Sem instituições próprias não há desenvolvimento! Artigo de Alejandro Poli Gonzalvo : "Institucionalismo Histórico".
Argentina como referência! Vale para o Brasil! Historia canônica é a escola tradicional narrada na ótica dos vitoriosos. Reviosismo é a escola carregada de ideologia que se afirma a partir dos anos 30. Buenos Aires no século 19 lá é o Rio aqui!
1. Duas principais escolas historiográficas reivindicam para si a interpretação fidedigna do passado argentino: a escola canônica e o revisionismo. A historia canônica constitui a primeira grande interpretação de nossa história e a que maior influência exerceu para conformar a consciência cívica dos argentinos. Com esse nome se agrupa a insigne obra historiográfica iniciada por Mitre, complementada pelos autores liberais e do positivismo.
2. Devido à influência dos fascismos europeus, durante a década iniciada em 1930, se consolidaram as doutrinas nacionalistas argentinas, das quais derivaram as primeiras obras do revisionismo. Com o aparecimento do peronismo, uma avalanche de autores dispostos a questionar desde suas raízes as premissas do projeto de país que exaltava a história canônica se juntaram às filas do revisionismo. A presença do revisionismo colocou a história canônica na defensiva, produzindo-se, de fato, uma profunda ruptura entre ambas as escolas, paralela à divisão do país em dois grupos inconciliáveis.
3. Não bastam para explicar toda a nossa história: para compreender porque o progresso foi possível e a democracia uma matéria pendente. É necessário dar um passo adiante e localizar o projeto de país contido nesses ideais no quadro de uma teoria maior, que dê razão a eles e, ao mesmo tempo, do passado colonial e da instabilidade política do século XX. Esta teoria deve considerar o peso das instituições coloniais na nossa formação histórica e o papel modernizador desempenhado por Buenos Aires; explicar os avanços das instituições sócio-econômicas e educativas da República possível alberdiana e as falhas de seu sistema representativo, tendo como eixo a Constituição de 1853, e constituir um guia seguro para desmascarar a barbárie institucional incubada na ordem conservadora e formalizada com o golpe de Uriburu.
4. Uma teoria é institucionalista na medida em que atribui o desenvolvimento político e econômico à existência de instituições favoráveis a tal fim. O institucionalismo supõe que as diferenças de raça, de cultura ou de historia tendem a nivelar-se, quando os povos adotam um corpo de instituições políticas com princípios normativos comuns. As instituições importam porque, por meio delas se organiza a vida de uma sociedade, não apenas em seus aspectos políticos, senão também em outras facetas decisivas que afetam os interesses e o comportamento dos indivíduos.
5. Em conseqüência, o institucionalismo histórico, relevante para estender os horizontes da historia canônica e o revisionismo interpreta o curso da sociedade argentina seguindo a gênese e o desenvolvimento de suas instituições. Segundo essa interpretação, a história argentina moderna é o fruto de uma revolução institucional de vastas proporções, que se consolidou na década de 1850, cujas raízes não repousavam no passado acumulado nos seus ombros. As falhas institucionais incubadas durante a República possível não se fizeram sentir, enquanto o crescimento econômico ocultou as tensões políticas, mas foram incapazes de serem contidas depois da crise dos anos 30.
6. Da mesma maneira, a partir da Segunda Guerra Mundial, quando se alcançou um grau de globalização de valores de alcance planetário, só os povos que acertaram em dar-se as instituições adequadas para o desenvolvimento pleno desses valores alcançaram maior prosperidade. A débil herança democrática da Argentina a levou a figurar entre as nações que perderam o rumo por sua incapacidade de construir instituições políticas e sociais de acordo com aquele magno consenso mundial.
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