Trechos de artigo de Joaquim Villalobos, consultor para conflitos internacionais e ex-comandante guerrilheiro em El Salvador, no Clarin!
1. Na América Latina, não temos por ora conflitos étnicos e religiosos; no entanto, enfrentamos o que alguns qualificam como guerra civil continental contra o crime organizado, as quadrilhas urbanas, a delinqüência comum e a violência social. A produção e o tráfico de drogas estão ligados à globalização cosmopolita, mas, em nossos países, geram fragmentação social. Diversos grupos armados procuram cooptar e corromper as instituições, dominar territórios e controlar a população, os mercados e as estradas.
2. Este fenômeno supera em extensão as rebeliões políticas que existiram durante a Guerra Fria, e, em proporções diferentes, afeta todos os países. A ação policial e militar por mar, ar e terra que os governos realizam é sem precedentes; eles tentam recuperar o controle de instituições, mares, fronteiras, litorais, cidades e florestas que caíram nas mãos dos delinqüentes.
3. O Brasil está em guerra contra quadrilhas que dominam as grandes zonas urbanas; Guatemala e Honduras estão fragmentadas por máfias poderosas; o litoral atlântico da Nicarágua é um narco-território; a Colômbia combate os guerrilheiros de esquerda e os ex-para-militares de direita, que agora são narcotraficantes; em Salvador, as "maras" superam em número as guerrilhas dos anos oitenta; o México tem seis Estados em emergência, com intervenção de forças federais, e o maior perigo da transição cubana não é uma guerra entre cubanos, mas sim que e o crime organizado assuma o controle da ilha.
4. Existe uma lumpenização da violência da esquerda. Esta violência é promovida por antigos e frustrados ideólogos esquerdistas, mas é levada a cabo por jovens ativistas que são recrutados e atuam em áreas dominadas por uma violência de delitos que é social, financeira e territorialmente muito poderosa. Que os protestos sociais resultem em violência espontânea é algo que ocorre excepcionalmente em qualquer lugar, mas, com o cenário descrito, incentivar sistematicamente a violência de rua e deslegitimizar as instituições das democracias emergentes é multiplicar a impunidade e a insegurança.
5. A generalização da desordem ajuda os grupos criminosos e coloca a demanda por segurança acima das demandas sociais. Isto abre caminho para os autoritarismos. Hoje, mais do que nunca, a esquerda necessita de paciência, de paz e de legalidade. O romantismo guerrilheiro das velhas esquerdas agora é reacionário. O maior perigo para estes novos "combatentes" da esquerda não é morrer como heróis, mas acabar como mafiosos ou terroristas.
1. Na América Latina, não temos por ora conflitos étnicos e religiosos; no entanto, enfrentamos o que alguns qualificam como guerra civil continental contra o crime organizado, as quadrilhas urbanas, a delinqüência comum e a violência social. A produção e o tráfico de drogas estão ligados à globalização cosmopolita, mas, em nossos países, geram fragmentação social. Diversos grupos armados procuram cooptar e corromper as instituições, dominar territórios e controlar a população, os mercados e as estradas.
2. Este fenômeno supera em extensão as rebeliões políticas que existiram durante a Guerra Fria, e, em proporções diferentes, afeta todos os países. A ação policial e militar por mar, ar e terra que os governos realizam é sem precedentes; eles tentam recuperar o controle de instituições, mares, fronteiras, litorais, cidades e florestas que caíram nas mãos dos delinqüentes.
3. O Brasil está em guerra contra quadrilhas que dominam as grandes zonas urbanas; Guatemala e Honduras estão fragmentadas por máfias poderosas; o litoral atlântico da Nicarágua é um narco-território; a Colômbia combate os guerrilheiros de esquerda e os ex-para-militares de direita, que agora são narcotraficantes; em Salvador, as "maras" superam em número as guerrilhas dos anos oitenta; o México tem seis Estados em emergência, com intervenção de forças federais, e o maior perigo da transição cubana não é uma guerra entre cubanos, mas sim que e o crime organizado assuma o controle da ilha.
4. Existe uma lumpenização da violência da esquerda. Esta violência é promovida por antigos e frustrados ideólogos esquerdistas, mas é levada a cabo por jovens ativistas que são recrutados e atuam em áreas dominadas por uma violência de delitos que é social, financeira e territorialmente muito poderosa. Que os protestos sociais resultem em violência espontânea é algo que ocorre excepcionalmente em qualquer lugar, mas, com o cenário descrito, incentivar sistematicamente a violência de rua e deslegitimizar as instituições das democracias emergentes é multiplicar a impunidade e a insegurança.
5. A generalização da desordem ajuda os grupos criminosos e coloca a demanda por segurança acima das demandas sociais. Isto abre caminho para os autoritarismos. Hoje, mais do que nunca, a esquerda necessita de paciência, de paz e de legalidade. O romantismo guerrilheiro das velhas esquerdas agora é reacionário. O maior perigo para estes novos "combatentes" da esquerda não é morrer como heróis, mas acabar como mafiosos ou terroristas.
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