quarta-feira, janeiro 17, 2007

Agora a disputa ficou interessante!


A notícia interessante é a candidatura Fruet à Presidência da Câmara. Parece que parte dos tucanos, pensando melhor, decidiu não apoiar Chinaglia nem Aldo. Digo "parece" porque o "parecer" é o campo específico da política, como da sofística. Ela não se move no plano do que "aparece" (o fenômeno), mas no das consciências invisíveis. Daí minha estranheza quando escuto a designação de "cientista político" para analistas acadêmicos. Jornalistas adoram aquela etiqueta. Amigos insistem em me outorgar tal honraria imerecida e não desejada por mim. Trata-se aqui como na suposta "ciência" do Direito na moda Kelsen. A pretensa "objetividade" em tal terreno, serve apenas para sancionar com o prestígio científico, algumas doutrinas que deveriam sujeitar-se ao exame da razão prática. Enfim, não quero cutucar a onça com vara curta. Mas afirmo que todos os analistas que ousam afirmar um conhecimento seguro de sua parte, lhes permitindo dizer para onde segue a procissão dos políticos, sempre pode bater a face num muro.
Mas o "parecer", agora, pelo menos indica uma saída para a aporia nacional. Lembro que "aporia" vem do grego "poros" (saída). Uma aporia é situação sem saida, como ocorria até ontem à noite. Apoiar Chinaglia com o retorno dos realistas do PT comandados por José Dirceu, ou apoiar Aldo Rebelo com a certeza de que o governo federal teria guarida em todas as questões polêmicas, era de fato um "cul de sac" na saborosa expressão francêsa, ou beco sem saida. Agora um clarão de esperança se anuncia no firmamento cinza nacional. Fruet demonstrou qualidades morais e políticas muito bem delineadas, desde os tempos em que os tucanos imperavam nos galhos do Planalto. Na presidência, ele é um programa inteiro de revitalização do Legislativo. Esperemos agora que o efeito Severino não arranque as esperanças da cidadania e que o mandamento "franciscano" do Centrão seja inútil apesar das artimanhas do governo. Note-se a estratégia: o presidente só fará a reformulação ministerial após a eleição na Câmara e no Senado. Até lá, cargos serão ostentados como cenoura, para que os candidatos apoiem quem for favorável à Presidência da República. Tudo o que se passar a partir de agora, no Congresso, será decidido tendo em vista os dois alvos: controlar o Legislativo e o prender aos interesses do Executivo. Quem viver, verá. Agora, a onça deve beber agua. Desde que não joguem poluentes no líquido vital....

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