quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Gênio?

Um dos primeiros propósitos do cinema pós-edição, foi o da propaganda. Uma das primeiras e mais famosas propagandas massivas eficazes realizada, foi feita às ordens de Hitler, contra O Judeu, o ‘üntermentch’, ‘subumano’ responsável quase exclusivo dos males da Alemanha. Muitos de meus amigos próximos, testemunharam posteriormente que a propaganda funcionaria, caso não conhecessem a realidade. O cinema, portanto, há décadas, já provou-se método não só eficaz, mas provavelmente a principal ferramenta do marketing de idéias, se não também de produtos e, eventualmente, da história.
Gibson procurou fazer exatamente isto quando lançou ‘A Paixão de Cristo’ em 2004, causando uma polêmica que, para ele e seus associados, serviu de sólida base a sólidos lucros. Independente da trama e da veracidade bíblica de sua narrativa, a direção e intenção do diretor espelham-se justamente na violência que, mesmo tendo ocorrido conforme a narrativa do filme, expressa-se com o intuito de causar desgosto, asco e repúdio aos olhos do espectador. Isso é eminente nas salas de cinema locais, onde o público ‘conversa’ com a gigantesca tela e a imagem do refletor, aplaudindo e vaiando conforme a causada impressão. O sangue do público lateja, verdeja insanamente, e a ‘torcida’ inicia um aquecimento que pode, muito bem, tornar-se concreto. Mel Gibson poderia perfeitamente inspirar o amor a Jesus com seu filme, amor religioso por seu sacrifício carnal em nome da raça humana, não apenas dos gregos ou dos troianos, mas de toda ela como uma só. Preferiu, no entanto, mostrar a tortura de sua pele, e um inimigo em comum, o traidor, o demoníaco Judas. A mensagem, é claro, torna-se mesclada à brilhante cinematografia, escolha de imagens, fala do ‘original’ Aramaico (hollywoodiano), e uma delineada trama profissionalmente selecionada para impressionar o público. Em outras palavras, a polêmica levou o público ao cinema, que com seu desgosto, mas inegável (e inexplicável, alguns clamam) prazer pelo bom filme, apenas atraiu mais público, e a mensagem, seja ela qual fosse, qual interpretasse o espectador, foi amplamente distribuída.

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