quinta-feira, março 22, 2007

Álvaro Dias: Reforma foi "espetáculo deprimente"

Felipe Corazza Barreto
A reforma ministerial vai terminando em Brasília e as escolhas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva são bombardeadas pela oposição. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) fala das mudanças na Esplanada dos Ministérios como resultados de um "balcão de negócios" comandado pelo presidente:

- É um espetáculo deprimente toda vez que esse governo anuncia uma reforma ministerial

Dias critica o que chama de "mediocridade política" de Lula na briga política por cargos de primeiro escalão. Para o senador, a escolha foi ruim e deve se refletir em um fracasso nas perspectivas do governo, entre elas, o crescimento econômico.
Leia a entrevista:

Terra Magazine - Como o sr. avalia a forma como o presidente Lula escolheu seu ministério?
Álvaro Dias - É um balcão de negócios, uma prática espúria. O presidente abre mão de exercitar a sua principal prerrogativa, que é a de escolher os integrantes da sua equipe. É um momento alto do governo, quando o governo escolhe bem abre perspectivas de ser bem sucedido. Quando escolhe mal desperdiça a oportunidade de ter êxito. E quando o presidente não escolhe, ele delega aos partidos. Os partidos não colocam em primeiro plano os critérios da competência, da probidade, da eficiência. É um espetáculo deprimente toda vez que esse governo anuncia uma reforma ministerial, é uma mediocridade política que se configura.

Essa mediocridade se reflete onde?
Quando o governo escolhe mal, ele consagra a incompetência administrativa, não tem outra solução.

O Senado vai discutir hoje às 18h a área energética do PAC. Qual será o rumo dessa discussão, na opinião do sr.?
O governo vai tentar aprovar sem alterações. A oposição vai propor alterações principalmente em função de interesses regionais.

E como o sr. vê o PAC?
Eu considero acanhado. Ele não alcança as questões estruturais, ele não assegura, em função do que propõe, o atingimento das metas propostas, no que diz respeito ao crescimento econômico do país. É impossível alcançar os índices anunciados com a política mantida, taxas de juros elevadas, carga tributária pesadíssima e ausência de investimentos públicos. O investimento público tem sido ao redor de 1,5% do PIB. O governo não contribui para que os índices que propõe como crescimento desejado sejam alcançados.

O sr. mencionou, em discurso na semana passada, a China como exemplo de investimento público. O sr. a considera um modelo adequado?
A China teve, de 2004 para cá, um crescimento de 40% do PIB. A China pode se tornar a maior economia do mundo, a continuar no ritmo de crescimento atual.

Mas o modelo de produção chinês ainda deprecia muito as condições do trabalhador, com trabalho semi-escravo...
É, nesse ponto não é compatível com o estágio brasileiro, de respeito aos direitos humanos.

Terra Magazine

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