terça-feira, dezembro 04, 2007

GLOBALIZAÇÃO E MUDANÇA NOS ESTUDOS DE POLITOLOGIA E ECONOMIA!

Ulrich Beck é professor do Instituto de Sociologia da Universidade de Munique e em outras universidades européias. É das mais importantes autoridades acadêmicas da esquerda européia! Trechos da entrevista ao Clarin.

1. A globalização é muitas coisas, Uma delas é a crescente interconexão que existe entre assuntos políticos e econômicos, pelo qual o Estado-Nação ou a sociedade nacional já não é a exclusiva unidade de interação social e de comunicação. Outro significado, que é mais radical, é que a globalização é um novo jogo do poder mundial, que implica redefinir as regras do poder entre os Estados-Nação, o capital e os movimentos da sociedade civil.

2. A globalização não é algo que se volte apenas para questões globais. A globalização muda a importância da relação com o local e muda a relação da gente com o local. É ao mesmo tempo um processo de redefinição do local. A globalização significa que estamos, ao mesmo tempo, atuando no nível local, mas temos de antecipar a reagir na base do processo que se está desenvolvendo na esfera global. Diria que necessitamos de uma visão cosmopolita, o que implica empregar uma metáfora: ter raízes e asas ao mesmo tempo.

3. E uma de minhas idéias principais é que os atores políticos devem começar a aprender como organizar a si mesmos, identificar-se com as políticas transnacionais, construindo, como o capital já o fez, um novo espaço para a política em nível transnacional. Inventando novas formas de cooperação com os Estados, entre a sociedade civil, atores que incluam nacionais diferentes para ter uma visão do mundo globalizado e localizado ao mesmo tempo. O termo apropriado para definir isso seria "soberania inclusiva".

4. Que a soberania já não pode definir-se como autonomia, porque em condições de globalização e de interconexão, muitos problemas já não tem soluções nacionais, como os problemas da migração, meio ambiente, etc. De qualquer maneira, não se pode esquecer que existe a cultura do Estado-Nação.

5. Em alemão existe uma expressão, que me parece mais adequada. É "Welt Bürger", que se traduz como cidadão mundial, ou o cidadão do mundo. Este é um significado que serviu de fundo às discussões dos séculos XVIII e XIX. Naquele momento, houve um grande debate sobre como relacionar a idéia do cidadão do mundo com ou o cosmopolitismo com patriotismo, com o nacionalismo. Hoje, podemos usar o conceito de cosmopolitismo de uma maneira nova. Porque a sociologia, a ciência política, são em grande parte, prisioneiras do Estado-Nação em seu pensamento. Isso remonta ao século XIX, quando se desenvolveram as ciências sociais com os pressupostos do Estado-Nação como unidade básica para a sociedade, a cultura e a identidade política. A globalização significa que o espaço do Estado-Nação não é a unidade da ação e o pensamento econômico, etc. Assim, necessitamos de uma perspectiva distinta.

6. Simplesmente, não podemos continuar usando o Estado-Nação e a sociedade do Estado-Nação como unidade de investigação. Isso é o que eu chamo: nacionalismo metodológico. Um nacionalismo que está sendo reproduzido no nível das ciências sociais, porque os pressupostos básicos do nacionalismo são os pressupostos básicos das teorias políticas e sociais. E isso deve superar-se. Na realidade, cosmopolitismo significa uma nova região para as ciências sociais que transcende e passa a ser o nacionalismo metodológico

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