terça-feira, setembro 02, 2008

Pesquisas, antes e depois do horário eleitoral

Pode-se dividir as eleições nas grandes cidades em dois grupos. No primeiro estão aquelas em que os candidatos já tiveram ou tem mandato governamental e no segundo grupo aquelas em que nenhum deles teve mandato de prefeito ou governador. Nas primeiras, as pesquisas indicam de fato o grid de largada, ou seja, o ponto efetivo do qual cada candidato parte. Nas outras, nem isso. É apenas um teste de conhecimento do eleitor sobre o nome dos candidatos, o que ajuda, mas nada tem - necessariamente - a ver com a decisão de voto.
Outro dia a diretora técnica do Ibope em palestra à imprensa explicava por que as pesquisas tendem muito mais a variar nas eleições municipais: a força do argumento pessoal e direto é maior para o convencimento, pois trata de questões que a vida e rotina do eleitor podem avaliar.

A imprensa - de fato - cobre os governos. Os contrapontos formam a dramaturgia da cobertura dos fatos, mas produzem uma memória rala. Na hora da campanha esta memória rala serve muito pouco ou nada. No caso dos candidatos que participaram da última campanha majoritária, há uma memória do nome mais viva, mais presente. É o caso dos candidatos do PRB, PCdoB, PT, PSDB e PMDB, hoje, no Rio em SP e Curitiba.

Quando o quadro eleitoral só reúne candidatos que nunca foram chefes de executivo, os eleitores só entram em campo quando passam a dar atenção a eleição e então começa o processo de troca de informações e opiniões entre eles. Por isso o fator espacial é tão importante e por isso se diz que um candidato é forte neste bairro e fraco naquele. E o eleitor só entra em campo quando o horário eleitoral entra na TV.

Dizem que o eleitor não gosta do horário eleitoral. Mas - mesmo este fator - o desperta que vai haver eleição e ele tem que decidir e, portanto, induz a conversa a respeito. A TV principalmente traz o eleitor para a eleição. A TV já não decide o voto, é verdade. É como um uso exagerado de antibiótico quando o corpo não reage mais aos mesmos estímulos. Mas o tempo na TV informa quem são os candidatos e chama a atenção para um ou outro fato. Estes fatos vão servir às conversas entre os eleitores. E com isso se lança e depois se acelera a dinâmica eleitoral. A intenção de voto se dilui e entra a decisão de voto.

No Rio-Capital, por exemplo - em todas as eleições majoritárias - onde não havia candidato que havia sido governo - e lembre-se de 1992, 1996, para prefeito e agora mais recentemente 2006 para governador, o resultado final foi muito diferente e até o inverso das pesquisas anteriores à entrada da TV. Isso não é uma lógica, claro, mas uma demonstração.

Todo o movimento anterior a entrada na TV tem o mesmo efeito do eleitor se lembrar do nome. Portanto, quanto mais exposição no primeiro mês de campanha, maior a probabilidade de impacto em pesquisas. Mas o sentido é exatamente o mesmo que ter sido candidato na eleição majoritária anterior: memória do nome e marcação em pesquisas. Tudo vai depender do processo pós-TV.

Esse ano houve um problema adicional: as Olimpíadas que jogaram as conversas decisórias entre eleitores para setembro. Na prática uma eleição 15 dias mais curta.

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