quinta-feira, dezembro 13, 2007

"E se os políticos pudessem calar-se por pelo menos um mês? "

Trechos do artigo do historiador Paul Kennedy, da Universidade de Yale, no Clarin, a partir do Cala-te dito pelo Rei da Espanha a Chávez.

1. Não seria um alivio para os ouvidos da humanidade se os políticos reduzissem em geral a quantidade de declarações que fazem sobre temas da atualidade? A lista de exemplos políticos de verborragia e hiperatividade podem estender-se com facilidade. Falar demasiado e atuar com excessiva freqüência reduz a credibilidade do que se pretende alcançar. Os mestres dessa arte quase esquecida de ficar na sua, fechando a boca, são os chineses.

2. Dão sua opinião apenas quando precisam fazê-lo e, de preferência, em particular. As diferenças internas se discutem a portas fechadas. Salvo no caso de surgir um tema demasiado irritante, optam pela diplomacia discreta e não pela oratória pública, e quase sempre se saem bem.

3. Talvez os chineses sejam os melhores discípulos da grande figura alemã de Otto von Bismarck, do que os ocidentais. Sem dúvida, Bismarck fez uma série de declarações públicas, mas em geral preferia atingir seus objetivos por meio da diplomacia e da negociação. Sua proporção de êxitos, até ao final de seus vinte anos como primeiro Chanceler alemão, foi extraordinária. Essas foram, sem dúvida, épocas extraordinárias, muito especialmente em termos históricos. A Alemanha era o eixo do sistema da Grande Potência Européia, Bismarck era um grande jogador de pôquer e um diplomata genial.

4. De todas as maneiras, esse exemplo extremo bismarckeano do "silencio é ouro" e a reticência atual das autoridades chinesas com relação a temas internacionais complexos são pontos que valem a pena considerar. Por mais que nossos políticos não possam guardar um longo silêncio, nem desaparecer durante toda uma estação, não poderiam comprometer-se a "se calarem" por um mês? Bastaria até uma semana. Por favor.

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