terça-feira, dezembro 04, 2007

PARA LER E RELER!

Duas das respostas da longa entrevista de Eduardo Subirats, filósofo espanhol, professor da Universidade de Nova York - ao Estado de SP.

Filmes sobre violência (tropa de elite, etc...), trazem à reflexão ou cultuam a violência?
Intelectual midiático não é elite, não é transformador!

O sr. viu o filme Tropa de Elite no Brasil? A discussão aberta da violência urbana pode ter reflexos sobre a própria violência urbana?
Sobre esta classe de películas deve-se recordar que a diferença entre o culto à violência e a reflexão sobre a violência é tão tênue como uma brisa. Além do mais, o problema da violência urbana não se resolve com filmes, mas com uma vontade política de acabar com ela. Porém, hoje, assistimos mundialmente ao fenômeno oposto. Desde Bagdá até Tijuana, o crime organizado é um dos grandes negócios do século: o tráfico ilegal de drogas, armas e seres humanos que este crime ampara militar ou paramilitarmente é um dos grandes dilemas do nosso tempo.

Como analisa a questão das elites intelectuais na América Latina?
O que distingue intelectualmente uma elite não é o poder político ou institucional da classe que seja. O poder institucional define a burocracia, o intelectual orgânico ou a estrela literária. O que distingue uma elite intelectual em um sentido estrito não é o poder político, mas a capacidade de desenvolver uma crítica, de criar uma forma de ver, de pensar e de ser, reside na força reformadora e transformadora das linguagens e a consciência de uma sociedade. Nesse sentido, hoje vivemos em uma era antielitista, um antielitismo que se crê democrático, mas na realidade recolhe o pior da herança antiintelectual dos velhos fascismos. Vivemos em uma era na qual o papel educador e orientador dessas elites intelectuais tem sido tomado e monopolizado pelo burocrata acadêmico, pela estrela da mídia, pelo agente editorial, pelo administrador político.

Nenhum comentário: