Esta é a concepção artística para o laptop de 100 dólares que de acordo com o projeto da ONG OLPC (One Laptop Per Child) seria distribuído no Brasil a cada criança da rede pública básica (Ensino Fundamental e Médio).
O principal militante da idéia é Nicholas Negroponte, ligado ao MIT. Segundo ele, a escolha do Brasil seria pelo seu elevado contingente excluído digitalmente, constatação que duvido que qualquer ubunteiro discorde.
O equipamento possui esse design bem peculiar como forma de evitar furtos e revenda. Ele não seria comercializado, apenas quem recebesse através do governo poderia ter o equipamento. De acordo com Negroponte, "Seria como pegar algo de uma igreja: todos saberiam a origem daquele objeto".
Tenho que confessar que tecnologicamente o projeto é bastante interessante. Primeiro porque ele é integralmente em software livre e prefere o código aberto. Tanto que a Apple ofereceu seu sistema operacional gratuitamente para o laptop e a oferta foi rejeitada por justamente não ser código aberto. O processador seria um AMD 500mHz, memória flash de 1GB, porta USB e Wi-Fi. Só fiquei saber que escola pública manteria uma rede Wi-fi com seu custo de manutenção e tráfego.
Haveria uma manivela no eixo principal do laptop que com uma girada de um minuto, se garante mais 10 minutos de uso, dando uma autonomia impecável ao equipamento. Também ele conta com bateria e pode ser ligado diretamente na corrente elétrica. O cabo AC do laptop pode ser utilizado como alça em seu transporte. Como seu usuário final em maioria são crianças, ele é todo revestido por uma densa borracha e se preocupa em ter materiais de altíssima resistência.
Para que o valor de 100 dólares por unidade seja atingido, no mínimo a produção teria que ser em torno de 4 e 5 milhões de unidades. Espera-se que, o Brasil aderindo integralmente ao projeto, até 2010 quarenta milhões de alunos utilizem o equipamento.
Tudo isso é lindo, comovente, mas serve para o quê ? Para que colocar no colo de cada criança um laptop se muitos de seus professores sequer redigiram um texto no Word ? Não duvido que crianças por conta própria em poucos meses extraiam tudo que esse equipamento pode dar, mas o professor acho difícil.
Não faz sentido em um país carente de dinheiro em caixa, onde existe fome, você gastar cerca de R$ 300,00 para que cada criança tenha uma máquina de escrever cara. Só usar editor de texto é desperdício. Um equipamento desse precisa ser utilizado ao extremo. Que tal discutirmos na aula de hoje geopolítica usando o Google Maps. Que tal entrarmos em uma célula e vê-la por dentro?
Agora para isso, o professor precisa dominar o computador, não apenas utilizá-lo. Existe pouco material didático bom e em português disponível na internet e mesmo que existisse, muitas vezes ele não atende a necessidade que o professor tem na sala de aula. Cada escola tem um programa diferente, aulas diferentes, que de um mesmo assunto como o DNA por exemplo, abordam com uma menor ou maior profundidade. Então o principal responsável pelo material didático é o professor e para justificar um laptop para cada criança, esse professor teria que estar habilitado a usar desde ferramentas 3D até programar em alguma linguagem para atender a sua necessidade.
E isso é um tanto quanto complicado. Não basta ensinar um professor usar um computador, a criar objetos e ambientes 3D e a programar em python. Essas ferramentas são vazias em si quando se pensa na sala de aula. Tem que haver todo um trabalho pedagógico e bem determinado sobre como utilizar essas ferramentas. Usando o exemplo que eu dei, não basta ensinar o professor a programar em python, tem que ensinar e dar a idéia a ele de fazer um programa em python que transforme trechos de DNA em proteínas na telinha do aluno. Um treinamento desse não leva meses, leva anos. Principalmente considerando que um professor para sua subsistência, dá aula em vários colégios em todos os turnos, sobrando quase que nenhum tempo para seu aperfeiçoamento.
Então tenho uma contra proposta para o governo federal que tem estudado o projeto de Negroponte. Uma proposta irrecusável pois ela é melhor, mais barata e se tem maior certeza de seu resultado. Eu proponho trocar os 100 dólares gastos para cada criança em 100 dólares gastos para cada professor. Oferecendo para eles reciclagem de conteúdo, técnicas didáticas, que ofereçam a eles o treinamento para tratar de assuntos como drogas, orientação sexual e orientação profissional. É um investimento exponencialmente mais barato e com absoluta certeza da eficácia, ao invés do risco do subaproveitamento do laptop.
Será que a idéia de um laptop de 300 reais para cada criança da rede pública no Brasil só soa absurdo para mim?
Adeus aos laptops?
Enquanto, no Brasil, o governo se mobiliza para comprar milhões de computadores para colocar nas mãos dos estudantes, nos Estados Unidos, conforme reportagem do The New York Times, as escolas estão abandonando estes programas, tendo concluido que custos de manutenção, da administração de redes, e dos problemas de disciplina associados à pornografia e ao uso abusivo dos computadores eram maiores do que seus benefícios. De fato, as escolas estão descobrindo que, longe de melhorar o desempenho, os laptops não têm nenhum efeito e até perturbam e atrapalham o desempenho acadêmico dos alunos. Segundo o NYT, a idéia dos políticos de que a tecnologia poderia trazer uma solução rápida e barata para os problemas da educação não funcionou. O texto do The New York Times está disponível aqui.
O principal militante da idéia é Nicholas Negroponte, ligado ao MIT. Segundo ele, a escolha do Brasil seria pelo seu elevado contingente excluído digitalmente, constatação que duvido que qualquer ubunteiro discorde.
O equipamento possui esse design bem peculiar como forma de evitar furtos e revenda. Ele não seria comercializado, apenas quem recebesse através do governo poderia ter o equipamento. De acordo com Negroponte, "Seria como pegar algo de uma igreja: todos saberiam a origem daquele objeto".
Tenho que confessar que tecnologicamente o projeto é bastante interessante. Primeiro porque ele é integralmente em software livre e prefere o código aberto. Tanto que a Apple ofereceu seu sistema operacional gratuitamente para o laptop e a oferta foi rejeitada por justamente não ser código aberto. O processador seria um AMD 500mHz, memória flash de 1GB, porta USB e Wi-Fi. Só fiquei saber que escola pública manteria uma rede Wi-fi com seu custo de manutenção e tráfego.
Haveria uma manivela no eixo principal do laptop que com uma girada de um minuto, se garante mais 10 minutos de uso, dando uma autonomia impecável ao equipamento. Também ele conta com bateria e pode ser ligado diretamente na corrente elétrica. O cabo AC do laptop pode ser utilizado como alça em seu transporte. Como seu usuário final em maioria são crianças, ele é todo revestido por uma densa borracha e se preocupa em ter materiais de altíssima resistência.
Para que o valor de 100 dólares por unidade seja atingido, no mínimo a produção teria que ser em torno de 4 e 5 milhões de unidades. Espera-se que, o Brasil aderindo integralmente ao projeto, até 2010 quarenta milhões de alunos utilizem o equipamento.
Tudo isso é lindo, comovente, mas serve para o quê ? Para que colocar no colo de cada criança um laptop se muitos de seus professores sequer redigiram um texto no Word ? Não duvido que crianças por conta própria em poucos meses extraiam tudo que esse equipamento pode dar, mas o professor acho difícil.
Não faz sentido em um país carente de dinheiro em caixa, onde existe fome, você gastar cerca de R$ 300,00 para que cada criança tenha uma máquina de escrever cara. Só usar editor de texto é desperdício. Um equipamento desse precisa ser utilizado ao extremo. Que tal discutirmos na aula de hoje geopolítica usando o Google Maps. Que tal entrarmos em uma célula e vê-la por dentro?
Agora para isso, o professor precisa dominar o computador, não apenas utilizá-lo. Existe pouco material didático bom e em português disponível na internet e mesmo que existisse, muitas vezes ele não atende a necessidade que o professor tem na sala de aula. Cada escola tem um programa diferente, aulas diferentes, que de um mesmo assunto como o DNA por exemplo, abordam com uma menor ou maior profundidade. Então o principal responsável pelo material didático é o professor e para justificar um laptop para cada criança, esse professor teria que estar habilitado a usar desde ferramentas 3D até programar em alguma linguagem para atender a sua necessidade.
E isso é um tanto quanto complicado. Não basta ensinar um professor usar um computador, a criar objetos e ambientes 3D e a programar em python. Essas ferramentas são vazias em si quando se pensa na sala de aula. Tem que haver todo um trabalho pedagógico e bem determinado sobre como utilizar essas ferramentas. Usando o exemplo que eu dei, não basta ensinar o professor a programar em python, tem que ensinar e dar a idéia a ele de fazer um programa em python que transforme trechos de DNA em proteínas na telinha do aluno. Um treinamento desse não leva meses, leva anos. Principalmente considerando que um professor para sua subsistência, dá aula em vários colégios em todos os turnos, sobrando quase que nenhum tempo para seu aperfeiçoamento.
Então tenho uma contra proposta para o governo federal que tem estudado o projeto de Negroponte. Uma proposta irrecusável pois ela é melhor, mais barata e se tem maior certeza de seu resultado. Eu proponho trocar os 100 dólares gastos para cada criança em 100 dólares gastos para cada professor. Oferecendo para eles reciclagem de conteúdo, técnicas didáticas, que ofereçam a eles o treinamento para tratar de assuntos como drogas, orientação sexual e orientação profissional. É um investimento exponencialmente mais barato e com absoluta certeza da eficácia, ao invés do risco do subaproveitamento do laptop.
Será que a idéia de um laptop de 300 reais para cada criança da rede pública no Brasil só soa absurdo para mim?
Adeus aos laptops?
Enquanto, no Brasil, o governo se mobiliza para comprar milhões de computadores para colocar nas mãos dos estudantes, nos Estados Unidos, conforme reportagem do The New York Times, as escolas estão abandonando estes programas, tendo concluido que custos de manutenção, da administração de redes, e dos problemas de disciplina associados à pornografia e ao uso abusivo dos computadores eram maiores do que seus benefícios. De fato, as escolas estão descobrindo que, longe de melhorar o desempenho, os laptops não têm nenhum efeito e até perturbam e atrapalham o desempenho acadêmico dos alunos. Segundo o NYT, a idéia dos políticos de que a tecnologia poderia trazer uma solução rápida e barata para os problemas da educação não funcionou. O texto do The New York Times está disponível aqui.
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