O continente sul-americano baniu os regimes totalitários, mas ainda convive com a presença de uma linhagem remanescente de governante belicista, despótico e truculento.
A postura do mandatário venezuelano, Coronel Hugo Chávez, de ‘feições macondianas', embora isolada no Palácio de Miraflores, retrata um verdadeiro paiol prestes a explodir.
A vocação do Brasil é pacifista. Mantemos um relacionamento cordial e fraterno com o nosso entorno. A paz estabelecida com os nossos 11 vizinhos foi reforçada por movimentos sucessivos em prol da prevenção e solução das controvérsias entre os países da região. O último conflito regional no qual estivemos envolvidos terminou nos idos de 1870 (guerra do Paraguai).
Devo enfatizar que a deflagração de uma guerra envolvendo nações sul-americanas é o mais abominável dos cenários que poderíamos vivenciar. O momento exige muito equilíbrio, reflexão e bom senso. A América do Sul não pode ser arrastada pela insensatez de um governante histriônico aspirante a Simon Bolívar.
O incidente na zona de fronteira entre Colômbia e Equador ocorreu a mais de 1.000 km da fronteira venezuelana. A reação do coronel Chávez foi uma clara tentativa de utilizar um acontecimento lamentável para reverter sua pouco confortável situação interna. Ele vem amargando derrotas sucessivas: a derrota no referendo constitucional, bloqueio dos bens da PDVSA (empresa petrolífera da Venezuela), sem falar do crescimento das legiões de opositores internos.
O presidente do Equador, Rafael Correa, se reuniu com o Presidente Lula. Tenho dúvidas se receber em Brasília, no ápice da crise, o presidente equatoriano foi a decisão mais acertada. Oferecer microfones e amplificar suas falas foi um risco não calculado.
A liderança do Brasil posta a serviço da solução dessa crise foi colocada à prova. Qualquer deslize na condução das negociações teria sido fatal. A retórica do presidente Rafael Correa reproduz o mesmo diapasão das declarações inflamadas do seu colega Hugo Chávez.
A inviolabilidade territorial é um dogma inegociável. É fato condenável a incursão feita pela Colômbia no território equatoriano, quando destruiu mais de 42 acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC. É igualmente inaceitável que o Equador não tenha mobilizado esforços para expulsar integrantes de uma organização criminosa que patrocina o tráfico de drogas e a indústria dos seqüestros.
Nas entrelinhas da doutrina bolivariana - escrita nas dúbias "estações do patriarca" - muitos capítulos foram esboçados sob a ciclotimia chavista. Nesse contexto, é ostensiva sua complacência com a ação das FARC.
Não há espaço para a tergiversação. Precisamos condenar e nos opor a qualquer opção bélica. O Brasil, respaldado por uma diplomacia respeitada em todo o mundo, deve dizer com todas as letras ao Coronel Chávez: chega de bravatas!
O papel exercido por Chávez durante a nacionalização da Petrobras na Bolívia não pode ser esquecido. Ele atuou desde a primeira hora contra os interesses brasileiros e não recebeu qualquer reprimenda do nosso governo.
É preciso lembrar que qualquer tentativa de qualificar as FARC como uma facção política anularia o nosso papel negociador nessa crise. Defendemos, desde a eclosão do conflito, que a Organização dos Estados Americanos - OEA - deveria ser o palco das negociações. Era visível que a ameaça maior vinha da intransigência no erro de certos protagonistas envolvidos.
A propósito, louvamos a aprovação unânime no âmbito do Conselho Permanente da OEA de uma resolução sobre o conflito. O consenso foi alcançado após exaustivas consultas entre Equador e Colômbia e aplaudida pelos 34 países-membros.
O Brasil deve ser interlocutor tanto do presidente Rafael Correa como do presidente Álvaro Uribe. Aliás, este reconheceu que a incursão militar invadiu território equatoriano. O pedido de desculpas formal foi apresentado de pronto. As eventuais sanções devem ser arbitradas pela OEA. Mediar o conflito é uma tarefa diplomática de alta envergadura que abriga muitas intempéries e não se subordina às estações impostas pelo coronel.
Senador Alvaro Dias - 2º Vice Presidente do Senado, vice-líder do PSDB
A postura do mandatário venezuelano, Coronel Hugo Chávez, de ‘feições macondianas', embora isolada no Palácio de Miraflores, retrata um verdadeiro paiol prestes a explodir.
A vocação do Brasil é pacifista. Mantemos um relacionamento cordial e fraterno com o nosso entorno. A paz estabelecida com os nossos 11 vizinhos foi reforçada por movimentos sucessivos em prol da prevenção e solução das controvérsias entre os países da região. O último conflito regional no qual estivemos envolvidos terminou nos idos de 1870 (guerra do Paraguai).
Devo enfatizar que a deflagração de uma guerra envolvendo nações sul-americanas é o mais abominável dos cenários que poderíamos vivenciar. O momento exige muito equilíbrio, reflexão e bom senso. A América do Sul não pode ser arrastada pela insensatez de um governante histriônico aspirante a Simon Bolívar.
O incidente na zona de fronteira entre Colômbia e Equador ocorreu a mais de 1.000 km da fronteira venezuelana. A reação do coronel Chávez foi uma clara tentativa de utilizar um acontecimento lamentável para reverter sua pouco confortável situação interna. Ele vem amargando derrotas sucessivas: a derrota no referendo constitucional, bloqueio dos bens da PDVSA (empresa petrolífera da Venezuela), sem falar do crescimento das legiões de opositores internos.
O presidente do Equador, Rafael Correa, se reuniu com o Presidente Lula. Tenho dúvidas se receber em Brasília, no ápice da crise, o presidente equatoriano foi a decisão mais acertada. Oferecer microfones e amplificar suas falas foi um risco não calculado.
A liderança do Brasil posta a serviço da solução dessa crise foi colocada à prova. Qualquer deslize na condução das negociações teria sido fatal. A retórica do presidente Rafael Correa reproduz o mesmo diapasão das declarações inflamadas do seu colega Hugo Chávez.
A inviolabilidade territorial é um dogma inegociável. É fato condenável a incursão feita pela Colômbia no território equatoriano, quando destruiu mais de 42 acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC. É igualmente inaceitável que o Equador não tenha mobilizado esforços para expulsar integrantes de uma organização criminosa que patrocina o tráfico de drogas e a indústria dos seqüestros.
Nas entrelinhas da doutrina bolivariana - escrita nas dúbias "estações do patriarca" - muitos capítulos foram esboçados sob a ciclotimia chavista. Nesse contexto, é ostensiva sua complacência com a ação das FARC.
Não há espaço para a tergiversação. Precisamos condenar e nos opor a qualquer opção bélica. O Brasil, respaldado por uma diplomacia respeitada em todo o mundo, deve dizer com todas as letras ao Coronel Chávez: chega de bravatas!
O papel exercido por Chávez durante a nacionalização da Petrobras na Bolívia não pode ser esquecido. Ele atuou desde a primeira hora contra os interesses brasileiros e não recebeu qualquer reprimenda do nosso governo.
É preciso lembrar que qualquer tentativa de qualificar as FARC como uma facção política anularia o nosso papel negociador nessa crise. Defendemos, desde a eclosão do conflito, que a Organização dos Estados Americanos - OEA - deveria ser o palco das negociações. Era visível que a ameaça maior vinha da intransigência no erro de certos protagonistas envolvidos.
A propósito, louvamos a aprovação unânime no âmbito do Conselho Permanente da OEA de uma resolução sobre o conflito. O consenso foi alcançado após exaustivas consultas entre Equador e Colômbia e aplaudida pelos 34 países-membros.
O Brasil deve ser interlocutor tanto do presidente Rafael Correa como do presidente Álvaro Uribe. Aliás, este reconheceu que a incursão militar invadiu território equatoriano. O pedido de desculpas formal foi apresentado de pronto. As eventuais sanções devem ser arbitradas pela OEA. Mediar o conflito é uma tarefa diplomática de alta envergadura que abriga muitas intempéries e não se subordina às estações impostas pelo coronel.
Senador Alvaro Dias - 2º Vice Presidente do Senado, vice-líder do PSDB
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