terça-feira, dezembro 04, 2007

Te cuida Aécio!

1. O secretariado político da sucessão dentro - do governo federal - chegou a conclusão, umas três semanas atrás, que o verdadeiro adversário deles em 2010, é o governador Aécio Neves e não Serra.

2. Fazem as contas em função da capacidade de agregação do governador Aécio Neves, testada e demonstrada, quando foi presidente da Câmara de Deputados, e depois como Governador de MG. Raciocinam assim: uma vez Aécio candidato a possibilidade do candidato do PT em 2010, conquistar apoio dos chamados partidos de sua base anula-se. Nem o PMDB virá.

3. A partir desta conclusão iniciou-se o processo "delenda Aécio". Primeiro Lula ironizou a marca do governo Aécio - Choque de Gestão - e disse que choque de gestão é contratar mais pessoas para o governo, numa alusão às demissões que Aécio fez . Dois dias depois - a ministra Dilma Rousseff desqualificava o Choque de Gestão de Aécio, numa sabatina na Folha de SP, sob todos os aspectos.

4. Simultaneamente determinavam - a partir do valerioduto mineiro - uma exaustiva investigação contra Aécio e a empresa que sua irmã - na época - trabalhava, tentando demonstrar operações financeiro-político-eleitorais ilícitas. O que se diz é que não se trata de enquadrar o governador no processo do valerioduto mineiro, mas de formar um amplo e profundo dossiê contra o governador, de forma a desmontar a sua candidatura no caso dela se afirmar no PSDB.

5. Buscam também - desesperadamente - fotos de qualquer tipo de Aécio em festas, que possam - de alguma maneira - comprometê-lo. E dizem que pagam bem, alopradamente bem.

6. As frases - eventualmente lançadas por Lula de carinhos a Aécio, são simplesmente nuvens de fumaça, fachadas para não assustá-lo e pegá-lo desprevenido mais na frente.

7. Que o governador se precavenha. Em política ganha quem joga com as brancas, quem tem a iniciativa. Cabe ao governador Aécio fazer as suas próprias investigações e comprovar o que este Blog está escrevendo aqui. E sendo assim, sair da posição suave que o tem destacado, e começar a atacar, de forma a descredenciar seus detratores, na sombra. Ainda na sombra.

PSDB E A SÍNDROME DE ESTOCOLMO!

Ficou conhecida como Síndrome de Estocolmo, a atração que algumas vezes o sequestrado tem pelo sequestrador.
Na política - pelo mundo afora - há exemplos de sobra para o entendimento desta síndrome por analogia. É quando um partido - ou político - se deixar atrair pelo canto da sereia de seu adversário, especialmente em situações de poder ou de opinião pública.

De certa forma o PSDB vive num quadro desses em relação ao PT no governo. É atraído pelo sequestrador e até acha que o sequestro foi prazeroso. Recentemente foi assim na eleição para presidente da Câmara de Deputados. O tempo mostrou que foi um erro.

Agora - mais uma vez - se vê atraído por seu sequestrador e aceita pavimentar o caminho para a aprovação da CPMF - um tributo economicamente irracional, antifederativo, que afeta a competitividade brasileira, socialmente injusto, e oculto.

Seria recomendável alugarem o DVD do filme Bom Dia, Noite de Marco Bellocchio e vê-lo com atenção. Trata do sequestro - de Aldo Moro (presidente da DC italiana na época) - com conversas de "alto nível político" com os sequestradores das Brigadas Vermelhas, e que termina... com sua execução. Até pela proximidade de Aldo Moro e Franco Montoro - patrono maior do PSDB.

UM PAPA BRASILEIRO!

A nomeação de Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, como Cardeal no Consistório realizado no dia 24 de Novembro de 2007 poderá trazer surpresas no futuro.
Para alguns vaticanistas o nome de Dom Odilo já figura na lista dos favoritos ao Papado. O perfil dele é muito apropriado para as finalidades da Igreja. Foi Presidente da CNBB, moderado. Completará 60 anos em 2009 - uma idade excelente! Tem 2 doutorados em Teologia pela PUG - Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma). Foi responsável pela realização do CELAM e pela própria vinda do Papa Bento XVI ao país. Demonstrando ser um líder na Igreja Latina.

Já se fala em Roma que Dom Odilo começará a ser preparado pelo Papa Bento XVI para ser o primeiro papa latino.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS DESINTEGRAM A "BASE ALIADA"!

Só a ingenuidade permitiria projetar qualquer expectativa de unidade da - chamada - "base aliada", nas eleições municipais de 2008. É fácil entender. A lógica da eleição dos deputados estaduais e federais passa por eleger uma base própria de vereadores e prefeitos. Nesse sentido, de nada adianta vencer eleições se esta vitória não vier acompanhada dos parceiros próprios e diretos que os deputados atuais ajudarem a eleger.
Na dinâmica inorgânica e pulverizada do sistema eleitoral brasileiro - com voto proporcional aberto - não dá no mesmo para um deputado que seu partido eleja mais vereadores em um município. O fundamental é que o seu vereador seja eleito. Da mesma forma, de nada interessa se o prefeito eleito foi de sua coligação, se este não é aliado pessoal seu.

Esse jogo impede que - em nível municipal - a ampla e heterogênea - "base aliada" - do governo se sustente.

E tem mais. A natureza hegemonista do PT e o patrulhamento de seus setores mais radicalizados impelem suas convenções na direção de ter candidatos próprios. Coligação sim, pensam eles, mas desde que a cabeça seja do PT.

Mesmo o esforço que PCdoB, PSB e PDT farão para estarem juntos em 2008 se esfumará, a menos que um nome deles seja favorito, destacado numa certa eleição e numa grande cidade. E olhe lá.

Após as eleições vêm os entulhos de campanha, os conflitos específicos, os ganhos, as perdas... o que construirá um difícil ano de 2009, onde os cacos da "base aliada" deverão ser recolados, o que não ocorrerá em pouco tempo.

Quanto mais aliados um deputado elege, maior a probabilidade de ele mesmo se eleger em 2010. Nas eleições municipais o espalhamento será inevitável. E reagrupar depois não será tão simples quanto agrupar após as eleições nacionais, quando o quadro de deputados se decide e quem sobrou, sobrou.

COCAÍNA!

Nos últimos anos, o governo dos EUA entendeu que o foco principal de sua ação contra a cocaína deveria ser combater a produção, reduzindo as áreas de produção, por destruição das plantações. Decidiu assim porque verificou que a oferta era elástica e se ajustava a demanda, somadas às apreensões, que quase equivalem a demanda.
Na medida que as apreensões se davam no trânsito da cocaína depois de sair da Colômbia e até o consumidor norte-americano e a demanda era - em curto prazo - a mesma, a resposta flexível da produção (à soma de demanda e apreensões) tornava inócua, a concentração das ações na passagem da cocaína em direção aos EUA. Não que não se devam fazer, mas que se saiba que a flexibilidade da produção reduz em muito a sua eficácia.

Por outro lado a redução da demanda através de políticas preventivas, necessária e permanente, não afeta o curto prazo significativamente. Deve continuar como de grande importância, mas com repercussões em longo prazo.

Os traficantes se ajustaram e passaram a produzir e traficar cocaína de forma segmentada. Ou seja, uma repressão por mais forte e efetiva que seja, não afeta o movimento geral.

Isso nos leva a fazer indagações sobre as políticas de repressão as drogas no Brasil. Se a oferta se adequa naturalmente à demanda, as apreensões internas (que, aliás, são mínimas) pouco afetarão o movimento. O mesmo se pode dizer do tráfico de armas.

Desta forma as ações do governo federal e dos governos estaduais deveriam estar voltadas para reprimir a entrada de drogas no território nacional, a apoiar as ações de prevenção ao consumo e a desintegrar as gangs de narcovarejo, tornando qualquer "negócio" feito por elas, de alto risco.

Se isso é certo se concentrar em operações de inteligência policial e de investigação, que levam aos paióis (armas) e depósitos (cocaína) em locais específicos, será simplesmente "enxugar gelo". O que caberia - na lógica exposta - seria - por parte do governo federal - uma forte fiscalização das fronteiras por terra, mar e ar, uma reformulação técnica da fiscalização aos containers, uma fiscalização rigorosa a pistas de pouso clandestinas ou para-oficiais, aos iates clubes...

Há muito que aprender em matéria de fiscalização com o que se faz na fronteira Tijuana-San Diego (25 milhões de veículos por ano) e Windsor-Detroit (20 milhões de caminhões por ano). Com os novos métodos de inspeção de containers. Com a guarda marítima nos mares da Califórnia à Flórida.

E há muito que aprender com as forças militares e policiais da Colômbia que desintegraram as gangs urbanas - farc, auc... - nas comunidades das grandes cidades.

70 ANOS: GETULIO VARGAS E O NOVEMBRO DE 1937!

As ações dos governos se medem tanto pelas intenções como pelos resultados. E sempre - quando se trata do passado - é básico contextualizar. Falar dos anos 30 é falar re regimes verticais e autoritários pelo mundo todo, com exceção, quase que só - da Grã-Bretanha. O primeiro governo Roosevelt nos EUA, não ficou fora disso. Sobre isso vale ler o artigo de Churchill sobre ele, publicado numa coletânea em português.
O fato é que 1937 foi uma resposta vertical à tentativas de golpe - dos partidos - comunista e integralista - nada democráticos e a debilidade dos partidos que se formavam pós constituinte de 1934, quase todos provisórios e de caráter regional.

O fato é que de 1937 saíram as três grandes forças políticas brasileiras pós-autoritárias. Os interventores que ficaram com Getulio Vargas criaram mais tarde o PSD (Benedito Valadares, Amaral Peixoto, Agamenon Magalhães...). Os interventores que não aceitaram continuar e os getulistas que rejeitaram a saída de 1937 - formaram depois a UDN (Juracy Magalhães... e o próprio Oswaldo Aranha, embaixador nos EUA). E o trabalhismo - governo-sindicatos-esquerda - antes articulado por Pedro Ernesto se estrutura a partir daí.

O Brasil com Vargas e Lindolfo Collor, no início da Revolução de 30 - constrói o segundo sistema previdenciário no mundo todo. O primeiro foi o alemão ainda no século 19 com Bismarck. No pós-37 este sistema passa a ganhar ossatura, acompanhado de leis trabalhistas.

Portanto, 1937 não pode ser tratado como mais um golpe de caudilho latino-americano. E descontextualizando programas de TV ou matérias de jornais, terminam desinformando e fazendo novela e não história nem jornalismo.

LEITURA PARA O GOVERNO LULA, QUE TEM A MENTIRA COMO SUA POLÍITICA DE COMUNICAÇÃO!

Solidariedade na diferença – Trechos do artigo de RAMIN JAHANBEGLOO! El País

1. Numa famosa palestra para os dominicanos em Paris, o escritor e filósofo francês Albert Camus disse: "O diálogo só é possível entre pessoas que continuam fiéis ao que são e que dizem a verdade. O diálogo não tem sentido se não há verdade. Nenhuma cultura é humanista se ela se fecha em si mesma e se vive sem as demais. Nenhuma cultura pode representar toda a verdade da vida humana".

2. Estas palavras de Camus ressoam até hoje, num mundo de sociedades e culturas em rápida transformação. No entanto, quando Camus fala de "uma busca comum pela verdade", está sublinhando o fato de que não há sentido em engajar-se num diálogo, se os interlocutores não dizem a verdade.

3. Num mundo que perdeu confiança no poder da verdade, acreditar que, juntos, podemos viver na verdade, pode servir para curar intolerâncias e confrontos violentos. Viver na verdade reforça uma atitude moral com relação à questão mundial da diversidade e em relação às diferenças. É o ato de negar-se a participar das mentiras cotidianas que constituem a base das intolerâncias e dos fundamentalismos, tanto os laicos quanto os religiosos. Viver na verdade é, portanto, uma estratégia que requer um diálogo entre indivíduos e culturas, voltado para o rompimento do círculo vicioso de ódio e de indiferença e para evitar o efeito destrutivo das ações violentas.

4. A necessidade de nos opormos à indiferença e à violência leva-nos à pergunta – como identificar o espaço da diversidade cultural, incluindo o reconhecimento do papel desempenhado pela sociedade civil na luta pelo pluralismo social e político? A reflexão sobre o pluralismo de valores e a reação diante das diferenças culturais formam o centro do espaço que a política da diversidade conseguiu elaborar.

5. O que a política da diversidade pede não é o simples fato de tolerar as diferenças, mas de afirmá-las por si próprias e como forma de facilitar um sentimento de solidariedade e de comunidade. A diversidade cultural pressupõe formas diferentes de viver juntos e de participar da vida cultural que se deseje. A idéia do pluralismo cultural ou da interculturalidade está ligada à das diferenças no mundo.

6. Em outras palavras: ao invés de acentuar as virtudes de uma liberdade atomizadora, a política da diversidade se firma sobre a forma pela qual os cidadãos de uma sociedade podem exercer um papel mais importante na esfera pública, com base na abertura de fronteiras mentais entre os representantes de culturas distintas. No âmago desta política da diversidade, podemos descobrir uma ética de compreensão mútua, que fomente o cultivo de valores compartilhados entre todos os cidadãos.

DA SÉRIE: LÁ... COMO... AQUI...!

Trechos do artigo - Democratizar a Democracia - de Pepe Eliaschev em La Nacion.

1. A Argentina deverá colocar, mais cedo ou mais tarde, a necessidade de uma profunda revisão da engenharia de sua mecânica institucional. Hoje, a Argentina não apenas tem um regime de exacerbado presidencialismo, mas ainda acabou de maturar no país um desequilíbrio abismal entre o Executivo e o Congresso, em favor de uma Casa Rosada onipotente. Não há na Argentina uma tensão dinâmica criativa entre o Executivo e o Congresso. O primeiro poder é o único vigente e a ele se submetem, sem pretensões, políticos que manifestam a conformidade de legislar a pedido do Presidente, vivendo num estado de renúncia permanente de suas faculdades de independência institucional.

2. Essas maiorias esmagadoras se agigantaram em grande medida graças a arabescos de imaginação exuberante e, ao mesmo tempo, perniciosa, com essa invenção argentina das "colectoras", reedição da vituperada e contaminadora lei de lemas (obs: sub-legendas). Uma armação institucional tem de prever, desde já, que os esquemas normativos sejam em certas ocasiões alterados e ultrapassados por individualidades demasiado fortes.

3. O presidente Kirchner, por exemplo, demonstrou não ter a capacidade de conduzir e de aceitar, no momento e de bom grado, ser contrariado. Seu forte temperamento e sua maneira de entender a soberania popular o levaram a manejar o país com rédea muito curta, com poderes delegados pelo Congresso e com faculdades extraordinárias permanentes. Assim, a Argentina se comportou como um Estado de Direito submetido a manipulações político-institucionais desmedidas.

4. O país terá de proceder, agora com renovada energia e audácia, a democratizar a democracia, um programa que não pretende ser uma mera frase engenhosa. Tal tarefa implica um relançamento sólido e duradouro da legitimidade e da necessidade de os partidos e uma vasta e urgente modernização do vetusto aparelho eleitoral. Mais do que mudar paradigmas, se impõem reformas serenas e firmes que modifiquem mediante leis de estrito cumprimento ou funcionamento do corpo político.

5. Além disso, a atual maioria deveria ter a clarividência de impulsionar, num consenso civilizado com as forças da oposição, uma valorização dos partidos, fechando as brechas ao oportunismo e á venalidade que derivam do nefasto sistema de "colectoras" (obs: algo como pequenos partidos daqui que se somam a um projeto eleitoreiro) típico engano dessa ultra-democratização, que consiste em oferecer mil oportunidades para terminar confundindo ainda mais a cidadania, o que acentua o despojo da vontade democrática.

6. Com menos partidos, mas de perfis nítidos e prolixos, com um marco legal capaz premiar a coerência e desalente o aventureirismo eleitoral, e com jornadas eleitorais simples, claras, transparentes e credíveis, a Argentina poderia produzir uma valiosa melhoria em sua frouxa saúde institucional.

CHÁVEZ ACREDITA PIAMENTE QUE INCORPOROU SIMON BOLIVAR E QUE O ENCARNA!

Pelo menos dois psiquiatras venezuelanos (que pedem ter seus nomes ocultos pelos diplomatas com que conversaram ontem, por razões óbvias), a partir de relatos de pessoas muito próximas ao presidente Hugo Chávez, afirmam que o caso do presidente é muito delicado, pois é um caso de esquizofrenia projetada ou algo assim.
Chávez estaria convencido de ter incorporado a alma de Bolivar, e conversa com este, naturalmente, sempre que quer. E que, como Bolivar encarnado, tem que dar sequência a obra do "libertador". O texto básico para isso é a Constituição - proposta por Bolivar desde a Bolívia, em que tentou implantar depois na Colômbia,etc...

Esta constituição - entre outras coisas - previa um "presidente vitalício" da república, e os demais poderes submetidos a este presidente. E um povo sem informação, que precisa ser conduzido. Bolivar e seu grupo tiveram uma vitória efêmera sobre o general Santander e conseguiram seu exílio. Na volta o grupo de Bolivar e ele mesmo, foram afastados do poder, e " exilados" na Colômbia.

Cada vez que ocorre um conflito com ele e um dirigente de outro país, Chávez - ou melhor Bolivar - faz uma transferência para o passado e encarna Bolivar no conflito. Vê o Rei Juan Carlos como se fosse o rei Fernando VII e reproduz frases de Bolivar. Vê o presidente Uribe da Colômbia, como se fosse o presidente Santander, e procura vingar-se do que esse teria feito com ele - Bolivar, digo Chávez. Olha o Brasil como o Império e assim se refere a ele.

Um caso grave de psicopata que - segundo os interlocutores disseram ontem - deve ser acompanhado como o maior cuidado, pois casos como esse podem produzir qualquer tipo de ação, sem limite previsível. O melhor - segundo eles - é não confrontar e deixar que - em crise - fale só e se acalme. O tempo - só faz agravar um caso desses - sem ser submetido a tratamento.

Hillary Clinton perderia para qualquer republicano, segundo pesquisa

Se fosse escolhida por seu partido, a candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton seria derrotada nas eleições presidenciais por qualquer um dos candidatos republicanos, revela uma pesquisa do Instituto Zogby International publicada recentemente. Segundo o estudo, a ex-primeira-dama, que liderava as pesquisas de opinião desde o início da campanha, vem perdendo terreno. De acordo com a pesquisa, Hillary Clinton seria derrotada pelo senador republicano John McCain (38% a 42%), pelo ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani (40% a 43%) e pelo ex-governador de Massachusetts Mitt Romney (40% a 43%). Até os candidatos republicanos de menor expressão, como o ex-governador de Arkansas Mike Huckabee ou o ex-senador e ator Fred Thompson, venceriam a ex-primeira-dama, respectivamente por 44% a 39% e 44% a 40%.A pesquisa do Instituto Zogby foi realizada com 9.150 pessoas em todo o país entre os dias 21 e 26 de novembro, e tem uma margem de erro de 1%. Em junho passado, Hillary Clinton tinha 5% de vantagem sobre Giuliani e estava longe na frente dos demais candidatos republicanos.

FUNDAÇÃO PÚBLICA DE SAÚDE: UMA FALSA SOLUÇÃO!

Quase que como rotina no Brasil, sempre que se enfrenta uma crise, surge uma solução milagrosa e salvadora em lei. Esta é agora a tal Fundação Pública de Saúde. Ilusão treda. Mais uma!
A administração indireta como solução flexível para a burocracia estatal rígida, surge no governo Carlos Lacerda na Guanabara e depois é enormemente ampliada no governo do presidente Geisel. O processo foi sofrendo desvios sobre a matriz original e transformou a administração indireta num valhacouto de irregularidades.
A partir daí a legislação subseqüente foi adotando medidas corretivas que finalmente tiveram peso constitucional e infra-constitucional sobre contratações, compras, investimentos, etc... que terminaram na prática, igualando-a a administração direta. Essa é a situação de hoje. O poder judiciário já decidiu assim milhares de vezes.

Uma Fundação no setor público brasileiro obedece rigorosamente as mesmas restrições legais da administração direta, em relação a pessoal, custeio e investimentos. Com isso seus funcionários devem ser contratados por concurso público e a condição de CLTistas não muda seu regime de estabilidade e a dinâmica de demissões, que deve observar os mesmíssimos procedimentos dos estatutários. Há duas exceções: a aposentadoria que será pelo INSS e o comissionamento que não poderá ser feito aos celetistas pois produzirá direitos de incorporação pela CLT e direitos conseqüentes por paridade, aos demais funcionários de mesmo nível. Uma bola de neve. Aliás, a mera contratação de cooperativas já produziu litígios enormes nos tribunais pela responsabilidade de sucessão dos governos, etc...

Da mesma forma suas compras, que observarão com rigor a lei 8666. E assim por diante. As regras e leis que a regem por mandamento constitucional e infra-constitucional são as mesmas da administração direta: não produzirão nenhuma flexibilidade. E os Tribunais de Contas tem atuado de forma linear em relação a isso.

Mas há mais pedras no caminho. A contratação por regime CLT implica em obrigações com a União, em relação ao INSS, Fundo de Garantia, etc. Com isso qualquer atraso nestas transferências compulsórias, interrompe automaticamente as transferências da União a Estados e Municípios. Os direitos dos celetistas sobre jornada, repouso, incorporações, renda indireta, vale transporte, tíquete alimentação, plano de saúde, etc.. etc... multiplica gigantescamente os conflitos empregado-empregador na justiça esgotando as procuradorias ou exigindo a sua ampliação. E aumenta o custo da folha de pagamentos a curto e médio prazos exatamente pelas obrigações patronais/ sociais. Um exercício de matemática financeira mostra que o valor presente só se justifica incluindo o custo das aposentadorias para o setor publico, ou seja, se recupera num prazo de mais de 30 anos.

Paradoxalmente vários dos que criticam a CLT como inviabilizadora da competitividade no setor privado a proclamam no setor público, neste caso.

Mais imprudente é a solução, se aplica o que um secretário estadual de saúde disse outro dia: que vai oferecer aos estatutários remuneração maior para trabalharem na Fundação. Ou está sugerindo que peçam demissão e sejam recontratados como celetistas, ou estará provocando uma enorme confusão na Fundação a ser criada. Aliás fato velho e conhecido.

Que há problemas de gestão na saúde pública, há, e no mundo todo. Há caminhos de flexibilidade sendo experimentados, como em SP. Há outros sistemas em experimentação como os da Catalunha e da Colômbia. Mas certamente este, da volta embalsamada da fundação geiseliana, certamente será mais uma daquelas soluções mágicas brasileiras que em pouco tempo se descobrirá que deu em nada, desmoralizando-a. Mas aí a frágil memória se esquecerá do nome dos artífices.

GLOBALIZAÇÃO E MUDANÇA NOS ESTUDOS DE POLITOLOGIA E ECONOMIA!

Ulrich Beck é professor do Instituto de Sociologia da Universidade de Munique e em outras universidades européias. É das mais importantes autoridades acadêmicas da esquerda européia! Trechos da entrevista ao Clarin.

1. A globalização é muitas coisas, Uma delas é a crescente interconexão que existe entre assuntos políticos e econômicos, pelo qual o Estado-Nação ou a sociedade nacional já não é a exclusiva unidade de interação social e de comunicação. Outro significado, que é mais radical, é que a globalização é um novo jogo do poder mundial, que implica redefinir as regras do poder entre os Estados-Nação, o capital e os movimentos da sociedade civil.

2. A globalização não é algo que se volte apenas para questões globais. A globalização muda a importância da relação com o local e muda a relação da gente com o local. É ao mesmo tempo um processo de redefinição do local. A globalização significa que estamos, ao mesmo tempo, atuando no nível local, mas temos de antecipar a reagir na base do processo que se está desenvolvendo na esfera global. Diria que necessitamos de uma visão cosmopolita, o que implica empregar uma metáfora: ter raízes e asas ao mesmo tempo.

3. E uma de minhas idéias principais é que os atores políticos devem começar a aprender como organizar a si mesmos, identificar-se com as políticas transnacionais, construindo, como o capital já o fez, um novo espaço para a política em nível transnacional. Inventando novas formas de cooperação com os Estados, entre a sociedade civil, atores que incluam nacionais diferentes para ter uma visão do mundo globalizado e localizado ao mesmo tempo. O termo apropriado para definir isso seria "soberania inclusiva".

4. Que a soberania já não pode definir-se como autonomia, porque em condições de globalização e de interconexão, muitos problemas já não tem soluções nacionais, como os problemas da migração, meio ambiente, etc. De qualquer maneira, não se pode esquecer que existe a cultura do Estado-Nação.

5. Em alemão existe uma expressão, que me parece mais adequada. É "Welt Bürger", que se traduz como cidadão mundial, ou o cidadão do mundo. Este é um significado que serviu de fundo às discussões dos séculos XVIII e XIX. Naquele momento, houve um grande debate sobre como relacionar a idéia do cidadão do mundo com ou o cosmopolitismo com patriotismo, com o nacionalismo. Hoje, podemos usar o conceito de cosmopolitismo de uma maneira nova. Porque a sociologia, a ciência política, são em grande parte, prisioneiras do Estado-Nação em seu pensamento. Isso remonta ao século XIX, quando se desenvolveram as ciências sociais com os pressupostos do Estado-Nação como unidade básica para a sociedade, a cultura e a identidade política. A globalização significa que o espaço do Estado-Nação não é a unidade da ação e o pensamento econômico, etc. Assim, necessitamos de uma perspectiva distinta.

6. Simplesmente, não podemos continuar usando o Estado-Nação e a sociedade do Estado-Nação como unidade de investigação. Isso é o que eu chamo: nacionalismo metodológico. Um nacionalismo que está sendo reproduzido no nível das ciências sociais, porque os pressupostos básicos do nacionalismo são os pressupostos básicos das teorias políticas e sociais. E isso deve superar-se. Na realidade, cosmopolitismo significa uma nova região para as ciências sociais que transcende e passa a ser o nacionalismo metodológico

PARA LER E RELER!

Duas das respostas da longa entrevista de Eduardo Subirats, filósofo espanhol, professor da Universidade de Nova York - ao Estado de SP.

Filmes sobre violência (tropa de elite, etc...), trazem à reflexão ou cultuam a violência?
Intelectual midiático não é elite, não é transformador!

O sr. viu o filme Tropa de Elite no Brasil? A discussão aberta da violência urbana pode ter reflexos sobre a própria violência urbana?
Sobre esta classe de películas deve-se recordar que a diferença entre o culto à violência e a reflexão sobre a violência é tão tênue como uma brisa. Além do mais, o problema da violência urbana não se resolve com filmes, mas com uma vontade política de acabar com ela. Porém, hoje, assistimos mundialmente ao fenômeno oposto. Desde Bagdá até Tijuana, o crime organizado é um dos grandes negócios do século: o tráfico ilegal de drogas, armas e seres humanos que este crime ampara militar ou paramilitarmente é um dos grandes dilemas do nosso tempo.

Como analisa a questão das elites intelectuais na América Latina?
O que distingue intelectualmente uma elite não é o poder político ou institucional da classe que seja. O poder institucional define a burocracia, o intelectual orgânico ou a estrela literária. O que distingue uma elite intelectual em um sentido estrito não é o poder político, mas a capacidade de desenvolver uma crítica, de criar uma forma de ver, de pensar e de ser, reside na força reformadora e transformadora das linguagens e a consciência de uma sociedade. Nesse sentido, hoje vivemos em uma era antielitista, um antielitismo que se crê democrático, mas na realidade recolhe o pior da herança antiintelectual dos velhos fascismos. Vivemos em uma era na qual o papel educador e orientador dessas elites intelectuais tem sido tomado e monopolizado pelo burocrata acadêmico, pela estrela da mídia, pelo agente editorial, pelo administrador político.