por Denis Rosenfield, filósofo
O discurso lulista contra as elites só tem se intensificado nessas últimas semanas de campanha. Ele denota uma prática ao mesmo tempo populista e de esquerda, com o intuito de aumentar a clivagem social.
Nesta tradição, surge a figura das elites como uma espécie de bode expiatório encarregado de unificar os que se opõem aos que estão proferindo um tal tipo de discurso. Acentuando as clivagens sociais, o líder populista se coloca ao lado dos “pobres” para aumentar a sua capacidade de barganha junto às próprias elites com a quais convive e, também, das quais faz parte. Lula, ao mesmo tempo em que não cessa suas diatribes contra as elites, sobe com elas no mesmo palanque e propicia, com sua política macroeconômica, enormes lucros, por exemplo, para o setor bancário.
Um caso particularmente eloqüente se encontra no apoio que dá e recebe de oligarquias regionais. Um dos maiores sustentáculos do governo Lula é o ex-presidente José Sarney, que controla com sua família todo o estado do Maranhão. Esse estado ostenta um dos piores índices de pobreza do país. Seu recente comício com a governadora Roseana Sarney foi mais uma amostra do pouco apego que tem para com as palavras, pois fala contra as elites compartilhando o poder com elas, que mantêm esse estado da federação num tal nível de pobreza. A sua fala é autocontraditória no ato mesmo em que é proferida, sendo mais um exemplo do seu pouco comprometimento com a verdade. Aliás, diga-se de passagem que o PT regional é, pelo menos, coerente, porque se coloca contra essa elite regional, apoiando a candidatura oposicionista de Jackson Lago, do PDT. Para ser totalmente coerente, deveria ser contra o seu próprio candidato presidencial.
Esse mesmo esquema tem se reproduzido em outros estados nordestinos, como o Pará e o Ceará, onde as oligarquias regionais se tornaram petistas de carterinha. O caso de Jader Barbalho é também significativo, pois trata-se de um político envolvido num número expressivo de processos criminais. No passado, era uma figura execrada pelo PT e, hoje, é um alegre companheiro de viagem. Bastaria uma mera checagem entre o que Lula e os petistas diziam dele no passado e o que dizem agora para que melhor se possa ver o abismo entre o discurso e a prática. Não muito diferente, embora aparentemente mais moderna, é a aliança com os Gomes, Ciro e Cid, que na melhor tradição nordestina se colocam como novos oligarcas, comportando-se enquanto tais. Temos, então, uma situação em que Lula vocifera contra as “elites” compartilhando o poder com elas e enganando o povo nordestino.
No mesmo diapasão, coloca-se o seu discurso contra a exploração do Nordeste pelo Sul e pelo Sudeste, concretizado em suas posições contra o estado de São Paulo. Independentemente de Lula ter feito toda a sua carreira neste estado, que lhe permitiu ser o que é hoje, salta aos olhos que os opressores dos pobres nordestinos são as próprias elites nordestinas, que apóiam Lula, usufruindo conjuntamente do poder. O presidente procura criar um bode expiatório paulista para encobrir a sua afinidade com as elites nordestinas, das mais conservadoras do país.
Lula, ele mesmo, faz parte de uma elite sindical, cuja carreira foi sendo progressivamente feita com recursos públicos, via imposto sindical. De trabalhadores, têm apenas a marca de origem, como para ostentar o título de operários, quando são, na verdade, homens do aparelho, homens que tudo devem aos aparelhos sindical e partidário. Com o presidente, subiram para os mais altos postos da República inúmeros sindicalistas, que foram premiados com cargos altamente remunerados em empresas estatais e em funções no aparelho estatal. Não sem razão o governo Lula foi denominado de República sindical.
A confusão entre o privado, o partidário e o público foi de tal ordem que uma parte dessa elite tornou-se conhecida por seus costumes criminosos. Boa parte dos envolvidos nos escândalos do governo Lula, alguns tipificados pelo Procurador da República como membros de uma “sofisticada organização criminosa”, tem, como elementos, sindicalistas. Para não falar senão no mais recente, o do Dossiê Cuiabá, os protagonistas principais são sindicalistas que subiram ao poder junto com Lula e o PT. Mais especificamente, são pessoas muito próximas ao presidente, cujo símbolo é o seu churrasqueiro que é, também, diretor do Banco do Estado de Santa Catarina. Falar contra as elites é até um ato de mau gosto, por envolver diretamente pessoas próximas ao próprio presidente da República.
O discurso lulista contra as elites só tem se intensificado nessas últimas semanas de campanha. Ele denota uma prática ao mesmo tempo populista e de esquerda, com o intuito de aumentar a clivagem social.
Nesta tradição, surge a figura das elites como uma espécie de bode expiatório encarregado de unificar os que se opõem aos que estão proferindo um tal tipo de discurso. Acentuando as clivagens sociais, o líder populista se coloca ao lado dos “pobres” para aumentar a sua capacidade de barganha junto às próprias elites com a quais convive e, também, das quais faz parte. Lula, ao mesmo tempo em que não cessa suas diatribes contra as elites, sobe com elas no mesmo palanque e propicia, com sua política macroeconômica, enormes lucros, por exemplo, para o setor bancário.
Um caso particularmente eloqüente se encontra no apoio que dá e recebe de oligarquias regionais. Um dos maiores sustentáculos do governo Lula é o ex-presidente José Sarney, que controla com sua família todo o estado do Maranhão. Esse estado ostenta um dos piores índices de pobreza do país. Seu recente comício com a governadora Roseana Sarney foi mais uma amostra do pouco apego que tem para com as palavras, pois fala contra as elites compartilhando o poder com elas, que mantêm esse estado da federação num tal nível de pobreza. A sua fala é autocontraditória no ato mesmo em que é proferida, sendo mais um exemplo do seu pouco comprometimento com a verdade. Aliás, diga-se de passagem que o PT regional é, pelo menos, coerente, porque se coloca contra essa elite regional, apoiando a candidatura oposicionista de Jackson Lago, do PDT. Para ser totalmente coerente, deveria ser contra o seu próprio candidato presidencial.
Esse mesmo esquema tem se reproduzido em outros estados nordestinos, como o Pará e o Ceará, onde as oligarquias regionais se tornaram petistas de carterinha. O caso de Jader Barbalho é também significativo, pois trata-se de um político envolvido num número expressivo de processos criminais. No passado, era uma figura execrada pelo PT e, hoje, é um alegre companheiro de viagem. Bastaria uma mera checagem entre o que Lula e os petistas diziam dele no passado e o que dizem agora para que melhor se possa ver o abismo entre o discurso e a prática. Não muito diferente, embora aparentemente mais moderna, é a aliança com os Gomes, Ciro e Cid, que na melhor tradição nordestina se colocam como novos oligarcas, comportando-se enquanto tais. Temos, então, uma situação em que Lula vocifera contra as “elites” compartilhando o poder com elas e enganando o povo nordestino.
No mesmo diapasão, coloca-se o seu discurso contra a exploração do Nordeste pelo Sul e pelo Sudeste, concretizado em suas posições contra o estado de São Paulo. Independentemente de Lula ter feito toda a sua carreira neste estado, que lhe permitiu ser o que é hoje, salta aos olhos que os opressores dos pobres nordestinos são as próprias elites nordestinas, que apóiam Lula, usufruindo conjuntamente do poder. O presidente procura criar um bode expiatório paulista para encobrir a sua afinidade com as elites nordestinas, das mais conservadoras do país.
Lula, ele mesmo, faz parte de uma elite sindical, cuja carreira foi sendo progressivamente feita com recursos públicos, via imposto sindical. De trabalhadores, têm apenas a marca de origem, como para ostentar o título de operários, quando são, na verdade, homens do aparelho, homens que tudo devem aos aparelhos sindical e partidário. Com o presidente, subiram para os mais altos postos da República inúmeros sindicalistas, que foram premiados com cargos altamente remunerados em empresas estatais e em funções no aparelho estatal. Não sem razão o governo Lula foi denominado de República sindical.
A confusão entre o privado, o partidário e o público foi de tal ordem que uma parte dessa elite tornou-se conhecida por seus costumes criminosos. Boa parte dos envolvidos nos escândalos do governo Lula, alguns tipificados pelo Procurador da República como membros de uma “sofisticada organização criminosa”, tem, como elementos, sindicalistas. Para não falar senão no mais recente, o do Dossiê Cuiabá, os protagonistas principais são sindicalistas que subiram ao poder junto com Lula e o PT. Mais especificamente, são pessoas muito próximas ao presidente, cujo símbolo é o seu churrasqueiro que é, também, diretor do Banco do Estado de Santa Catarina. Falar contra as elites é até um ato de mau gosto, por envolver diretamente pessoas próximas ao próprio presidente da República.
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