O seqüestro e tortura de repórteres do jornal carioca O DIA, por elementos do grupo para-policial que controla a comunidade onde estavam fazendo uma cobertura, ali vivendo temporariamente, transformou-se numa reportagem - de fato - mais contundente do que se tivessem narrado o cotidiano das relações dos para-policiais com os moradores.
Desde o início dos anos 90, quando os traficantes que controlam comunidades deixaram de ter raízes nas mesmas, ocupando-as militarmente, passaram a ter uma relação de terror com os moradores. Com isso, aquilo que se dizia do "efeito Robin Hood" da presença dos traficantes terminou. Por outro lado, a clandestinidade objetiva dos policiais fora de serviço, assassinados gratuitamente por traficantes por serem policiais, estimulou-os a encontrar local de moradia onde eles e suas famílias tivessem seguros.
Com isso construiu-se um quadro convergente entre moradores e policiais. Esses - organizados para-militarmente - passaram a expulsar os traficantes de várias comunidades sob o aplauso da população. Uma vez estabelecida uma "nova ordem", outros policiais se mudavam para esses locais e com isso passaram a ser uma tropa de reserva para o caso de traficantes tentarem retomar a comunidade.
A manutenção destes novos grupos passou a ser coberta com pagamento mensal pelos moradores e mais receitas obtidas de serviços diversos existentes no local, como cobrança de "segurança". Os primeiros casos produziram a sensação (que não havia com a presença de traficantes) de que as pessoas poderiam circular livremente por seus logradouros e que a relação com os moradores seria de "proteção".
A expansão desses grupos para-policiais foi mostrando relações crescentemente autoritárias com os moradores e a transformação da cobrança para cobrir as despesas em negócios do tipo extorsão para proteção.
O seqüestro dos repórteres mudou a natureza de sua reportagem. Eles poderiam - em tese - demonstrar, que mesmo ilegalmente, haveria um novo ambiente ali, que a ausência da polícia e o fracasso da segurança pública, impunham, quase que como um recurso do tipo, desobediência civil. Para muitos, de longe, essa era a impressão. Em tese, os repórteres poderiam ter chegado a esta conclusão.
Mas o que a reportagem (num paradoxo) - feita contundentemente - ao não ser feita, mostrou é que o direito de ir e vir inexistia e que as relações desses para-policiais ali, com os moradores, é também de terror. Portanto, um fato de extrema gravidade, pois reproduz a lógica do tráfico drogas, apenas trocando as fontes de receitas.
Desde o início dos anos 90, quando os traficantes que controlam comunidades deixaram de ter raízes nas mesmas, ocupando-as militarmente, passaram a ter uma relação de terror com os moradores. Com isso, aquilo que se dizia do "efeito Robin Hood" da presença dos traficantes terminou. Por outro lado, a clandestinidade objetiva dos policiais fora de serviço, assassinados gratuitamente por traficantes por serem policiais, estimulou-os a encontrar local de moradia onde eles e suas famílias tivessem seguros.
Com isso construiu-se um quadro convergente entre moradores e policiais. Esses - organizados para-militarmente - passaram a expulsar os traficantes de várias comunidades sob o aplauso da população. Uma vez estabelecida uma "nova ordem", outros policiais se mudavam para esses locais e com isso passaram a ser uma tropa de reserva para o caso de traficantes tentarem retomar a comunidade.
A manutenção destes novos grupos passou a ser coberta com pagamento mensal pelos moradores e mais receitas obtidas de serviços diversos existentes no local, como cobrança de "segurança". Os primeiros casos produziram a sensação (que não havia com a presença de traficantes) de que as pessoas poderiam circular livremente por seus logradouros e que a relação com os moradores seria de "proteção".
A expansão desses grupos para-policiais foi mostrando relações crescentemente autoritárias com os moradores e a transformação da cobrança para cobrir as despesas em negócios do tipo extorsão para proteção.
O seqüestro dos repórteres mudou a natureza de sua reportagem. Eles poderiam - em tese - demonstrar, que mesmo ilegalmente, haveria um novo ambiente ali, que a ausência da polícia e o fracasso da segurança pública, impunham, quase que como um recurso do tipo, desobediência civil. Para muitos, de longe, essa era a impressão. Em tese, os repórteres poderiam ter chegado a esta conclusão.
Mas o que a reportagem (num paradoxo) - feita contundentemente - ao não ser feita, mostrou é que o direito de ir e vir inexistia e que as relações desses para-policiais ali, com os moradores, é também de terror. Portanto, um fato de extrema gravidade, pois reproduz a lógica do tráfico drogas, apenas trocando as fontes de receitas.
Um comentário:
Mais um exemplo de como a polícia e o crime organizado são simplesmente os dois lados da mesma moeda.
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