sexta-feira, setembro 05, 2008

Pesquisas, o problema da amostragem!

Uns dias atrás a diretora técnica do Ibope, em palestra para a imprensa, dizia que as pesquisas eleitorais municipais são mais voláteis e complexas que as nacionais porque a decisão de voto tem uma probabilidade de mudança muito maior, em função dos argumentos entre os eleitores sobre os problemas do cotidiano e as responsabilidades futuras da prefeita/o eleita/o. E que isso vai até o dia da eleição. É verdade. Mas há outras questões.
À formatação da amostragem pelos indicadores "ibegianos" (gênero, idade, níveis de instrução e renda, população economicamente ativa...) e pela distribuição do eleitorado por região eleitoral vêm se somar os perfis de trabalho, de religião, da mídia de que usualmente se é cliente... Com isso se pode teoricamente - respeitando todos os perfis "ibegianos" e regionais, se formar amostras as mais diversas, afetando o resultado da pesquisa.

Por isso, é necessário que a experiência acumulada na formatação da amostragem num certo município, no caso, defina que âncora ou âncoras (que item ou itens na organização da amostra) serão usadas para aprimorar a amostragem e reduzir a margem de erro.

Uma pesquisa, para ter todos aqueles elementos citados pelos institutos, de precisão ou margem de erro, requereria ser residencial. Mas, aqui, nas grandes cidades - em função da insegurança - não se consegue isso. Então se busca a proximidade do eleitor com seu local de moradia para reduzir a probabilidade de engano. Exemplo. Num ponto de fluxo - uma praça ou rua de alta movimentação - a abordagem do entrevistador pode gerar desconfiança e o eleitor falseia sua renda, seu local de moradia, etc. O risco em pontos de fluxo é muito maior.

Da mesma forma as pesquisas telefônicas no Brasil, em telefones fixos, geram uma distorção, porque esses não têm uma oferta tão elástica que se ajuste a uma amostragem adequada.

Da mesma forma a escolha do dia para amostrar. Num dia de semana , quem trabalha se desloca de onde mora a seu local de trabalho. O pesquisador quando vai ao bairro residencial tende a encontrar quem fica em casa, seja por estar desempregado, de férias, dona de casa, aposentado, etc... afetando o resultado. A pesquisa feita no fim de semana aprimora a sua precisão.

Tudo isso tende a flutuar menos, quando a decisão de voto está tomada, portanto no final do processo eleitoral. Mas as pesquisas não são feitas para se dizer quem vai ganhar o jogo aos 45 do segundo tempo, mas para sinalizar tendências, orientar campanhas, etc. Desta forma a imprecisão no meio da campanha é prejudicial, pois desorienta os analistas e as próprias campanhas. Não digo o eleitor, pois esse é muito menos influenciado do que muitos supõem. Afeta principalmente a motivação dos militantes, o noticiário da imprensa e os patrocinadores. Claro que esses são fatores importantes numa campanha.

De qualquer forma é bom que militantes, jornalistas e patrocinadores não se envolvam tanto com as pesquisas divulgadas e que tenham mais paciência durante o processo eleitoral. As campanhas do DEM realizam pesquisas semanais, mas não as divulgam porque acreditam na maior precisão de suas pesquisas e com isso podem se antecipar aos fatos e provocar cenários futuros.

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