segunda-feira, setembro 04, 2006

Cristovam bate em Lula

Por Gustavo Noblat

Pouco depois das 16:30h de hoje, Cristovam Buarque, candidato do PDT à presidência da República, foi até o estúdio da produtora de vídeo onde grava seus programas eleitorais, em Brasília. Calmo, cumprimentou os únicos três jornalistas que atenderam à convocação de sua assessoria. Outros quatro faltaram. E foi logo baixando o pau em Lula, a quem acusa de estar “comprando a eleição com dinheiro público”.
- Eu somei coisas que li nos jornais com as que estão acontecendo aí. A sensação que tive é que se trata de mais uma eleição de certa forma comprada com dinheiro público. E mais que isso: que cheira a um golpe diferente. Golpe é para tirar do poder alguém que se elegeu. Estou vendo um golpe que tenta colocar no poder quem o povo ainda não elegeu.
Para dar ainda mais ênfase à acusação, ele relembrou que o ministro Tarso Genro esteve no Congresso na última semana onde discutiu a composição do próximo governo “faltando um mês para as eleições”. E acusou o coordenador do programa de governo de Lula, Marco Aurélio Garcia, de apresentar as propostas do candidato como se “fosse simples continuidade”.

- Ele não apresentou o programa do candidato. Ele apresentou o programa do presidente. Durante a entrevista, Cristovam quase não foi interrompido por perguntas. Ele permaneceu sentado numa cadeira, com um quadro-negro de fundo no qual aparecia escrito: “Revolução na Educação”. É o cenário de seu programa de tv.
A altura de sua voz foi a mesma durante todo tempo. Não se exaltou, nem mesmo ao relembrar que pretendia alfabetizar 15 milhões de crianças quando era ministro da Educação do governo Lula, mas que o presidente lhe deu “um pito” e reduziu a meta para 5 milhões.

Cristovam criticou o governo durante 40 minutos. Valendo-se de anotações, descreveu o que chamou “pacote de bondades” desembrulhado por Lula justo em ano de eleição. Nada “ilegal”, mas extremamente “anti-ético”, segundo o candidato do PDT. As bondades listadas por Cristovam são, segundo ele, o meio pelo qual Lula compra a reeleição:

1- Reajuste do salário dos servidores públicos que só com Executivo consumiu mais de R$ 7 bilhões e mais R$ 11 bi com outros Poderes;
2 – A antecipação do pagamento do décimo terceiro salário dos aposentados;

3 – Correção da Tabela do Imposto de Renda em 8%.

4 – Aumento de mais de 56% nos repasses para pagamentos do programa Bolsa-Família;
5 - Pacote da construção civil que concedeu mais de R$ 18 milhões em crédito para o setor;

6 – Pacote para melhorar crédito e baixar juros;
7 – Aumento do salário mínimo em mais de 20%.

Depois de listar as bondades de Lula em ano eleitoral, Cristovam percebeu que poderia ser mal interpretado. Olhou fundo nos olhos dos três jornalistas como que exigindo atenção. E disse que não era contra essas medidas do governo. Achava todas elas justas. Mas não há poucos meses de eleições.
No fim da entrevista, o candidato do PDT listou supostas “mentiras” ditas por Lula. Disse que ele mente, por exemplo, quando diz que sua “prioridade é a educação”. E que mente quando afirma que seu governo “não põe” sujeira debaixo do tapete.

- Nós precisamos do segundo turno. Só assim Lula vai parar de
fugir dos debates e terá de mostrar propostas verdadeiras para um eventual segundo mandato - pediu.

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