quinta-feira, setembro 21, 2006

Políticos que temos que aturar no horário eleitoral

Às margens da Pajuçara, Paulinho Catatau, candidato a deputado estadual pelo Partido do Jesus Menino (PJM), sentou e chorou. Caso seja eleito, ele pretende implantar um projeto criando o Dia Nacional da Beata Esclerosada. este articulista, que tem no quarto um poster autografado de Frei Damião, rezou um terço antes de fazer o paisagístico click.

O zerado - Não manja nada de política, mal sabe quais as verdadeiras atribuições de um deputado e só sabe dizer que vai trabalhar por "saúde, educação e emprego". Como não tem um passado político consistente, limita-se a enfileirar o seu parco currículo. Foi assessor de infra-estrutura da associação dos jogadores de celotex do Baixo Amazonas, trabalhou na comissão de merenda escolar de Alcides Tremembé e pegou malária cinco vezes quando era voluntário do Projeto Rondon. Nunca se elege. De vez em quando é visto andando debaixo do sol quente indo para alguma reunião de sindicato.
O sem-vergonha - Apoiou a Ditadura Militar nos anos 60, discursou a favor da Nova República nos anos 80 e desceu a rampa com Fernando Collor nos anos 90. Agora aparece na televisão discursando contra a corrupção mesmo que esteja respondendo a alguns processos por aí. Nunca apresentou um projeto decente. Não promete nada, apenas apela para a confiança do eleitor em quem há anos luta pelos seus direitos, seja lá o que isso queira dizer. Se veste mal e é cafona. Alguns usam bigodinho.
O religioso - Para ele, uma eleição é uma missão divina tão séria quanto a Cruzada Albigense ou a reconquista do Templo de Salomão. Apela para santos, anjos, trechos da Bíblia, Jesus Cristo e os milagres da Virgem de Fátima. Se dependesse dele a eleição seria resolvida com algum tipo de revelação esotérica aos moldes da conversão do imperador Constantino na Batalha da Ponte Mílvia. Só que, ao invés de uma cruz em chamas com a inscrição "IN HOC SIGNO VINCES", veríamos no céu algo como "Vote em Amiraldo Sussuarana - O Candidato do Senhor - PJM - Partido do Jesus Menino".
O radical -Quer romper com o FMI, com o Banco Central, com a ABNT, com o Google e com a Lei da Gravidade. Gosta de discursar contra a "política neoliberal de Luiz Inácio Lula da Silva" (antes era FHC). Apoia o Hezbolah, Fidel Castro, Hugo Chavez e qualquer coisa que vá contra o imperalismo ianque, mesmo que seja meia-dúzia de estudantes secundaristas protestando em frente a uma lanchonete do McDonalds. Se for mulher, nos seus comícios costuma tocar "Maria Maria", de Milton Nascimento.
O linha-dura - É a favor da pena de morte, da Ditadura Militar e da volta da Censura. Acredita que Hugo Chavez é o Anticristo e Lula um comunista financiado pelo ouro de Moscou. Às vezes se elege, mas seus projetos polêmicos nunca são aprovados. Quando a família foi lhe visitar no Dia dos Pais, deu um cascudo em um dos netos porque o flagrou assistindo a um clip do Charlie Brown Jr na televisão. Para ele, tudo o que não foi feito de 1968 para baixo é coisa de veado ou de comunista. Às vezes dos dois.

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