terça-feira, novembro 23, 2010

EVITA, KIRCHNER: TRAGÉDIAS QUE DESMONTAM A POLÍTICA ARGENTINA!

1. Em 26 de julho de 1952, morria Evita Perón, de câncer uterino, depois de meses de sofrimento. Perón já vivia pessoalmente um processo de desgaste. Tentou levar Evita a ser sua vice-presidente, mas os militares barraram a pretensão. Era Evita quem tinha a popularidade máxima junto aos trabalhadores e aos pobres. Era amada e venerada como uma Santa. A estabilidade política do governo Perón dependia dela, pois os militares não se arriscariam a um golpe de estado, temendo o inevitável banho de sangue. A partir da morte de Evita, a base de Perón desestabilizou e vieram as duas tentativas de golpe, ambas em 1955. Na segunda, em 16 de setembro de 1955, Perón justificou querer evitar derramamento de sangue e entregou o poder. Na verdade, não tinha - naquele momento - mais base popular para enfrentar.

2. Morre em, 27 de outubro de 2010, Nestor Kirchner, (foto) com problemas cardíacos sequenciais, que o levaram a realizar cirurgia meses antes. Apesar do crescimento da oposição e de sua derrota nas eleições parlamentares parciais de junho de 2009, quando perdeu a maioria no Congresso, Kirchner mantinha-se como referência popular. Sua taxa de popularidade geral havia decrescido. Mas as pesquisas para as eleições presidencias de 23 de outubro de 2011 lhe davam uma vantagem confortável, embora apontando para um segundo turno. A oposição dividida não consegue chegar à convergência. Menos agora.

3. A morte de Kirchner tira da presidente Cristina Kirchner (foto) sua base popular e a liderança carismática e populista de seu marido. Seu debilitamento será inevitável. A fórmula - Cristina na Presidência, Kirchner no Poder - se desintegra. São 8 os nomes que se pré-apresentam dentro do "peronismo federal" como candidatos a presidente. Cristina Kirchner pode ser candidata à reeleição. E certamente será. Mas sem o lastro popular, a liderança populista de Kirchner, não terá vitalidade política, em muito pouco tempo.

4.
As pressões sobre o Congresso, que Kirchner fazia pessoalmente, não terão quem o substitua e a oposição parlamentar crescerá, e mais ainda com parlamentares que se considerarão independentes e buscarão referências para outubro de 2011.


5.
O paradoxo da situação comparada é que, com Perón, era sua esposa Evita que lhe dava lastro popular. Com Cristina era seu marido Nestor Kirchner que lhe dava esse lastro. A morte de Evita desestabilizou politicamente a Argentina. A morte de Kirchner desestabilizará politicamente a Argentina. Claro, em contextos diferentes, em relação ao caráter dos desdobramentos.

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