segunda-feira, maio 05, 2008

URUGUAI COMO REFERÊNCIA!

O politólogo e historiador argentino - Natálio Botana - analisa a vitória de Lugo no Paraguai de forma positiva em seu artigo A Democracia Liberal! Trechos. La Nacion.

1. O vento da democracia eleitoral continua soprando forte na América do Sul. A vitória de Fernando Lugo, no Paraguai, no último domingo, ilustra de maneira eloqüente as virtudes do sufrágio para destituir um regime hegemônico do exercício do poder. A destituição envolve um sério desafio. Em nossos países, a democracia eleitoral é um ponto de partida para alcançar benefícios de uma democracia institucional capaz de reconstituir o Estado de direito e lançar as bases de uma democracia de cidadãos com melhores níveis de equidade.

2. É necessário aplicar-se ao difícil aprendizado da arte das coligações políticas. Em grande medida, esta foi a estratégia de Fernando Lugo. Em torno de sua liderança, se construiu um amplo arco, que abarca desde os partidos tradicionais de oposição de centro-direita até um conjunto de movimentos sociais que podem enquadrar-se na esquerda. O caráter heterogêneo desta coligação significa uma vantagem eleitoral e, ao mesmo tempo, pode chegar a ser um sinal de debilidade de não colocar em prática alguns requisitos quanto à sua capacidade de governo.

3. Dada a urgência do que se deve fazer, a inteligência e a vontade do Presidente eleito serão decisivas para manter a coesão em suas fileiras. Deste ponto se infere que o propósito maior, que deveria inspirar o novo governo paraguaio, é o de ir armando, mediante reformas sucessivas, o perfil da democracia institucional.

4. Por isso, fez bem o presidente eleito ao voltar seu olhar para o Uruguai. Os governos e a oposição dos pequenos países guardam um depósito de sabedoria que deveria servir de exemplo para superar a instabilidade e a arrogância de alguns países grandes. No caso do Uruguai, a experiência reformista, que, como altos e baixos, procura levar avante o governo de Tabaré Vázquez, permaneceu alheia aos cantos de sereia do chavismo.

5. Não há, então, um só itinerário digno de ser seguido, mas sim dois caminhos possíveis. São razões suficientes para que a Argentina e o Brasil afrontem, com inteligência regional, as demandas que virão desde Assunção em
matéria energética.

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