sexta-feira, fevereiro 02, 2007

A LIBERDADE É UM FLUIDO

A liberdade guiando o povo (óleo sobre tela), por Eugene Delacroix 1798-1863

A liberdade funciona como um único fluido em vários vasos comunicantes. Quando um dos vasos está entupido, o fluido não prossegue para os demais, derrama e se perde. A liberdade política se conecta à liberdade econômica, que está ligada à de consumir, que está associada à de adquirir e ter como seu (permitindo a propriedade privada), à de ir e vir, à de imprensa e opinião, e assim por diante. Os dois principais fatores capazes de entupir a comunicação entre esses vasos são a equivocada interferência do Estado e o mau uso da liberdade pelos indivíduos e suas organizações.
No primeiro caso, estados autoritários ou totalitários tendem a restringir uma, depois outra, e logo todas essas liberdades para ampliar sua própria esfera de poder recusando a livre decisão e o livre discernimento dos indivíduos. No segundo caso, tem-se, por exemplo, a ação predatória de agentes econômicos que utilizam instrumentos indecentes para eliminar a concorrência. Delfim Netto, que está longe de ser um comunista (mas que certa vez se auto-denominou "socialista-fabiano"), afirmou certa vez em conferência que escutei: a irrestrita liberdade de mercado tende a acabar com a liberdade de mercado porque o sonho de todo ator da cena econômica é ficar sozinho no mercado.

Como em tudo mais, portanto, é preciso encontrar a justa medida, ou seja, manter abertos os canais por onde passa o fluido da liberdade, evitando quaisquer abusos que possam inibir sua livre circulação, sejam eles estatais (mediante ação política dos cidadãos), sejam privados (mediante ação política do Estado).

As fanfarronadas socialistas de Chávez, Morales e seus parceiros sul-americanos (veja quantas liberdades já foram agredidas por eles) não são do século XXI, como anunciam, mas do século XIX mesmo, época de sua formulação. Nada há no que dizem que não tenha sido dito então, e ao longo do século passado, por todos os comunistas que chegaram ao poder para implantar seus tenebrosos regimes. A única coisa nova é a denúncia do tal “neoliberalismo" como palavra capaz de acelerar a produção de adrenalina nas massas de manobra que arregimentam.

Os relatórios sobre liberdade econômica divulgados anualmente pela Heritage Foundation deveriam pôr sete palmos de terra sobre essas tolices. Acaba de sair o documento de 2007, no qual o Brasil ocupa a 70ª posição entre 157 países analisados. Os 10 primeiros são Hong Kong, Singapura, Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo, Suíça e Canadá. Puxa vida, nenhum socialista! Ao mesmo tempo, os simpatizantes das fanfarronadas esquerdistas, para ficar apenas entre nossos vizinhos, são tão ricos e prósperos quanto Cuba (156º lugar), Venezuela (144º lugar), Bolívia (112º lugar), Equador (108º lugar).

Tenha certeza, porém, leitor, que nenhuma universidade brasileira examinará esses dados, nem avaliará a relação entre as liberdades econômicas, os sistemas de governo, os Índices de Desenvolvimento Humano, os PIB per capita e os indicadores de liberdade de imprensa nos vários países. Bastaria isso para desmascarar suas perfídias ao saber e à verdade, em nome de uma ideologia que sepulta o futuro das gerações que deveriam estar educando.

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