quarta-feira, setembro 27, 2006

GRAMSCI E O OVO DA SERPENTE

Os paranaenses, felizmente, ainda não decidiram pela continuidade do "Mussoline do Canguirí", que vem espalhando a cizânia de forma equânime por todo Paraná. Por isso, não vou ocupar-me da nossa refrega estadual, concentrando meu foco no pleito nacional.
Pregado na cruz, Jesus disse: “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem!”. Mas o mesmo Jesus saiu no braço contra os vendilhões do templo. Recordo essas duas passagens para ressaltar a nossa responsabilidade diante do quadro de descalabro moral e ético que assola o país, com mensaleiros, sanguessugas, chantagistas, sucedendo-se um após o outro em ritmo alucinante, tornando real a blague “de hora em hora, tudo piora”.
Pode-se perdoar os alienados, que não têm acesso às informações necessárias à formação do seu tirocínio. Pode-se perdoar o miserável, que enxerga na esmola estatal o máximo que lhe cabe neste latifúndio. Pode-se perdoar até mesmo o ingênuo, que não consegue decifrar as armadilhas do populismo ou se desvencilhar das artimanhas do gramscismo, vírus que se instalou de forma lenta, gradual e segura nos nossos corações e mentes. Mas não se pode perdoar a leniência, a displicência, a passividade diante de tudo o que estamos assistindo.
Para quem não sabe do que se trata, é de fundamental importância informar-se sobre esse tal gramscismo, pois grande parte do que ocorre hoje em nosso país é fruto da eclosão desse “ovo da serpente”. Tentarei fazer uma síntese, com a ajuda do historiador Carlos Azambuja.


O italiano Antonio Gramsci, um dos fundadores do Partido Comunista Italiano, foi o primeiro teórico marxista a compreender que a revolução na Europa Ocidental deveria se desviar do rumo seguido pelos bolcheviques russos, propondo uma alternativa ao “Que Fazer?” leninista.






Para Lênin, a revolução comunista deveria começar pela tomada do Estado e, então, transformar a sociedade. Gramsci inverteu esses termos: a revolução deveria começar pela transformação da sociedade, tomando da classe dominante a direção da “sociedade civil” (rede de instituições educativas, religiosas e culturais que disseminam modos de pensar) e, só então, atacar o poder do Estado. Sem a prévia “revolução do espírito”, qualquer vitória comunista seria efêmera.
Segundo Gramsci, o objetivo era conquistar, um após outro, todos os instrumentos de difusão ideológica (escolas, universidades, editoras, meios de comunicação social, sindicatos), já que os principais confrontos ocorrem na esfera cultural e não nas fábricas, nas ruas ou nos quartéis.
Para Gramsci, a batalha deveria ser travada no plano das idéias religiosas, filosóficas, científicas, artísticas etc. Por essa razão, a caminhada para o socialismo não passaria pelos proletários de Marx e Lênin ou pelos camponeses de Mao, mas, sim, pelos intelectuais, pela classe média, pelos estudantes, pela cultura, pela educação e pelo efeito multiplicador dos meios de comunicação social, buscando mudar a mentalidade, desvinculando-a do sistema de valores tradicionais, para implantar os valores ateus e materialistas.
É de suma importância para o triunfo da revolução mundial uma reforma intelectual e moral para lograr uma mudança de mentalidade nas sociedades ocidentais que foram constituídas por convicções, critérios, normas, crenças, pautas baseados na concepção cristã da vida.
As novas concepções se difundem utilizando sofismas, dando novas interpretações a fatos históricos, chegando a parafrasear o Evangelho em alguns casos, distorcendo “ensinamentos” de determinadas passagens bíblicas, tal como a expulsão dos mercadores do Templo, utilizando-os como argumentos para justificar a violência e moldar a imagem do “Cristo guerrilheiro”.
Ao proclamar o diálogo e aceitar o debate, o gramscismo seduz e atrai a contribuição de todos aqueles que, por simpatizar com a ideologia marxista - por esnobismo, conveniência ou negligência -, se somam, voluntária ou involuntariamente, à sua estratégia.


Graças à inoculação desse vírus gramsciano na sociedade brasileira, hoje é comum a louvação do invasor de terras e a demonização de quem ousa defendê-las com armas na mão. È corriqueira a defesa dos direitos de marginais e a condenação das ações policiais. É trivial a confusão entre interesses de Estado e interesses partidários, tudo perdoado porque os fins justificariam os meios.

No próximo domingo, os brasileiros darão um passo crucial para a definição do país que queremos para os próximos 50 anos. Isso porque a reeleição de Lula significará, sem qualquer sombra de dúvida, um salto rumo ao abismo, a um chavismo que gerará um grave quadro de instabilidade das instituições.

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