quarta-feira, junho 06, 2007

PESQUISAS E DEMAGOGIA! Aqui... como... lá...!

Trechos da coluna dominical de Mariano Grondona em La Nacion: O Novo Nome da Demagogia!

1. O verbo adular provem do latim adulari, uma expressão próxima a acariciar e a adulterar. Este último verbo provem da raiz AL, ou seja, mais além de ou no latim - alter, outro. Seguindo esta pista etimológica poderia dizer-se que a adulação tem o efeito de alterar, de levar mais além de si mesmo, a quem o adulador adultera, primeiro sua própria imagem para manipular depois a vontade. Fascinado pelo adulador, o adulado - acredita -, e cai, a partir daí, baixo a influência de quem o manipula como um meio para seus próprios fins. As carícias do adulador corrompem a sua vítima, alteram a sua natureza.
2.
Quando Aristóteles tratou deste tema em A Política, distinguiu dois tipos de adulação, conforme o regime político. Nas monarquias os cortesãos inescrupulosos corrompiam o rei mediante as caricias da adulação. Nas democracias, cujo soberano é o povo, os políticos corrompiam o povo mediante as caricias da demagogia. Mas hoje os demagogos contam com um poderoso instrumento que os contemporâneos de Aristóteles não tinham: a capacidade de medir cientificamente os sentimentos e as preferências dos adulados. Hoje a terra fértil que nutre a demagogia é a proliferação de pesquisas.

3. Aristóteles elaborou dois tipos de discurso: o eXotérico - destinado ao publico em geral -, e o eSotérico, reservado a seus discípulos. Da mesma forma há que se distinguir dois tipos de pesquisas: a exotérica, que se exibe ao publico, e a esotérica, para uso reservado do cliente.
4. O objetivo das pesquisas exotéricas, é o marketing. Quando se pode apresentar com um mínimo de verossimilhança, uma pesquisa que favorece a um candidato este decide divulgá-la. Elas tratam de um exitismo, de um jogo de ganhador. O observador deve ter muito cuidado com elas.
5. As pesquisas esotéricas, são as que mais se aproximam da verdade. Mas só o cliente a conhece. Mas que efeito produzem sobre o político que a contrata?
6. O sociólogo Dick Morris, consultor a seu tempo de Clinton, distingue três tipos de políticos: o "idealista falido" que tem grandes ideais, mas não consegue comunicá-los ao publico; o "Idealista Astuto", que tendo grandes ideais consegue comunicá-los e que é o melhor dos políticos porque é o estadista capaz de guiar seu povo. E o pior político é o "Demagogo" que - ao contrário - não abriga nenhuma idéia própria, mas que para triunfar se limita a cultivar sem escrúpulos, o que o público deseja, usando as pesquisas esotéricas sem preocupação com a realidade ou o futuro. Quer governar em direção a seu próprio êxito apenas.
7.
Tanto o idealista astuto como o demagogo utilizam pesquisas esotéricas. Um para comunicar com eficácia seus ideais. O outro para manipular as massas segundo a arte perversa da adulação.

8. Idéias que hoje não atraem majoritariamente o público poderão atrair no futuro quando as fórmulas demagógicas mostrarem sua falácia. Mas no outro extremo da tipologia de Morris milita uma grande quantidade de políticos que se limitam a medir as pesquisas esotéricas para dizer à maioria, em cada momento, o que ela deseja escutar. Estes demagogos se dedicam exclusivamente ao curto prazo: prometem o que se deseja hoje. Quando o humor social muda eles mudam também.
9. Mas seu destino os espera, certamente, em longo prazo, que agora desdenham.

PESQUISAS!
Nenhum instituto de pesquisa na Argentina deu mais que 35% das intenções de voto para Macri, candidato a prefeito de Buenos Aires. Aliás, 35% só um e uma vez. Em geral Macri tinha um pouco menos de 30% das intenções de voto em todos os institutos. Abertas as urnas Macri obteve 45,6%. Com a palavra os institutos para explicar. Se é que dá para explicar.

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