terça-feira, agosto 29, 2006

NOVOS PRIs NA AMÉRICA LATINA !

Em seu artigo -semana passada no jornal argentino - La Nacion - o historiador e politólogo, Natalio Botana (foto), desenvolve uma análise distinta daquelas procuram explicar mudanças na América Latina, usando como referência tendências de esquerda ou populistas. Botana identifica com base na Argentina, sinais claros de uma onda de priipismo. O PRI no México ascende com forte base popular e discurso de esquerda e cria um regime - de fato - de partido único que governou por 70 anos, com os demais partidos apenas compondo o cenário de legitimação. Na Venezuela foi dado um golpe constitucional, via convocação de uma constituinte num momento de alta popularidade de Chávez em início de governo, que construiu um sistema de partido único. Kirchner conseguiu, recentemente, do Congresso uma delegação total para usar decreto como lei, e cooptou a oposição, criando um sistema de partido único.
Lula vem tentando -em diversas ocasiões- construir bases institucionais para isso, com liquidação das agências reguladoras, tentativa de amordaçar o MP, tentativa de criação de um sistema de controle da TV, do Rádio e do Cinema,a cooptação de partidos médios para formar uma maioria ampla em base ao mensalão,.etc...e agora com uma constituinte para fazer a reforma política. A análise de Natalio Botana, deve ser obrigatoriamente incluída nas hipóteses dos acadêmicos e nas pesquisas, análises e observações dos mesmos. Segue uma citação final do artigo citado:
"Se chegarmos a consumar estas intenções, o sistema
bipartidário, (argentino), se assemelharia ao esquema montado pelo PRI no México, com um partido hegemônico - pretensamente progressista - que tinha um partido a direita como cômodo partenaire".
"Se somamos esta política de cooptação às leis recentemente aprovadas para consolidar o perfil hegemônico do regime político, teremos em nossa frente, um projeto em marcha, pouco congruente com a qualidade pluralista da democracia: uma coligação a serviço do poder que desloca o sistema de partidos, não para garantir a concorrência e a alternância, mas no sentido de aprofundar o papel de uma força com vocação dominante. Por este caminho os partidos deixam de ser sujeitos principais do regime representativo para converterem-se em peças de um compacto dirigido, desde as entranhas do poder. Uma coisa é a coligação de partidos concebida em termos horizontais, e outra,muito diferente, é a coligação vertical de partidos, ou frações deles, dependentes da vontade presidencial. Ainda está cedo para garantir prognósticos, mas, pelo menos podemos ir acompanhando as intenções que, lentamente vão delineando: um curioso retorno ao passado embrulhado na preliminar de uma nova política".

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