetivo de impedir que a oposição cumpra o seu dever de ser e fazer oposição.

7 – DECODIFIQUE O DISCURSO DO CHEFE
Aprenda a decodificar o discurso do chefe do governo. Com o propósito de confundir e iludir a opinião pública ele sempre declara exatamente o contrário do que está fazendo ou pretendendo fazer. Se ele diz que não atacará o adversário, é sinal de que atacará. Se ele diz que quer apurar o crime do falso dossiê, é sinal de que colocará todos os obstáculos para que se chegue a desvendar a origem do dinheiro e da trama na qual estão envolvidos seus homens. Se ele diz que punirá rigorosamente os culpados (por quaisquer dos seguidos escândalos que seu governo patrocinou), é sinal de que já arrumou um jeito de não punir ninguém. Tudo o que ele diz, vale, sim, porém com o sinal trocado. Para decodificar Lula, é simples: basta inverter o sinal.

8 – NÃO DÊ MUITO CRÉDITO ÀS OPOSIÇÕES PARTIDÁRIAS
Dê pouco crédito ao que dizem os líderes dos partidos de oposição. Considere que eles são os responsáveis, em grande parte, pela situação em que nos encontramos. Pergunte-se sempre: como posso confiar em gente que demonstrou tanta falta de visão estratégica, de inteligência política e de compreensão do valor da democracia? Como posso confiar no juízo de líderes que sacrificaram a lei e os valores maiores da República no altar de suas próprias conveniências e interesses políticos pessoais, blindando Lula e apostando irresponsavelmente nossos destinos na loteria do calculismo eleitoreiro?

9 – IDENTIFIQUE A QUADRILHA
Aprenda a identificar os chefes e os membros da quadrilha denunciada, em parte, pelo Procurador Geral da República. Não são todos os petistas que pertencem ao grupo que comanda e participa do esquema de poder corrupto. Para identificar o núcleo dirigente dessa organização abrigada dentro do PT é necessário mapeá-la a partir do levantamento da trajetória dos militantes da tendência Articulação (sobretudo dos militantes mais próximos a Dirceu, identificado pelo Ministério Público como chefe de sofisticada organização criminosa cujo objetivo era reter o poder nas suas mãos), e dos grupos de assessores, antigos militantes políticos de organizações da esquerda armada e ex-sindicalistas mais próximos de Lula. Dentre esses quadros alguns têm (outros tinham, antes de serem derrubados pelos escândalos) cargos formais no governo (inclusive no primeiro escalão), ou em empresas estatais e organizações para-estatais, fundos de pensão ou no próprio partido, porém boa parte não.
Mas não se iluda com a honestidade e a sinceridade da maioria dos petistas. De uma forma geral todos os petistas militantes – e inclusive alguns filiados e simpatizantes – que permanecem no partido depois de tudo o que aconteceu, são reprodutores de uma cultura política antidemocrática. Essas pessoas, mesmo diante de fortes evidências dos crimes cometidos pela quadrilha, ainda são capazes de buscar justificativas para os “erros” de seus pares. Quando não conseguem fazer isso, em geral inventam estranhas teorias conspiratórias, como, por exemplo, a de que tudo não passou de uma armação dos meios de comunicação a soldo ou a serviço das elites (!).

10 – DESCUBRA OS AGENTES DISFARÇADOS À SERVIÇO DO PODER
Aprenda a reconhecer, por pequenos sinais, os agentes escondidos à serviço do PT ou de Lula. Eles estão em todos os lugares, mas atuam disfarçados, sob o manto da imparcialidade (em geral na imprensa), ou escudados por discursos acadêmicos, pretensamente científicos (por exemplo, nas Universidades).
Reinaldo Azevedo já publicou um excelente guia para o leitor se defender do jornalista picareta (nem todo jornalista picareta é cripto-petista ou cripto-lulista, mas todo jornalista cripto-petista ou cripto-lulista é picareta).
Não é difícil elaborar a lista dos jornalistas a serviço do poder (Diogo Mainardi já esboçou um elenco inicial em sua coluna na Veja). Bem mais difícil é elaborar a lista dos acadêmicos a serviço do PT, dada a sua extensão.

Para reconhecer e se defender do jornalismo picareta, veja o post abaixo.

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