terça-feira, novembro 04, 2008

"INSISTIR EM MANTER A DEMANDA ACELERADA VAI TRAZER MAIS INFLAÇÃO"

Trechos do artigo - Contágio e Conseqüência - de Alexandre Schwartsman - (foto) economista-chefe para América Latina do Banco Santander e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central.
Folha de S. Paulo
HÁ pelo menos três canais por onde o impacto da crise nos afeta diretamente: comércio global, preços de commodities e, finalmente, fluxos de capitais.
A combinação deles deverá implicar não apenas a redução da taxa de crescimento, mas também uma alteração importante na sua composição, à medida que a demanda interna, fator preponderante da aceleração do crescimento nos últimos quatro anos, deverá encontrar limites bem mais claros à sua expansão. Não há dúvida, porém, que esses três fatores mudaram de direção, isto é, podemos esperar queda de preços de commodities, desaceleração do comércio global e menores fluxos de capital. A resultante não poderia ser mais clara: a capacidade importadora se reduz e, portanto, também a diferença entre o crescimento da demanda doméstica e do produto deverá cair, revertendo o processo observado nos últimos anos. A trajetória da taxa real de câmbio depende mais de variáveis externas do que a mera diferença de taxa de juros. Em resumo, o choque externo reverteu as condições que permitiam o crescimento rápido da demanda doméstica com efeitos inflacionários mitigados (não eliminados) pela disponibilidade de importações. Insistir em manter a demanda doméstica acelerada só há de trazer mais depreciação cambial e inflação. Vamos tentar não repetir esse erro?

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