"... moro em Jaçanã, se eu perder este trem..."
Trem das Onze - Adoniram Barbosa
A megalomania foi um traço presente e marcante desde a primeira gestão do presidente Lula. Os arroubos retóricos dos improvisos irrefletidos espalharam ilusões de grandeza, poder e superioridade, em demonstrações reiteradas de pouco apreço à realidade.
O governo Federal patrocinou a apoteose em diversas ocasiões, promovendo verdadeiras cerimônias de divinização de seus pretensos feitos gloriosos. Foram inúmeros os "espetáculos" anunciados. O do crescimento foi o mais emblemático de todos. O presidente chegou a sentenciar que "o Brasil não está longe de atingir a perfeição no tratamento da saúde". O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi o ápice do surto de grandeza que elevou uma simples sigla ao patamar de revolução gerencial. A promessa de transformar o País num canteiro de obras do PAC foi transformada na locomotiva do marketing governamental.
A lentidão mesclada pela paralisia produziu canteiros de obras paradas, demonstrando a inoperância administrativa e gerencial do governo e ratificando o PAC como instrumento concebido nas pranchetas de uma campanha de autopromoção.
Na sessão plenária do Senado do último dia 12 de agosto vivenciamos um momento particularmente surreal. Nos embates que nortearam as discussões em torno de uma nova estrutura para as ferrovias brasileiras, nem mesmo os ingredientes mais delirantes de surrealismo seriam capazes de produzir um quadro semelhante. A Casa, debruçada sobre o primeiro item da Ordem do Dia, uma Medida Provisória que amplia a Ferrovia Norte-Sul e prevê a instalação de trens de alta velocidade entre cidades de grande porte, foi levada a chancelar a falsa expectativa de que grandes obras ferroviárias serão realizadas até 2012.
Na cauda da onda delirante em curso, surgiu naquela tarde do enigmático agosto a previsão de colocar nos trilhos um trem bala, de Curitiba a Belo Horizonte, percorrendo uma distância de 1.100 km. Não foi possível me conter diante de promessa tão mirabolante e fantasiosa. Foi assim que fiz referência à famosa peça do dramaturgo Tennessee Williams, "Um bonde chamado desejo", imaginado sua reedição pelo atual governo nos moldes de "Um trem chamado ilusão".
Faço questão de registrar que, enquanto uma MP promete trem bala ligando Curitiba à capital mineira, a ferrovia que liga a capital do Paraná a Paranaguá não suporta mais a carga procedente do oeste do Estado. Envelhecida e superada, não desperta o interesse do governo.
A FERROESTE que idealizamos e viabilizamos durante nossa passagem pelo governo do Paraná estacionou em Cascavel. Não foi além. Enquanto isso os falastrões da hora, os arautos da ilusão traçam cortes e assentam vigas e dormentes imaginários de uma Ferrovia de Paranaguá a Antofogasta no Chile. Sonhos e espasmos megalomaníacos que denotam falta de respeito daqueles que subestimam a inteligência da população.
A VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - empresa que assume novos desafios a partir da aprovação do Projeto de Lei de Conversão nº 18, de 2008, proveniente da MP nº 427/08, precisará operar o milagre da "multiplicação dos trilhos", para viabilizar a construção de mais de 5,5 mil kilômetros de ferrovias previstas para uso até o ano de 2012.
Os que eventualmente protestaram quanto ao tom que imprimi da tribuna ao combater o ilusionismo oficial, me desculpem, mas a indignação não pode ser fria. Quem não possui a capacidade de indignação diante do embuste e da fantasia ardilosa, não é digno de representar ninguém. Ademais, neste momento sobra espaço para a indignação.
Trem das Onze - Adoniram Barbosa
A megalomania foi um traço presente e marcante desde a primeira gestão do presidente Lula. Os arroubos retóricos dos improvisos irrefletidos espalharam ilusões de grandeza, poder e superioridade, em demonstrações reiteradas de pouco apreço à realidade.
O governo Federal patrocinou a apoteose em diversas ocasiões, promovendo verdadeiras cerimônias de divinização de seus pretensos feitos gloriosos. Foram inúmeros os "espetáculos" anunciados. O do crescimento foi o mais emblemático de todos. O presidente chegou a sentenciar que "o Brasil não está longe de atingir a perfeição no tratamento da saúde". O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi o ápice do surto de grandeza que elevou uma simples sigla ao patamar de revolução gerencial. A promessa de transformar o País num canteiro de obras do PAC foi transformada na locomotiva do marketing governamental.
A lentidão mesclada pela paralisia produziu canteiros de obras paradas, demonstrando a inoperância administrativa e gerencial do governo e ratificando o PAC como instrumento concebido nas pranchetas de uma campanha de autopromoção.
Na sessão plenária do Senado do último dia 12 de agosto vivenciamos um momento particularmente surreal. Nos embates que nortearam as discussões em torno de uma nova estrutura para as ferrovias brasileiras, nem mesmo os ingredientes mais delirantes de surrealismo seriam capazes de produzir um quadro semelhante. A Casa, debruçada sobre o primeiro item da Ordem do Dia, uma Medida Provisória que amplia a Ferrovia Norte-Sul e prevê a instalação de trens de alta velocidade entre cidades de grande porte, foi levada a chancelar a falsa expectativa de que grandes obras ferroviárias serão realizadas até 2012.
Na cauda da onda delirante em curso, surgiu naquela tarde do enigmático agosto a previsão de colocar nos trilhos um trem bala, de Curitiba a Belo Horizonte, percorrendo uma distância de 1.100 km. Não foi possível me conter diante de promessa tão mirabolante e fantasiosa. Foi assim que fiz referência à famosa peça do dramaturgo Tennessee Williams, "Um bonde chamado desejo", imaginado sua reedição pelo atual governo nos moldes de "Um trem chamado ilusão".
Faço questão de registrar que, enquanto uma MP promete trem bala ligando Curitiba à capital mineira, a ferrovia que liga a capital do Paraná a Paranaguá não suporta mais a carga procedente do oeste do Estado. Envelhecida e superada, não desperta o interesse do governo.
A FERROESTE que idealizamos e viabilizamos durante nossa passagem pelo governo do Paraná estacionou em Cascavel. Não foi além. Enquanto isso os falastrões da hora, os arautos da ilusão traçam cortes e assentam vigas e dormentes imaginários de uma Ferrovia de Paranaguá a Antofogasta no Chile. Sonhos e espasmos megalomaníacos que denotam falta de respeito daqueles que subestimam a inteligência da população.
A VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. - empresa que assume novos desafios a partir da aprovação do Projeto de Lei de Conversão nº 18, de 2008, proveniente da MP nº 427/08, precisará operar o milagre da "multiplicação dos trilhos", para viabilizar a construção de mais de 5,5 mil kilômetros de ferrovias previstas para uso até o ano de 2012.
Os que eventualmente protestaram quanto ao tom que imprimi da tribuna ao combater o ilusionismo oficial, me desculpem, mas a indignação não pode ser fria. Quem não possui a capacidade de indignação diante do embuste e da fantasia ardilosa, não é digno de representar ninguém. Ademais, neste momento sobra espaço para a indignação.
Senador Alvaro Dias - 2º Vice Presidente do Senado, vice-líder do PSDB
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