sexta-feira, dezembro 28, 2007

BOM MOCISMO, DOENÇA INFANTIL DO CENTRISMO!

1. Há uma frase muito usada por alguns políticos: "faço oposição ao governo e não ao país". Em geral produzida pelos que estão no governo para iludir a oposição. Uma análise cuidadosa dela, mostra que implica em uma tautologia ou então não faz sentido.

2. O regime democrático se estabelece pelo respeito às leis vigentes, e pelas regras para mudá-las. Estabelece-se por um sistema de acesso ao poder que não seja excludente. E finalmente, por consensos estabelecidos no amadurecimento da democracia que os retira da disputa pelo poder. Um exemplo é o caso da moeda. A introdução progressiva de bancos centrais independentes retira a moeda do confronto político. Ela deixa de ser política econômica estrito senso, e passa a ser uma preliminar de política econômica.

3. Excluídas as regras do jogo e a dinâmica legal que estabilizam as instituições, excluídos os consensos pilares de um regime democrático específico, os demais assuntos podem e devem ser expostos ao debate político e seus naturais atritos.

4. Se for assim, imagine-se alguma coisa que ganha em lei um prazo certo para terminar e a própria lei a chama de provisória ? E que o governo quer prorrogar o prazo de sua provisoriedade e nada mais que isso. Esse é um exemplo maior e evidente de questão que deve ir ao debate político com vistas a prorrogação de sua provisoriedade ou cumprimento da lei de origem que estabeleceu prazo certo de funcionamento.

5. Assim foi com a CPMF. A oposição queria apenas cumprir a lei que a eliminava neste final de ano. O governo queria mudar a lei e prorrogá-la. Para uma audiência desatenta, pareceu o contrário. Pareceu que a oposição queria mudar. Não: a oposição queria cumprir a lei e nada mais. E o seu caráter provisório denotava seus problemas.

6. No meio desse quadro, os governadores de SP e MG, se somaram aos que queriam mudar a lei. Usaram e abusaram da máxima non sense do item 1... no caso. Os desatentos poderiam imaginar que se tratava de uma opinião técnica sobre equilíbrio fiscal. Não. Fazia parte da "misancene" política que está sempre na comunicação de candidatos majoritários: - Mire-me pois estou acima destas questões políticas e olho apenas para o país. Evidentemente era esse o objetivo e não a medida em si.

7. E de certa maneira tiveram algum sucesso com a repetição da máxima non sense acima. Até do presidente receberam elogios e reconhecimento. Bem, esse mais esperto, legitima o contrário do que estava fazendo (mudando a lei) com a opinião de opositores.

8. Nada mais que jogo de cena, pré-eleitoral. Nada mais que isso! Quem leu com atenção, percebeu! Bom mocismo e nada mais! Aliás uma doença infantil do centrismo.

Um comentário:

Jeea disse...

Excelente este artigo, concordo integralamente, para mim centro esquerda, centro direita é muro, ou se é ou não. Detesto muro!