segunda-feira, janeiro 15, 2007

Winnetou, de Karl May: procura-se!

Loucura! Loucura! Loucura! Diretamente da imaginação fértil e romântica de um alemão chamado KARL MAY - um escritor que nunca pôs os pés nos lugares que descreve primorosamente em sua obra -, homenageamos aqui um do seus inúmeros livros, Winnetou (romance em três grossos volumes), no qual mergulhamos, loucamente, durante uma longínqua juventude. Décadas mais tarde, descobrimos que Fernando Sabino também era fã de carteirinha do digníssimo índio, fato que nos tornou entes menos solitários no culto a essa leitura, pois, até então, somente eu e uma queridíssima amiga de infância, Bel, a conhecíamos, convicção que nos assombrou durante longo tempo, especialmente depois que preparamos um sensacional questionário para uma das professoras mais cultas do colégio onde cursávamos o ginásio - tentem praticar tamanha audácia nestes tempos democráticos... -, contendo a perguntinha impertinente: quem é o autor de Winnetou? O constrangedor e constrangido silêncio da mestra nos deixou com a impressão de possuir um excitante segredo - ou uma excepcional bagagem literária, para nossa idade. Uau! De repente, muuuuuuito mais tarde, surge Sabino... Que boa companhia! O fato é que, lendo tantos épicos, aprendemos a consolidar alguns valores originários de uma longa tradição literária, que encontra suas raízes no Medievo, época tão mal falada nos atuais bancos escolares, por motivos monotonamente óbvios -, repleta de cavaleiros andantes (como Ivanhoe, do inglês Walter Scott, e Eurico, o presbítero, outro clássico estupendo do lusitano Alexandre Herculano), respirando uma atmosfera repleta de honra, sentido exato de liberdade, refinamento simbólico, e perfeita noção do que significa VERDADE, sintese do espírito cristão autêntico, conceitos absolutamente caducos, estranhos, quiçá CENSURADOs nos gloriosos dias de hoje, a era dos mortos-vivos.
Agora, graças ao rastreamento via internet, decobrimos que havia outros membros da nossa american way of indian life, como nos mostra o relato abaixo, achado num blog, "A Biblioteca da professora maluquinha":

"Li Winnetou pela primeira vez mais ou menos 13 anos, e me apaixonei perdidamente. O primeiro volume conta as aventuras de Karl (Carlos, nesta tradução), um jovem alemão que vai tentar a vida nos Estados Unidos. Através de personagens sólidos, profundos e aventuras instigantes, Karl May nos conta o início da colonização americana. Winnetou é um jovem guerreiro, cacique da tribo dos Apaches. Entre Karl e Winnetou nasce uma inesperada e emocionante amizade, que durará por toda a série. E pela vida dos dois.
E pelas nossas...
Dentre todos os riquíssimos personagens encontrados na obra de May, Winnetou se destaca por sua nobreza de alma, sua sabedoria e inteligência; um cavaleiro medieval em trajes indígenas nas estepes americanas! Karl May nos conquista fácil, fácil, com seu estilo leve e divertido, pelo realismo do que conta, a naturalidade com que emociona. Pelas descrições perfeitas de lugares, de tipos humanos, de aventuras que, naquele contexto, bem poderiam ser realidade.
Na verdade, Karl May não narra apenas as aventuras de um índio e um homem no antigo Oeste americano. Ele filosofa sobre as
relações humanas, ele trabalha a possibilidade do "diálogo entre os povos", e finalmente descreve, com riqueza de detalhes e criatividade, a vida, os costumes e tradições dos povos visitados.
Escrito em 1909, a mensagem de Winnetou e de toda a obra de Karl May está e estará sempre muito atual. Um livro grande, uma aventura intensa, mas vale à pena o esforço e tempo despendidos. Oh, se vale! Para mim, é uma aventura de vida inteira.
A coleção não é mais editada no Brasil, mas pode ser encontrada, com facilidade em sebos. Pelo amor de Deus,
não caiam nas péssimas traduções resumidas (estragam completamente, cortam toda a filosofia do autor, empobrecem o romance. Eca!), uma da Ediouro, outra da Abril. Procurem essa edição aí da foto, da Editora Globo Porto Alegre.
Com certeza, não se arrependerão da empreitada!"

Observação: a edição citada, da Globo de Porto Alegre, faz parte de uma coleção herdada de meus avós, vorazmente lida e relida, que incluía... o Pimpinela Escarlate, nossa próxima sessão nostalgia! Ao mais, reparem na sutileza das advertências da Maluquinha, no que se refere às traduções resumidas e ao empobrecimento dos textos. E a Idade Média é que era a "Idade das Trevas"...

Nenhum comentário: