quinta-feira, fevereiro 22, 2007

"NÃO PODE HAVER PRESTÍGIO SEM MISTÉRIO"!

Trecho do clássico Fio da Espada, escrito pelo major De Gaulle ainda em 1932. Aliás essa visão, (a importância do silêncio e do ocultamento), é própria da tradição da escola francesa de comunicação política. Vide Jaques Seguelá - assessor de imagem de Miterrand, no seu livro Em nome de Deus! Vamos a um pequeno trecho do livro do major De Gaulle!

01. "Em primeiro lugar, e acima de tudo, não pode haver prestígio sem mistério, pois a familiaridade produz o desprezo. Todas as religiões possuem o seu “santo dos santos” e nenhum homem é um herói para o seu “empregado de quarto”. Os projetos, o comportamento, as operações mentais de um líder, devem possuir sempre um “algo” que os outros não conseguem entender, que os intriga e que os agita, atraindo a sua atenção.

02. Esta atitude de reserva exige, como uma regra, uma economia correspondente de palavras e gestos. Sem dúvida estas são coisas superficiais, mas desempenham um grande papel para determinar a reação das massas.
Nenhum militar experiente jamais subestimou a importância das aparências. Enquanto oficiais comuns contentam-se em comportar-se corretamente à frente de suas tropas, os grandes líderes, sempre produziram cuidadosamente os efeitos de sua presença. Sobriedade ao falar oferece um útil contraste à teatralidade de modos.

03. Nada reforça mais a autoridade que o silêncio. O silêncio é a maior virtude do forte, o refúgio do fraco, a modéstia do orgulhoso, o orgulho do humilde, a prudência do sábio, e o bom senso dos tolos. O homem que é movido por desejos ou por medo é conduzido naturalmente para buscar alívio nas palavras. Se ele cede à tentação é porque ao externalizar sua paixão ou seu terror ele tenta lidar com eles. Falar é diluir o pensamento, é dar vazão ao ardor, em suma, a dissipar a força, enquanto que a ação exige a sua concentração. O silêncio é a preliminar necessária para o ordenamento do pensamento.

04. Mas este hábito sistemático de reserva, adotado pelo líder, produz pouco ou nenhum efeito, a menos que seja percebido como a forma pela qual ele oculta a sua firmeza e determinação. É precisamente do contraste entre poder interior e controle externo que a ascendência é reconhecida, assim como o estilo num jogador consiste na sua capacidade de mostrar mais frieza que o usual, quando aumenta a aposta, e a qualidade de um ator está em mostrar emoção, mantendo controle sobre si.

05. O preço que um líder tem que pagar pela liderança é a incessante e obsessiva autodisciplina, a disposição constante de correr riscos, e uma perpétua luta interior.

06. O líder tem que aceitar aquela solidão que, segundo Faguet é a “maldição dos seres superiores”. Contentamento, tranqüilidade e as simples alegrias às quais damos o nome de felicidade, são negadas aqueles que ocupam posições de grande poder.

07. A escolha tem que ser feita e é uma escolha dura, daí o vago senso de melancolia que acompanha o líder.
Um dia alguém disse a Napoleão, enquanto ambos olhavam um antigo e nobre monumento: “Como ele é triste”. Napoleão lhe respondeu: “Tão triste quanto a grandeza”.

Nenhum comentário: