A mentira é um instrumento diabólico assim denominado em trecho bíblico. O impulso de macular a verdade é condenável em qualquer contexto histórico, sem direito a apelação ou qualquer tolerância. Mentir no exercício do mandato, investido de cargo público, ou durante o processo eleitoral ganha conotação ainda mais grave e caracteriza desvio de conduta.
Acabamos de verificar, em episódio ocorrido no leste europeu, os efeitos colaterais produzidos pela mentira na órbita oficial. Na Hungria, um governante enfrenta a ira popular após ter sido desmascarado pelo uso de mentiras utilizadas para garantir a sua eleição. Numa gravação que vazou recentemente à imprensa local, o primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany foi flagrado admitindo que manipulou dados sobre a real situação da economia nacional para vencer as eleições realizadas em abril passado.
Nas conversas gravadas e que vieram a público como o estopim da revolta que tomou conta das ruas de Budapeste, o premiê Gyurcsany, em encontro com deputados de sua base de apoio no Parlamento, declara com todas as letras que mentiu em três turnos, "manhã, tarde e noite", para camuflar o verdadeiro cenário econômico da Hungria e obter apoio para se sagrar vencedor nas urnas.
Há um trecho do diálogo mantido pelo dirigente húngaro com os parlamentares no qual ele reconhece sem rodeios que sua gestão anterior foi nula e desafia os presentes à reunião: "Você não pode citar uma única medida importante do governo da qual possamos nos orgulhar".
Na seqüência das "inconfidências" que vieram à tona pela fita divulgada, cuja autenticidade foi confirmada pelo próprio governante, restando apenas descobrir o responsável pela gravação e difusão, um diagnóstico sombrio foi feito: o colapso é inevitável caso não sejam feitas as reformas estruturais adiadas ou promovidas de forma pirotécnica apenas.
Um país que, no passado, se posicionou na vanguarda do questionamento e da sublevação ao jugo soviético, demolindo o Pacto de Varsóvia e evoluindo para uma trajetória democrática, se encontra, no momento, diante de um impasse sem precedentes.
A sua adesão plena à União Européia em 2004 e o fato de ter sido precursora na difícil e tortuosa conversão ao capitalismo são credenciais que asseguraram à Hungria um lugar de destaque entre as nações que estiveram na órbita da antiga União Soviética. A crise atual, no entanto, revela a perda da condição de "modelo" do leste e põe à mostra uma mistura bastante explosiva: de um lado dados estatísticos ostensivamente maquiados somados à irresponsabilidade fiscal e, de outro, a utilização sistemática da mentira, o simulacro de um governo.
O caso húngaro não deveria passar desapercebido. É preciso mostrar que a tentativa de escamotear a verdade e induzir o eleitor à falsa expectativa é nefasta, seja onde estiver sendo perpetrada, seja no velho continente europeu ou abaixo da linha do Equador. As mentiras, o embuste e o engodo são nefastos e deploráveis sejam eles húngaros, bolivianos ou brasileiros.
A trajetória dos fatos que acontecem naquele país nos mostra que mentir com desfaçatez é um fenômeno que se reproduz em todo o mundo. As conseqüências tanto lá como aqui ou acolá são imprevisíveis e podem desestabilizar qualquer povo.
A Comissão Européia está atenta aos desdobramentos dos acontecimentos e deve muito provavelmente intensificar pressões para que as "reformas prometidas" sejam de uma vez por todas efetivadas.
Os problemas da Hungria e a crise vivenciada pelo seu povo são emblemáticos da ausência de ética e de responsabilidade na condução dos negócios de Estado. Infelizmente, nesse caso, não poderíamos dizer que qualquer semelhança é mera coincidência.
Acabamos de verificar, em episódio ocorrido no leste europeu, os efeitos colaterais produzidos pela mentira na órbita oficial. Na Hungria, um governante enfrenta a ira popular após ter sido desmascarado pelo uso de mentiras utilizadas para garantir a sua eleição. Numa gravação que vazou recentemente à imprensa local, o primeiro-ministro Ferenc Gyurcsany foi flagrado admitindo que manipulou dados sobre a real situação da economia nacional para vencer as eleições realizadas em abril passado.
Nas conversas gravadas e que vieram a público como o estopim da revolta que tomou conta das ruas de Budapeste, o premiê Gyurcsany, em encontro com deputados de sua base de apoio no Parlamento, declara com todas as letras que mentiu em três turnos, "manhã, tarde e noite", para camuflar o verdadeiro cenário econômico da Hungria e obter apoio para se sagrar vencedor nas urnas.
Há um trecho do diálogo mantido pelo dirigente húngaro com os parlamentares no qual ele reconhece sem rodeios que sua gestão anterior foi nula e desafia os presentes à reunião: "Você não pode citar uma única medida importante do governo da qual possamos nos orgulhar".
Na seqüência das "inconfidências" que vieram à tona pela fita divulgada, cuja autenticidade foi confirmada pelo próprio governante, restando apenas descobrir o responsável pela gravação e difusão, um diagnóstico sombrio foi feito: o colapso é inevitável caso não sejam feitas as reformas estruturais adiadas ou promovidas de forma pirotécnica apenas.
Um país que, no passado, se posicionou na vanguarda do questionamento e da sublevação ao jugo soviético, demolindo o Pacto de Varsóvia e evoluindo para uma trajetória democrática, se encontra, no momento, diante de um impasse sem precedentes.
A sua adesão plena à União Européia em 2004 e o fato de ter sido precursora na difícil e tortuosa conversão ao capitalismo são credenciais que asseguraram à Hungria um lugar de destaque entre as nações que estiveram na órbita da antiga União Soviética. A crise atual, no entanto, revela a perda da condição de "modelo" do leste e põe à mostra uma mistura bastante explosiva: de um lado dados estatísticos ostensivamente maquiados somados à irresponsabilidade fiscal e, de outro, a utilização sistemática da mentira, o simulacro de um governo.
O caso húngaro não deveria passar desapercebido. É preciso mostrar que a tentativa de escamotear a verdade e induzir o eleitor à falsa expectativa é nefasta, seja onde estiver sendo perpetrada, seja no velho continente europeu ou abaixo da linha do Equador. As mentiras, o embuste e o engodo são nefastos e deploráveis sejam eles húngaros, bolivianos ou brasileiros.
A trajetória dos fatos que acontecem naquele país nos mostra que mentir com desfaçatez é um fenômeno que se reproduz em todo o mundo. As conseqüências tanto lá como aqui ou acolá são imprevisíveis e podem desestabilizar qualquer povo.
A Comissão Européia está atenta aos desdobramentos dos acontecimentos e deve muito provavelmente intensificar pressões para que as "reformas prometidas" sejam de uma vez por todas efetivadas.
Os problemas da Hungria e a crise vivenciada pelo seu povo são emblemáticos da ausência de ética e de responsabilidade na condução dos negócios de Estado. Infelizmente, nesse caso, não poderíamos dizer que qualquer semelhança é mera coincidência.
Senador Alvaro Dias - líder da oposição e vice-presidente nacional do PSDB
Nenhum comentário:
Postar um comentário