Eduardo Graeff - cientista político - secretário geral da presidência FHC. Trechos do artigo no Estado de São Paulo de 14/10/2007
1. Os democratas - EUA - são bons de Políticas e ruins de política. Bons para diagnosticar objetivamente e propor soluções razoáveis para os problemas do país. Ruins para lidar com as crenças e valores básicos do eleitor. Acontece que essas crenças e valores, carregados de emoção, ditam as preferências eleitorais muito mais do que a análise racional das propostas dos candidatos.
2. O equilíbrio precário entre razão e emoção na política e no comportamento humano em geral não é novidade. Westen se apóia nos pais da matéria, para apresentar os próprios achados de professor de psicologia e pesquisador em neurociência. Num experimento na reta final da eleição presidencial de 2004, ele mostrou a republicanos e democratas de carteirinha slides com declarações flagrantemente contraditórias de ambos os candidatos. A maioria reconheceu a contradição no adversário, mas não no próprio candidato.
3. O cérebro político é um cérebro emocional. O eleitor decide primeiro com as "tripas" (ou o coração, diríamos) e só depois busca racionalizações para a decisão tomada. Os Estados Unidos têm um sistema bipartidário enraizado em 150 anos de história; um terço dos eleitores é democrata, um terço republicano, e eles normalmente votam com os respectivos partidos. A ampla maioria, independentemente de filiação partidária, compartilha os valores do "sonho americano", que combina fé em Deus, na Constituição, na comunidade próxima e no esforço individual. Não preciso listar as diferenças óbvias.
4. Não adianta ter propostas dos melhores especialistas para tudo quanto é problema social e econômico se falta ao partido e seus candidatos um núcleo básico de valores pelos quais estejam prontos a brigar. Também não basta ter valores. É preciso pregá-los sem medo de ser repetitivo e traduzi-los em declarações de princípio que mostrem ao eleitor que o candidato conhece seus problemas e sabe como enfrentá-los, mesmo sem entrar em detalhes.
5. A biruta das pesquisas de opinião não substitui a bússola das convicções. As pesquisas são fundamentais para mapear o terreno, apontar as áreas mais e menos férteis e ajudar o candidato a apurar a forma da sua mensagem. Querer extrair das pesquisas o conteúdo da mensagem é caminho certo para o desastre. O eleitor pode ser pouco informado, mas tem percepção apurada - como qualquer primata - para a insinceridade, a hesitação, o medo, em última análise.
6. Onde não há controvérsia não há emoção. Evitar os temas controvertidos é outro atalho para a derrota. Idem evitar a todo custo propaganda negativa do e contra o adversário. As emoções positivas e negativas andam juntas. Querer trabalhar só o positivo é deixar o adversário correr solto em metade do "cérebro político" e acabar cedendo para ele o campo inteiro.
1. Os democratas - EUA - são bons de Políticas e ruins de política. Bons para diagnosticar objetivamente e propor soluções razoáveis para os problemas do país. Ruins para lidar com as crenças e valores básicos do eleitor. Acontece que essas crenças e valores, carregados de emoção, ditam as preferências eleitorais muito mais do que a análise racional das propostas dos candidatos.
2. O equilíbrio precário entre razão e emoção na política e no comportamento humano em geral não é novidade. Westen se apóia nos pais da matéria, para apresentar os próprios achados de professor de psicologia e pesquisador em neurociência. Num experimento na reta final da eleição presidencial de 2004, ele mostrou a republicanos e democratas de carteirinha slides com declarações flagrantemente contraditórias de ambos os candidatos. A maioria reconheceu a contradição no adversário, mas não no próprio candidato.
3. O cérebro político é um cérebro emocional. O eleitor decide primeiro com as "tripas" (ou o coração, diríamos) e só depois busca racionalizações para a decisão tomada. Os Estados Unidos têm um sistema bipartidário enraizado em 150 anos de história; um terço dos eleitores é democrata, um terço republicano, e eles normalmente votam com os respectivos partidos. A ampla maioria, independentemente de filiação partidária, compartilha os valores do "sonho americano", que combina fé em Deus, na Constituição, na comunidade próxima e no esforço individual. Não preciso listar as diferenças óbvias.
4. Não adianta ter propostas dos melhores especialistas para tudo quanto é problema social e econômico se falta ao partido e seus candidatos um núcleo básico de valores pelos quais estejam prontos a brigar. Também não basta ter valores. É preciso pregá-los sem medo de ser repetitivo e traduzi-los em declarações de princípio que mostrem ao eleitor que o candidato conhece seus problemas e sabe como enfrentá-los, mesmo sem entrar em detalhes.
5. A biruta das pesquisas de opinião não substitui a bússola das convicções. As pesquisas são fundamentais para mapear o terreno, apontar as áreas mais e menos férteis e ajudar o candidato a apurar a forma da sua mensagem. Querer extrair das pesquisas o conteúdo da mensagem é caminho certo para o desastre. O eleitor pode ser pouco informado, mas tem percepção apurada - como qualquer primata - para a insinceridade, a hesitação, o medo, em última análise.
6. Onde não há controvérsia não há emoção. Evitar os temas controvertidos é outro atalho para a derrota. Idem evitar a todo custo propaganda negativa do e contra o adversário. As emoções positivas e negativas andam juntas. Querer trabalhar só o positivo é deixar o adversário correr solto em metade do "cérebro político" e acabar cedendo para ele o campo inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário