Artigo de Mariano Grondona - jornalista sênior e colunista aos domingos, em La Nacion.
1. Cada nação tem duas constituições. Uma, a constituição escrita, contém os textos legais. A outra, a constituição real, é maneira como o país vive a sua constituição escrita. Aqui, neste nível mais profundo, jogam as crenças, os valores que cada nação desenvolveu no transcurso do tempo. A constituição escrita é como o nível consciente da cada pessoa, o que ela quer ser. A constituição real é o nível do inconsciente que inspira em segredo, tanto as pessoas como as nações.
2. Ao igual que as demais nações, os EUA e a Argentina são influenciados por seu inconsciente coletivo. E assim, pode ocorrer que dois países semelhantes ao nível de suas constituições escritas, sejam radicalmente diferentes, a nível de suas constituições reais. É o que ocorre entre EUA e AR e entre eles e nós.
3. Tomemos um exemplo para ilustrar este contraste. No plano das constituições escritas, EUA e AR se definem do mesmo modo, como "repúblicas presidencialistas". Mas o sentido profundo da instituição presidencial entre eles e nós é oposto. Nos EUA, a instituição presidencial foi criada por Hamilton e Madison para moderar o perigo que os autores do “O federalista", viam no possível desborde demagógico do Congresso e dos Estados locais. Entre nós, na AR, a instituição presidencial não foi criada para moderar a euforia do Congresso e dos governadores, mas ao contrário, para dar-lhe ao país uma unidade de mando que o salvaria da desintegração.
4. Por isso, nos EUA, a crise presidencial sobrevém quando um presidente se torna demasiado forte,e assim foi porque Nixon foi destituído pelo Congresso, porque o acusavam de haver-se convertido em um "presidente imperial". Na AR, inversamente, ocorre o perigo dos presidentes débeis, como De La Rua, porque se algo não suportamos é que ninguém mande.
5. A um país aborrece o excesso de poder. Ao outro, se estremece diante da ausência de poder. Este contraste entre ambas constituições reais, se dá, sem embargo, ao abrigo de uma mesma constituição escrita, nesta questão. É que, em seu inconsciente coletivo, nossos países albergam temores distintos. Os norte-americanos temem mais que nada ao absolutismo, do qual se livraram com a independência. Os argentinos temem um mal que consideram ainda maior, porque tem padecido com freqüência: esse mal é a anarquia.
1. Cada nação tem duas constituições. Uma, a constituição escrita, contém os textos legais. A outra, a constituição real, é maneira como o país vive a sua constituição escrita. Aqui, neste nível mais profundo, jogam as crenças, os valores que cada nação desenvolveu no transcurso do tempo. A constituição escrita é como o nível consciente da cada pessoa, o que ela quer ser. A constituição real é o nível do inconsciente que inspira em segredo, tanto as pessoas como as nações.
2. Ao igual que as demais nações, os EUA e a Argentina são influenciados por seu inconsciente coletivo. E assim, pode ocorrer que dois países semelhantes ao nível de suas constituições escritas, sejam radicalmente diferentes, a nível de suas constituições reais. É o que ocorre entre EUA e AR e entre eles e nós.
3. Tomemos um exemplo para ilustrar este contraste. No plano das constituições escritas, EUA e AR se definem do mesmo modo, como "repúblicas presidencialistas". Mas o sentido profundo da instituição presidencial entre eles e nós é oposto. Nos EUA, a instituição presidencial foi criada por Hamilton e Madison para moderar o perigo que os autores do “O federalista", viam no possível desborde demagógico do Congresso e dos Estados locais. Entre nós, na AR, a instituição presidencial não foi criada para moderar a euforia do Congresso e dos governadores, mas ao contrário, para dar-lhe ao país uma unidade de mando que o salvaria da desintegração.
4. Por isso, nos EUA, a crise presidencial sobrevém quando um presidente se torna demasiado forte,e assim foi porque Nixon foi destituído pelo Congresso, porque o acusavam de haver-se convertido em um "presidente imperial". Na AR, inversamente, ocorre o perigo dos presidentes débeis, como De La Rua, porque se algo não suportamos é que ninguém mande.
5. A um país aborrece o excesso de poder. Ao outro, se estremece diante da ausência de poder. Este contraste entre ambas constituições reais, se dá, sem embargo, ao abrigo de uma mesma constituição escrita, nesta questão. É que, em seu inconsciente coletivo, nossos países albergam temores distintos. Os norte-americanos temem mais que nada ao absolutismo, do qual se livraram com a independência. Os argentinos temem um mal que consideram ainda maior, porque tem padecido com freqüência: esse mal é a anarquia.
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