Os paranaenses, felizmente, ainda não decidiram pela continuidade do "Mussoline do Canguirí", que vem espalhando a cizânia de forma equânime por todo Paraná. Por isso, não vou ocupar-me da nossa refrega estadual, concentrando meu foco no pleito nacional.
Pregado na cruz, Jesus disse: “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem!”. Mas o mesmo Jesus saiu no braço contra os vendilhões do templo. Recordo essas duas passagens para ressaltar a nossa responsabilidade diante do quadro de descalabro moral e ético que assola o país, com mensaleiros, sanguessugas, chantagistas, sucedendo-se um após o outro em ritmo alucinante, tornando real a blague “de hora em hora, tudo piora”.
Pode-se perdoar os alienados, que não têm acesso às informações necessárias à formação do seu tirocínio. Pode-se perdoar o miserável, que enxerga na esmola estatal o máximo que lhe cabe neste latifúndio. Pode-se perdoar até mesmo o ingênuo, que não consegue decifrar as
armadilhas do populismo ou se desvencilhar das artimanhas do gramscismo, vírus que se instalou de forma lenta, gradual e segura nos nossos corações e mentes. Mas não se pode perdoar a leniência, a displicência, a passividade diante de tudo o que estamos assistindo.

Para quem não sabe do que se trata, é de fundamental importância informar-se sobre esse tal gramscismo, pois grande parte do que ocorre hoje em nosso país é fruto da eclosão desse “ovo da serpente”. Tentarei fazer uma síntese, com a ajuda do historiador Carlos Azambuja.

Para Lênin, a revolução comunista deveria começar pela tomada do Estado e, então, transformar a sociedade. Gramsci inverteu esses termos: a revolução deveria começar pela transformação da sociedade, tomando da classe dominante a direção da “sociedade civil” (rede de instituições educativas, religiosas e culturais que disseminam modos de pensar) e, só então, atacar o poder do Estado. Sem a prévia “revolução do espírito”, qualquer vitória comunista seria efêmera.
Segundo Gramsci, o objetivo era conquistar, um após outro, todos os instrumentos de difusão ideológica (escolas, universidades, editoras, meios de comunicação social,
sindicatos), já que os principais confrontos ocorrem na esfera cultural e não nas fábricas, nas ruas ou nos quartéis.

Para Gramsci, a batalha deveria ser travada no plano das idéias religiosas, filosóficas, científicas, artísticas etc. Por essa razão, a caminhada para o socialismo não passaria pelos proletários de Marx e Lênin ou pelos camponeses de Mao, mas, sim, pelos intelectuais, pela classe média, pelos estudantes, pela cultura, pela educação e pelo efeito multiplicador dos meios de comunicação social, buscando mudar a mentalidade, desvinculando-a do sistema de valores tradicionais, para implantar os valores ateus e materialistas.
É de suma importância para o triunfo da revolução mundial uma reforma intelectual e moral para lograr uma mudança de mentalidade nas sociedades ocidentais que foram constituídas por convicções, critérios, normas, crenças, pautas baseados na concepção cristã da vida.

Ao proclamar o diálogo e aceitar o debate, o gramscismo seduz e atrai a contribuição de todos aqueles que, por simpatizar com a ideologia marxista - por esnobismo, conveniência ou negligência -, se somam, voluntária ou involuntariamente, à sua estratégia.
Graças à inoculação desse vírus gramsciano na sociedade brasileira, hoje é comum a louvação do invasor de terras e a demonização de quem ousa defendê-las com armas na mão. È corriqueira a defesa dos direitos de marginais e a condenação das ações policiais. É trivial a confusão entre interesses de Estado e interesses partidários, tudo perdoado porque os fins justificariam os meios.
No próximo domingo, os brasileiros darão um passo crucial para a definição do país que queremos para os próximos 50 anos. Isso porque a reeleição de Lula significará, sem qualquer sombra de dúvida, um salto rumo ao abismo, a um chavismo que gerará um grave quadro de instabilidade das instituições.
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