quarta-feira, janeiro 14, 2009

O VICE-PRESIDENTE!

1. Pediram minha opinião sobre como se deve organizar uma chapa de Presidente e Vice no Brasil e se o ideal é que o Presidente seja de uma região e o vice de outra para somar votos. As eleições brasileiras, assim como outras nas Américas, onde há vice-presidente, não têm demonstrado isso. Em geral o papel do candidato a Presidente é tão destacado e a eleição tão personalizada nele, que o vice, em outra região, cumpre muito pouco ou nada o papel de agregador de votos.

2. É claro que numa Federação como o Brasil, obrigatoriamente o vice terá que ser de um Estado diferente do Presidente, mas não será isso que vai afetar o resultado eleitoral. JK escolheu Jango por razões de ordem política para mobilizar o PTB, um partido popular em razão do acordo por espaços no governo.

3. Jânio escolheu Milton Campos para compor seu discurso da ética. Collor escolheu Itamar pensando na questão regional, mas essa não teve qualquer impacto. FHC compôs com Marco Maciel muito mais pela capilaridade do PFL em áreas onde o PSDB era fraco. Mas a eleição se deu em torno do Plano Real. Lula escolheu José de Alencar para sinalizar que não haveria radicalização política em seu governo, não por razões regionais.

4. As questões que cercam a escolha do vice são de duas índoles: a confiabilidade, a lealdade e a discrição, de forma a que o presidente possa ser substituído em viagens e que a personalidade do vice não concorra com a do presidente. Uma vez vencido esse obstáculo, então se avalia que perfil reforçaria a imagem do presidente e geraria mais entusiasmo com a expectativa de poder.

5. A escolha que não atentar para estas razões pode produzir um multiplicador negativo. A chapa Lott-Jango não foi sinérgica, assim como a Lula-Brizola. Na ânsia de agregar, muitas vezes se constrói o inverso. Não observando o item 4, a chapa mesmo que vencedora vai realizar um governo instável, com a expectativa do vice de ir além das funções de substituição na ausência. Exemplo disso foi a chapa Getulio Vargas-Café Filho onde o vice conspirava contra o presidente no momento da crise de 1953/1954. A tudo isso se chama de engenharia política, onde se trabalha simultaneamente a melhor equação de vitória e a melhor de governo sem que uma afete a outra.

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