terça-feira, novembro 18, 2008

E AGORA? CABE MANTER A FIXAÇÃO DE META DE PREÇOS?

1. Os problemas de liquidez impostos pela crise financeira internacional ocorrem em direções muitas vezes imprevistas. Isso exige que o governo garanta mais liquidez do que a soma dos pontos em que a iliquidez ocorre. Ou seja, há uma inevitável sobre-expansão da base monetária.

2. Os setores industriais e comerciais afetados pela crise receberão num primeiro momento, apoio financeiro do governo na hipótese de que pode se tratar de um problema passageiro. De outro lado o governo procurará - keynesianamente - expandir seu gasto de forma a reduzir o impacto da crise sobre o emprego.

3. O governo interveio fortemente sobre o câmbio, objetivando criar as melhores condições para que os que apostaram no câmbio futuro e derivativos análogos. O presidente do Banco Central afirma que essas posições já teriam sido basicamente liquidadas. Vale dizer: a tendência do câmbio tenderá a ser ascendente em médio prazo.

4. Por outro lado, o impacto da crise sobre as finanças públicas em todos os níveis tornará funcional ou mais fácil aos governos trabalharem com uma inflação maior.

5. Todos esses vetores se reforçam, são sinérgicos e convergentes. Ou seja, a inflação tende a ser crescente, seja para enfrentar a crise, seja para tornar funcional aos governos a redução de seu impacto sobre as finanças públicas.

6. O sistema de fixação de metas de inflação é funcional num quadro de normalidade na garantia de estabilidade, ou num quadro de instabilidade cujo objetivo central é reconquistar a estabilidade dos preços, mesmo que afetando o crescimento.

7. Com isso o Governo Federal/Banco Central estará numa cama de gato. Se mantiver o método de fixação de metas de inflação da maneira atual e essa sendo ultrapassada, será forçado a adotar medidas contraditórias como exige o enfrentamento da crise. Se abandonar o método de fixação de preços estará sinalizando uma inflação crescente.

8. Uma alternativa seria flexibilizar a meta de inflação para 2009, aumentando seu patamar superior e com isso, apenas adotando os instrumentos ortodoxos no caso de ultrapassagem daquela. Admitiria que a inflação será crescente, mas estabeleceria um teto para ela, ou seja, para a intervenção ortodoxa do Banco Central (juros...).

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