terça-feira, março 25, 2008

POLÍTICA ELEITORAL: OFERTA OU DEMANDA?

1. Muitos cientistas políticos e muitos jornalistas políticos insistem em suas análises, pensar a política eleitoral como um processo de Oferta, simples oferta. Os marqueteiros influenciam muito os candidatos nesta direção. É como se vencesse quem "oferecesse" melhor. Como se fosse um supermercado de candidaturas. Os eufemismos com "mercado" ajudam esta confusão e produzem erros políticos graves.

2.
Na verdade as Eleições têm como base um processo de Demanda. Os eleitores não nasceram no dia das convenções e carregam suas idéias, valores, convicções, problemas, expectativas... por muitos anos. Este Blog já chamou a atenção para o fato que a Política tem raízes longas no tempo, pois é transmitida por proximidade, ou seja, os próximos aos lideres, que vão recebendo a experiência anterior em geral oralmente, em reuniões e assembléias e debates e conversas.


3.
Claro que há exceções a essa regra, como comunicadores, artistas, esportistas, personagens que ganharam notoriedade em suas profissões... Mas representam, se muito, 20% na formação dos quadros políticos.


4.
A análise de longo prazo da "demanda" eleitoral, permite aos analistas - politólogos ou jornalistas ou políticos - perceberem por baixo do nível do mar, correntes que impulsionam a política nesta ou naquela direção, e que configuram "demandas" construídas através do tempo e de ampla permanência, que sofrem os ajustes no tempo.


5.
Uma vez identificadas estas "correntes marinhas" os candidatos e governos, saberão muito melhor em que direção "nadar" e como se comunicar com a corrente, ou as correntes, que os reconheçam - ou os possam reconhecer - como referência de voto. E sendo assim a probabilidade de sinergia é muito maior.


6.
Muitas vezes um candidato - até com bom potencial de crescimento lê as pesquisas, e vê os temas mais destacados e ajusta sua comunicação para tratar deles. Só que estes temas podem não ser da "corrente" que o tem como referencia, e com isso eles são arrastados pelas correntes de outros, para muito longe de seu objetivo. E - no final - se tenta explicar o fracasso por uma campanha mal feita, por um debate, pela publicidade, etc. Na verdade, 'pegou o trem errado'.


7.
Quem quiser participar de uma eleição com chance, antes de ser reativo aos temas conjunturalmente dominantes e de contratar um bom publicitário, deveria - com sua equipe, incluindo pelo menos um bom politólogo e pelo menos um político sênior, identificar que "correntes marinhas" são essas, e qual delas corresponde à sua trajetória política.

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