terça-feira, maio 22, 2007

JORNALISMO DE RESULTADOS? OU DE RESPONSABILIDADE?

1. Num mundo em que a informação circula com a velocidade de hoje a própria concorrência entre os meios de comunicação afeta inevitavelmente a apuração dos fatos. A verossimilhança - muitas vezes - já basta. Não tenho duvidas que isso é inevitável. Não havendo velocidade perde-se a noticia.

2. O escritor Umberto Eco - acha que por esta razão - a mídia impressa, que é por definição a mais lenta, deve ser muito mais opinativa e muito menos informativa. Ali Kamel - vice de jornalismo da TV Globo - em dois artigos no jornal O Globo, discordou totalmente e fala em uma cobertura impessoal em cima dos fatos.

3. Prefiro a corrente que distingue entre as noticias, fatos. Ou seja, muitos podem ser cobertos sem apuração maior obedecendo a lógica da velocidade. Mas outros não podem seguir este caminho pela relevância social que tem, como a Educação e a Saúde.

4. É o caso do sistema de ciclos - método avançado e inclusivo - adotado em vários paises e em uma infinidade de escolas. Na prefeitura do Rio esse método é adotado há seis anos no primeiro segmento do primeiro grau. Depois de testado e amadurecido começa a ser ampliado para as demais séries. Não tem nada de novo.

5. A rede municipal do Rio obteve a terceira colocação entre as capitais - seja no provão, seja no índice de qualidade criado. E isso que as duas capitais que a ultrapassaram - no provão selecionaram as escolas que seriam submetidas. O MEC tem as informações. Se não fosse por isso, a rede do Rio seria a primeira entre as capitais em ensino fundamental.

6. O que se esperava da cobertura de um assunto desta importância e complexidade, é que fosse submetido a uma análise e debate junto as educadores de peso, na medida que se trata da mais qualificada rede de ensino fundamental, massiva, do Brasil.

7. Este é um assunto de enorme relevância - especialmente num mundo onde a criança é socializada por vetores informacionais de todos os tipos, da TV à rua,da publicidade à cultura de massa, da família e da escola. Nesse mundo a criança é permanentemente submetida a traumas, frustrações e depressões. Vivemos num mundo descontínuo ao contrário de décadas atrás. 8. O sistema de ensino que ainda prevalece é aquele de uma sociedade que prescindia de base educacional, onde a escola era basicamente darwiniana, jogando massas de crianças para dentro de um regime de trabalho repetitivo, taylorista. Uma escola daquele tipo no mundo de hoje seria uma escola da exclusão. Por isso anos atrás ele vem sendo reformado em tantos e tantos lugares, em tantas e tantas escolas.

9. Bem, essa é uma opinião que pode e deve ser debatida. Mas submetê-la a critica política do corporativismo de profissionais do sindicalismo político, submetê-la a critica fácil de uma oposição política sem as informações, é apenas lançá-la nas manchetes para produzir impacto. Pode ser jornalismo de resultados, mas não é jornalismo de responsabilidade numa questão decisiva como a educação.

10. Sempre há tempo! O que os educadores que pensaram este sistema - aqui e em outros paises - o que milhares de professores do primeiro segmento do primeiro grau que sabem o acerto desta decisão de seis anos atrás - o que todos esperam - é que este debate saia do terreno do oportunismo sindical ou político- e venha para o campo da ciência, do conhecimento, das experiências educacionais em tantas escolas e lugares. Que o debate se dê no nível requerido, entre EDUCADORES, de todas as correntes, escolas, ou filosofias educacionais. Que seja coberto por um jornalismo de responsabilidade. Sempre há tempo de corrigir!

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