O jornalista - sênior - Mariano Grondona (foto), em sua coluna de domingo no La Nacion, tratou do complexo e decisivo tema do "combate entre aparência e realidade" na comunicação dos políticos. Fiz um resumo das idéias.
Maquiavel escreveu que os homens se guiam pela aparência e não pela realidade. O político, portanto, tem dois caminhos. Se é um estadista tratará de mostrar a realidade e poderá sofrer um alto custo político até que sua audiência lhe dê razão. Só neste momento o estadista se converterá em um líder capaz de conduzir seu povo a novos patamares. Como Sarmiento, (presidente argentino no final do século 19), dizia: o estadista, definitivamente, é um educador.
Churchill advertiu aos ingleses que Hitler era um perigo, mas estes acreditaram na ilusão da paz. Depois lhe deram a razão. Mas aí ele só poderia oferecer "sangue, suor e lágrimas" e assim conduzi-los à vitória.
Estadistas como Sarmiento e Churchill são excepcionais. Ao contrário deles, a maioria dos políticos só aspira mover-se com astúcia num mundo de aparências, para despertar os aplausos da audiência. Maquiavel, que era um descarnado realista, não se fazia ilusões sobre a envergadura moral dos príncipes e políticos que tratavam com o povo. Por isso supunha que todos eles estariam dispostos a disfarçar a realidade.
Antes e depois de Maquiavel a arte da política se aproximou perigosamente da arte da simulação.
Nas pequenas localidades, como o foram a ágora ateniense, o fórum romano, e os reduzidos ambientes de republicas do Renascimento como Florença, cidade de Maquiavel, a arte da simulação tinha que exercer-se cara a cara, frente a uma realidade imediatamente perceptível. Quando um príncipe decidia enganar a seus interlocutores, como o fez Cesar Borgia, a quem Maquiavel apresentou como um exímio cultor da arte da simulação, sua tarefa não era fácil porque os iludidos eram no fundo, seus próprios pares. Ainda assim, quando o príncipe devia atuar como uma pessoa, (persona), frente a outras pessoas, (personas), a dissimulação já formava parte da arte da política. Não devemos esquecer nunca que a palavra persona significou em sua origem: a máscara que usavam os atores.
A situação atual é diferente. Entre o político que procura enganar e as massas a quem se dirige, existe um abismo de informações. Os cidadãos agora, já não estão na presença direta dos políticos. Entre uns e outros media uma imensa distancia, porque o povo já não é uma "persona" em carne viva. Há uma trama complexa de mensagens que passam pela mídia com a ajuda de pesquisas e indicadores. Entre os receptores da mensagem política, impera hoje uma aguda sensação de desconfiança.
A economia vai bem como diz o governo? Ou as mensagens da oposição estão mais perto da verdade? Ao meio de um choque de argumentos em conflito, os cidadãos não sabem em quem acreditar. Por isso, para que se recupere a confiança do povo, se criaram as pesquisas e indicadores. Portanto, quando um político envia as suas mensagens, necessita apoiar-se em pesquisas e indicadores econômicos ou sociais avalizados por instituições cuja imparcialidade, percebida, lhe sirva de guarda-chuva.
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