quarta-feira, agosto 01, 2007

NELSON JOBIM: MINISTRO DA DEFESA DA IMAGEM DO GOVERNO!

1. A escolha de Nelson Jobim para Ministro da Defesa é um caso clássico na linhagem dos governos politicamente fragilizados e com flancos insustentáveis. Nesses casos - chefes de governo fracos - escolhem para ministro ou ministros, num momento de crise aguda, algum personagem que possa - por sua imagem - dar cobertura ao governo. Isso permite ainda ganhar tempo, na medida que não vai se cobrar do novo ministro resultados em curto prazo.

2. Esse é um velho e carcomido recurso dos governos em processo de desintegração. Collor é um exemplo. No auge da desmoralização do governo, cobriu seu ministério de nelsons jobins, como Celio Borja, Marcilio Marques Moreira, e por aí foi. O resultado já sabemos.

3. A escolha nada tem a ver com a crise aérea, mas com a hemorragia política interna: o presidente precisa de cobertura para fazer transfusão de sangue. O perfil do novo ministro - perfil técnico - é o antípoda das questões que vai enfrentar. Nada de seu currículo tem a ver com essa função.

4. E ainda agrega um problema novo e insolúvel que cai exatamente dentro do aconselhamento de Tancredo Neves: - Nunca nomeie quem você não pode exonerar. Esse é um caso. Quando levarem a Jobim as informações relativas aos recursos necessários para reconstruir o sistema aeroportuário e de controles do espaço aéreo brasileiros e o tempo que isso vai requerer, não haverá Banco Central para dizer não ao novo ministro. Isso é bom para o setor. Mas só fará acentuar - interna córporis - a velocidade da hemorragia que vai deixando de ser apenas interna. A velocidade de resposta exigia outro tratamento operacional.

5. Entre as histórias contadas por políticos, todos conhecem a das três cartas que o presidente que saía deixou ao que entrava. Na primeira crise a carta aberta dizia: - Ponha toda a culpa no governo anterior. Na segunda crise a carta aberta dizia: Faça uma reforma ministerial. A terceira crise e a terceira carta: - Escreva três cartas a quem vai lhe substituir. A nomeação de um ministro apenas para dar cobertura à imagem do governo é uma espécie de retardamento da terceira carta. Só que a torna mais inevitável ainda. Se houvesse uma carta antes da última, se poderia dizer: - Não há mais presidente.

6. A tempo! E nem se tratou aqui das Forças Armadas, que com um ministro a quem o frágil presidente não pode dizer não, vão tirar das gavetas todos os programas de modernização de equipamentos e todo o atraso remuneratório aos quais foram ditos - nãos - no passado.

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