quarta-feira, dezembro 26, 2007

Uma saudação de Natal do poeta da democracia aos brasileiros

Walt Whitman (1819-1892) dedicou um texto à então recém-nascida República brasileira pouco antes de morrer. Chama-se “Uma saudação de Natal (de uma Constelação do Norte a uma do Sul, 1989-90”. Trata-se de um daqueles seus textos cheios de entusiasmo pela democracia, plenos de fé no futuro. Segue uma tradução que fiz (não poética) com algumas licenças — traduzir “throe” como “dor do nascimento”, por exemplo (pareceu-me o mais adequado ao sentido do texto) ou “impedimentas” como “próprio fardo”. De qualquer modo, o sentido geral é o que segue lá. E sempre será o caso de termos saudade daquilo que o poeta americano da democracia anteviu para nós. Acho que ainda não aprendemos direito a “verdadeira lição” de uma nação que brilha no céu. Um tanto taciturnos, como diria o nosso Drummond, seguimos tendo grandes esperanças. Bom Natal, queridos! Voltem sempre aqui, que apareço a qualquer momento. Já lhes escrevi isso no ano passado. E repito agora, o segundo desta nossa comunhão.

A Christmas Greeting" (From a Northern Star-Group to a Southern. 1889-90)
Welcome, Brazilian brother — thy ample place is ready. A loving hand — a smile from the North —, a sunny instant hail! (Let the future care for itself, where it reveals its troubles, impedimentas. Ours, ours the present throe, the democratic aim, the acceptance and the faith). To thee today our reaching arm, our turning neck — to thee from us the expectant eye. Thou cluster free! thou brilliant lustrous one! Thou learning well the true lesson of a nation's light in the sky (More shining than the Cross, more than the Crown,). The height to be superb humanity.

“Uma saudação de Natal (de uma Constelação do Norte a uma do Sul, 1989-90”.
Bem-vindo irmão brasileiro! – teu vasto destino está dado. A ti, a nossa mão amiga — um sorriso vindo do Norte —, uma saudação cheia de sol! (Que venha o futuro, com suas dificuldades e seu próprio fardo. É nossa, é nossa a dor do nascimento, a busca da democracia, a aprovação, a fé). A ti estendemos hoje nosso braço, voltamos nosso pensamento — a ti, nosso esperançoso olhar. Tu te juntaste aos livres! Tu passaste a ter brilho próprio! Tu aprendeste direito a verdadeira lição de uma nação que brilha no céu. (Mais brilhante do que a Cruz, mais brilhante do que a Coroa). O apogeu da suprema humanidade.

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