sexta-feira, setembro 01, 2006

O Globo traz entrevista "sem respostas" de LULA

ANCELMO GÓIS: "Em setembro de 2002, o senhor, como candidato, deu entrevista a colunistas do GLOBO. Na época, fiz uma pergunta sobre a escalada da violência. O senhor criticou FH, que, em oito anos, só tinha se reunido duas vezes com os governadores para tratar da dívida dos estados, e nunca para discutir temas como a violência. O senhor defendeu ainda a idéia de o governo federal coordenar o combate nacional ao narcotráfico e ao crime organizado. O senhor não acha que faltou ao presidente ter ouvido o candidato Lula?"

LULA:

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO: "O senhor acabou fazendo um governo mais social-democrata do que se esperava. No seu segundo mandato pode se esperar um Lula ainda mais de centro atrás do consenso ou mais de esquerda?"

LULA:

ELIO GÁSPARI: "O senhor conversou com Paulo Okamotto a respeito da dívida de R$ 29 mil que o PT lhe cobrou? Ele diz que não quis ficar ‘enchendo o seu saco com uma coisa como essa'. Quando a dívida sumiu, o senhor teve a curiosidade de descobrir como ela foi quitada?"

LULA:

ZUENIR VENTURA: "Como candidato, o senhor promete investir em infra-estrutura, cortas gastos e reduzir impostos. Por que o senhor não fez isso como presidente?"

LULA:

TEREZA CRUVINEL: "Para formar uma base parlamentar, seu governo cooptou partidos e políticos que nunca tiveram nada a ver com o PT e com suas idéias. PL, PP e PTB, que vieram a ser conhecidos como partidos do mensalão. Agora, disputando a reeleição, o senhor tem o apoio de candidatos de mesmo perfil, como o senador Crivella no Rio, Newton Cardoso em Minas, e de candidatos a deputado envolvidos nos escândalos recentes. O senhor não acha que com isso está criando as condições para que os mesmos erros e delitos políticos se repitam num eventual segundo mandato?"

LULA:

JORGE BASTOS MORENO: "Presidente, se, como o senhor diz, está para nascer alguém que possa dar lição de ética para o senhor, já apareceu algum companheiro seu para dar a ficha técnica dos seus maiores aliados políticos em Minas, Pará e Rio de Janeiro?"

LULA:

ARTUR XEXÉO: Na campanha de 2002, o senhor se orgulhava de ser o único candidato "que participou de todos os debates desde 1989". Estamos a um mês das eleições de 2006 e, até agora, o senhor não participou de debate algum. Há alguma chance de antes do dia 1° de outubro o senhor voltar a se orgulhar daquele comportamento?

LULA:

CORA RÓNAI: "Presidente, o senhor se considera um bom pai?"

LULA:

CHICO CARUSO: "O senhor é a favor ou contra o sistema de cotas raciais para acesso a universidades?"

LULA:

ARNALDO BLOCH: "O Lula que aparece hoje no horário gratuito é um ser independente, sem filiação partidária, sem companheiros históricos, um herói solitário. Expurgar o PT da sua trajetória política não é faltar com a verdade? Não é ser injusto com aqueles que se mantiveram fiéis e não pactuaram com a corrupção, a ‘banda boa'? Não é como dar um soco na militância que, ao longo das décadas, o ajudou a sobreviver politicamente? Enfim, uma vez que virou as costas ao PT, gostaria de saber com que partido o senhor se identifica hoje, já que, a exemplo da última campanha, continua a trocar apoios com uma gama bastante variada de tendências políticas ".

LULA:

MÍRIAM LEITÃO: "Candidato, ainda que a grande dúvida sobre seu governo seja no campo da corrupção, o senhor muda tanto de explicação para os escândalos que ficarei em outro tema. O senhor me disse, numa entrevista em 2002, a seguinte frase: ‘Míriam, eu vou te dizer uma coisa porque eu quero que você me cobre depois: eu vou fazer reforma agrária sem uma ocupação e sem uma morte'. Atendendo ao pedido, aqui vai a cobrança: foram 880 ocupações e 72 mortes pelos dados oficiais do seu governo que vão apenas até março. Como o senhor explica ter errado tanto?"

LULA:

FERNANDO CALAZANS: "Presidente, quais foram a maior vitória e a maior derrota de seu governo?"

LULA:

JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS: "Afinal, o que é ética para o senhor? Serve para o PT?"

LULA:

FLÁVIA OLIVEIRA: "A carta tributária no Brasil vem aumentando sistematicamente desde os anos 90. No governo Lula, atingiu seu mais alto nível histórico. Segundo dados da própria Receita Federal, a carga tributária em 2005 alcançou 37,37% do PIB. Para o empresariado nacional, o peso dos impostos é o principal entrave ao crescimento e à competitividade da economia, em razão dos custos que impõe à produção e à concorrência desleal dos sonegadores. O senhor concorda com essa afirmação? O que pretende fazer para diminuir a carga tributária e fazer quem sonega acertar as contas com o Fisco?"

LULA:

JOÃO UBALDO RIBEIRO: "Por que o senhor se considera o melhor candidato a presidente da República? Sua eleição foi vista como a expressão de um desejo de mudanças importantes, estruturais mesmo, por parte do eleitorado. O senhor acha que promoveu essas mudanças? Caso afirmativo, quais são elas? O senhor fez inúmeras referências às ‘elites' que o repudiam e lhe fazem oposição. O senhor poderia especificar que elites são essas?"

LULA:

ARTUR DAPIEVE: "Durante seu governo, o senhor pleiteou um papel de líder não apenas regional, mas também mundial para o Brasil, articulando uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU e mandando tropas para o Haiti, por exemplo. Apesar disso, assistiu passivamente a Hugo Chávez assumir este papel, inclusive pela intromissão na política de outros países. Qual será a política brasileira para a Venezuela caso o senhor conquiste o segundo mandato?"

LULA:

PAULO COELHO: "Depois de uma grande expectativa internacional criada em torno de sua eleição para presidente, que resultou inclusive em uma consagradora acolhida em Davos que eu tive oportunidade de presenciar, me parece que a visão estrangeira da política na América Latina está sendo marcada por outros mandatários no continente. A política exterior brasileira tem sido bastante coerente, mas as negociações em Doha terminaram em um retumbante fracasso - que, diga-se de passagem, não é culpa do Brasil. O país tem um ‘plano B' para a Organização Mundial de Comércio? É possível uma pressão conjunta com outros governantes da América Latina, evitando cair na armadilha do discurso demagógico e inútil de alguns deles?"

LULA:

PARÁBENS A CORAGEM DO JORNAL O GLOBO em publicar esta entrevista.
Cadeira vazia, boca calada, país sem rumo = Lula presidente, nunca mais!

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