quinta-feira, outubro 26, 2006

Ai, esse tar de materialismo histórico-dialético, sô!

Vocês já ouviram, por certo, falar em Santo André. Pois é. Recebi um e-mail sobre um evento que vai acontecer por lá na área de educação. Peço a vocês que leiam o texto, que segue em itálico. Depois comento. É um primor.
De 6 a 11 de novembro, em Santo André – SP, acontece a “I Conferência Internacional: o Enfoque Histórico Cultural em Questão”. O enfoque histórico-cultural constitui-se em uma perspectiva teórico-metodológica, configurada pelos aportes do materialismo histórico-dialético, sobre a formação e o desenvolvimento humano. A Conferência, cujo tema central é a pedagogia e a psicologia histórico-cultural, tem como finalidade criar condições para que especialistas de Cuba, Brasil, Rússia e Estados Unidos exponham em mesas redondas suas leituras e interpretações sobre esse enfoque, assim como a aplicação prática deste referencial teórico, promovendo o debate e a análise crítica de modo a contribuir para uma melhor compreensão do processo de formação e desenvolvimento da psicologia humana e da educação.
Há mais de 50 anos, em diferentes países do mundo, vêm sendo produzidas múltiplas interpretações e aplicações desse enfoque em diferentes campos de conhecimento e atuação profissional. Tal produção enriqueceu e diversificou o estudo, a análise e as aplicações do enfoque histórico-cultural. Por essas razões, se faz necessário ampliar os espaços de debate e análise crítica sobre o conhecimento acumulado nessa área, abrindo outras possibilidades de inserção teórico-prática.”
Ufa! E quem promove essa maravilha na República Petista de Santo André? A Universidad de la Habana, a Secretaria Municipal de Educação de Santo André, a Fefisa (Faculdades Integradas de Santo André), a Universidade Federal de Santa Catarina e o Centro de Desenvolvimento Pessoal e Profissional (CEDEPP). E onde é que se reúnem as atrações do Parque dos Dinossauros? No tal CEDEPP e na Fefisa. Essa faculdade, diga-se, era especializada em Educação Física. Quem costumava usar o método materialista-histórico-dialéttico em atletas era a Alemanha Oriental. Recorria ao doping, rá, rá, rá.
Sim, é incrível, mas isso ainda acontece. Se quiserem saber, a área de humanidades no Brasil é tomada por esse lixo. Releiam o texto que está acima em itálico. É coisa de débeis-mentais ideológicos. Se você fizer uma análise sintática, distinguido o que é sujeito, verbo e complemento, irá constatar que o conjunto não faz sentido. “Materialismo histórico-dialético”? Deve ser aquele modelo que explica por que o futuro glorioso da humanidade demanda que o sujeito tenha de ser escravo de um partido, comendo o pão que o Stálin, Mao e Fidel amassaram.
Eu lhes proponho um teste, especialmente a quem ainda é estudante e tem professor petralha. Pergunte a ele a seco: “Professor (a), o que é materialismo histórico-dialético?” Depois da enrolação, peça um exemplo e algumas fontes bibliográficas para que você possa pesquisar melhor. É divertimento garantido. Ou você não precisa entrar neste blog nunca mais.
Aí vocês podem me perguntar: “Tio Wal, o que é materialismo histórico-dialético?” Tio Wal responde: nada, sobrinhas e sobrinhos! É só a desculpa de um picareta para explicar um evento que, aparentemente, está fora de uma cadeia lógica de causalidades. Como se explica que o dito esquerdista Lula combata as elites ao lado de Roseana Sarney? Ora, indague a esse tal materialismo histórico-dialético. Ou pergunte a Marcos Nobre, aquele professor da Unicamp que “desescreve” sobre política na Folha.
Ele decidiu tirar uma casquinha de Jorge Bornhausen porque este havia dito ser preciso “acabar com essa raça”, referindo-se a petistas, nobres ou não. E o fessô da Unicamp — de onde vêm, aliás, alguns dos palestrantes do evento-estrovenga acima —, no dia em que Lula abraça a “querida companheira Roseana”, saúda a sobrevivência dessa raça de bravos. É essa tal dialética... Materialismo histórico-dialético, gafanhotos, busca explicar, assim, o cruzamento da vaca com o jumento. A resultado da cruza nem dá leite nem puxa carroça, mas eles prometem continuar tentando.
Façam o teste. Deixe um professor petralha morto de vergonha! Ah, sim, a “tchurma” que promove o evento tem até site: clique aqui. Mas não morra de rir. Só para encerrar: acusa-se a educação brasileira de ser um lixo por falta de verbas, estrutura etc e tal. Não é, não. A ideologização matou a escola no Brasil. Tente lidar com qualquer critério que cheire a eficiência e avaliação de desempenho para ver... O materialismo histórico-dialético ameaça esmagá-lo.

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